Varíola dos macacos: o que se sabe até agora?

Varíola dos macacos: o que se sabe até agora?

Desde 13 de maio, uma doença chamada “varíola dos macacos” […]

By Published On: 27/05/2022

Desde 13 de maio, uma doença chamada “varíola dos macacos” tem chamado a atenção das autoridades de saúde ao redor do mundo. O que começou com uma pessoa do Reino Unido – e que havia viajado para a Nigéria no início do mês –, se espalhou para outros locais e já conta 132 indivíduos suspeitos de estar com a doença.

A varíola dos macacos ou ‘monkeypox‘, em inglês, é ocasionada por um vírus de mesmo nome, e que faz parte da gênero de vírus Orthopoxvirus. Esse grupo faz parte da família Poxviridae, que inclui os vírus da varíola, vaccinia e varíola bovina. 

Casos já foram relatados em países como o Reino Unido, Espanha, Portugal, França, Canadá, Austrália, Suécia, Itália, Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Israel, Bélgica, Holanda, Alemanha, Eslovênia.

Até esse momento, não existem casos dessa varíola no Brasil. Mesmo assim, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) optou por formar uma Câmara Técnica Temporária para monitorar os desdobramentos do cenário atual. Na Alemanha, um brasileiro é suspeito de estar contaminado com o vírus.

Há risco de uma nova pandemia?

Embora estejam surgindo diversos casos ao redor do mundo, os especialistas não esperam que a situação transforme-se em uma nova pandemia. Isso porque a varíola dos macacos não é facilmente transmitida entre seres humanos.

No entanto, há preocupação com o surto de monkeypox tornar-se uma endemia na Europa. Diferente da pandemia, que atinge grandes regiões ao redor do planeta, a endemia terá como alvo uma região específica.

Para evitar esse cenário, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), reforça a necessidade de controlar a disseminação do vírus, não somente para os humanos, mas para as espécies de animais suscetíveis. Caso a transmissão entre humanos continue e mais animais sejam afetados, pode acontecer do vírus se firmar na região. No entanto, a agência de saúde afirma que o risco para essa possibilidade é muito baixo.

Em nota lançada na segunda-feira, o ECDC afirmou que “atualmente, pouco se sabe sobre a adequação das espécies de animais peridomésticos europeus (mamíferos) para servir de hospedeiro para o vírus da varíola dos macacos”. A avaliação de risco sugere que roedores e esquilos sejam, provavelmente, os hospedeiros mais adequados para o vírus. “Esse evento de transbordamento poderia levar o vírus a se estabelecer na vida selvagem europeia e a doença se tornar uma zoonose endêmica”, concluiu a agência de saúde.

Origem e a presença do vírus em humanos

Apesar do nome, a “varíola dos macacos” que circula agora não é realmente uma doença que ‘saltou’ de macacos para humanos. Na verdade, o termo está associado aos primeiros casos registrados.

Em 1958, dois surtos afetaram macacos utilizados para pesquisas científicas na Dinamarca. No entanto, os macacos não são os principais portadores da doença. Atualmente, os cientistas suspeitam que roedores do continente africano sejam os principais repositórios do monkeypox.

Mesmo assim, outros animais já foram relacionados ao vírus. Em 2003, a região centro-oeste dos Estados Unidos registrou 47 casos de varíola dos macacos. Todas as pessoas afetadas ficaram doentes após entrarem contato com cães de estimação encontrados em pradarias. Os cachorros foram infectados depois de serem alojados próximos a outros animais, importados de Gana, na África.

A transmissão da varíola dos macacos

A transmissão do vírus da varíola dos macacos não é isenta dos meios aéreos (como a Covid-19, que a transmissão acontece principalmente por meio de gotículas de respiração e fala), mas este não é o principal caminho para a disseminação.

Para propagar-se, o monkeypox necessita de contato direto com a pessoa ou animal infectado, bem como superfícies contaminadas. Entre os exemplos, é possível considerar casos onde o vírus entra por ferimentos na pele, relações sexuais e toque em membranas mucosas – como olhos, nariz ou boca.

Mesmo assim, ainda há a possibilidade de contágio por meio de inalação de gotículas. Nesse caso, a disseminação entre humanos pode ser facilitada, o que deixa as autoridades de saúde preocupadas com a possibilidade de estar acontecendo uma transmissão comunitária. Essa forma de disseminação é possível, se o vírus estiver recorrendo a novos mecanismos de sobrevivência.

Contudo, essa teoria segue sem confirmação. A varíola dos macacos é uma doença mais difícil de rastrear e as autoridades ainda estão investigando como e onde essas infecções estão ocorrendo.

Sintomas e mortalidade

Os sintomas da infecção por monkeypox se assemelham aos da gripe e a varíola comum, mas ainda assim é considerada uma doença menos grave. Pode haver febre (superior a 38,3⁰C), dores musculares, dor de cabeça, dor nas costas, fadiga e arrepios. Mas, nessa doença, também costuma ocorrer o inchaço dos linfonodos e surgir erupções na pele, tanto no rosto quanto corpo.

A doença costuma durar cerca de 2 a 4 semanas. As erupções cutâneas costumam aparecer entre o primeiro e terceiro dia. Em poucos casos, as marcas podem demorar para surgir ou então, aparecer no rosto e só depois se espalhar para o corpo.

Estima-se que a cepa da varíola dos macacos encontrada na Bacia do Congo implique em 10% de taxa de mortalidade. Já a versão do vírus da África Ocidental (presente no surto que atinge o Reino Unido), apresenta 1% de mortalidade.

Após a exposição ao vírus, pode levar de 5 a 21 dias para a infecção de se manifestar. No entanto, o mais comum é que leve de 7 a 14 dias, segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos EUA.

Tratamento e outras medidas

No que se refere aos tratamentos, o CDC dos Estados Unidos afirma que não há tratamento específico para a varíola dos macacos, visto que nenhum foi comprovado ainda. A possibilidade para o momento é recorrer a tradicional vacina contra varíola, antivirais e imunoglobulina vaccinia.

Por precaução, a Alemanha encomendou 40 mil doses de vacina contra varíola. A decisão foi anunciada na última terça-feira e está associada aos múltiplos casos de varíola no país.

Redação

Equipe de jornalistas da redação do Futuro da Saúde.

About the Author: Redação

Equipe de jornalistas da redação do Futuro da Saúde.

Leave A Comment

Recebar nossa Newsletter

NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

Artigos Relacionados

Redação

Equipe de jornalistas da redação do Futuro da Saúde.