Tudo Sobre

Os assuntos essenciais para entender o setor da saúde em profundidade

Dados não faltam para caracterizar o atual protagonismo feminino na saúde. Durante a adolescência, o número de meninas atendidas por ginecologistas é 18 vezes maior do que o de meninos por urologistas, de acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde. O departamento de trabalho do governo americano, por sua vez, aponta que 80% das decisões de consumo na indústria de saúde são tomadas por elas. O mesmo órgão indica que quatro em cada cinco decisões de saúde dos filhos vêm das mulheres.

“Apesar disso, a saúde feminina foi considerada como um mero nicho de mercado e um subconjunto do cuidado com a saúde”, destacam os autores de um relatório de 2022 da McKinsey & Company, uma empresa de consultoria dos Estados Unidos. Há motivos para isso – o mais claro é o machismo estrutural. Mesmo a dita medicina moderna do Século XX encarava o corpo masculino como o padrão. Nesse sentido, o termo “saúde da mulher” se resumia a questões exclusivas do sexo feminino, como os cuidados com o aparelho reprodutor ou os ligados à maternidade. Em praticamente todas as outras áreas, a mulher era tratada de forma muito similar a um homem. 

Só que isso traz consequências perigosas. Na cardiologia, os sintomas clássicos do infarto, estabelecidos a partir de estudos focados eminentemente em homens, foram definidos como dor no peito e no braço esquerdo. Entretanto, embora também manifestem comumente esses sinais após um ataque cardíaco, as mulheres apresentam, em frequência maior do que a ala masculina, enjoo e falta de ar, entre outros desconfortos. O problema: como esses sintomas (batizados inclusive de “atípicos”) não eram tão divulgados no passado, as mulheres corriam um risco 50% maior de receberem um diagnóstico errado após um infarto, e também uma probabilidade maior de morrer. Segundo um relatório da Associação Americana do Coração de 2021, a sobrevida média após um ataque cardíaco é de 5,5 anos entre as mulheres, enquanto sobe para 8,2 anos nos homens.   

E esse é só um exemplo. Mulheres sofrem ao necessitar de dispositivos médicos que são pensados para homens, como próteses de quadril; apresentam maior risco de sofrer efeitos adversos de medicamentos por serem minoria em pesquisas clínicas; recebem menos tratamento para dores por terem seus sintomas qualificados como uma repercussão emocional ou psicossomática… “Durante a minha residência, quando chegava um homem com dor no peito, logo ele era atendido com suspeita de infarto. Se fosse uma mulher, achavam que era agonia ou estresse”, diz Daniella Bahia, diretora médica do Grupo Fleury. “Mas temos avançado bastante, inclusive com campanhas de conscientização voltadas para esse público”, completa. 

Carreiras de saúde antes mais ligadas aos homens hoje recebem muito mais mulheres – o levantamento Demografia Médica no Brasil 2023, da Associação Médica Brasileira (AMB), estima que, em 2024, elas serão maioria pela primeira vez entre essa categoria profissional. Essa maior presença, aliada ao avanço do feminismo, trouxe o debate à tona e demandou um olhar sistêmico e estruturante sobre a saúde das mulheres.

Aquele mesmo relatório da McKinsey & Company destaca que essa perspectiva é inclusive positiva para os negócios e para os ecossistemas de saúde como um todo. “A mulher adere mais ao autocuidado e promove a saúde na família. Investir nesse público e ouvir suas demandas é uma forma de cuidar da população e aprimorar os serviços”, afirma Patricia Maeda, diretora executiva do Grupo Fleury.

Medicina de precisão avança, mas acesso ainda é barreira

Garantir o tratamento certo para o paciente certo na dose certa e no momento certo. Em linhas gerais, esse é o conceito que define a medicina de precisão. A partir de novas tecnologias e, principalmente, dos avanços da genômica, o profissional de saúde...

Ortopedia: envelhecimento da população amplia desafio do cuidado coordenado

Em 1940, uma pessoa que chegava aos 60 anos no Brasil viveria, em média, mais 13 anos. Já em 2019, a expectativa de vida restante para os sessentões alcançou quase 23 anos. Esses dados do IBGE implicam que o fenômeno...

Phygital: do digital para o real, e do real para o digital

Na Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos (SP), só 30% dos moradores têm telefone celular – e nem todos são smartphones. Para cerca de dois terços dessa população, portanto, o acesso a diversos elementos...

Consulta pública: o papel e o real impacto dessa ferramenta na saúde

Uma das definições mais aceitas atualmente para a consulta pública (CP) e a forma que ela se dá no Brasil está descrita na Política Nacional de Participação Social, instituída em 2014 e revogada em 2019.

ESG: uma sigla que pode mudar o setor de saúde de dentro para fora

Ações ambientais, sociais e de governança, quando efetivamente ligadas à estrutura das empresas, são capazes de promover acesso e serviços de qualidade – sem abalar resultados financeiros

O potencial e os desafios na formação de ecossistemas de saúde

Conexão de vários elos do setor de saúde é uma das principais tendências para os próximos anos. Conheça tudo sobre os ecossistemas de saúde.

Com o fim da emergência em saúde, telessaúde aguardava regulamentação definitiva.

Tudo Sobre

Seção do Futuro da Saúde dedicada a explorar as temáticas mais diversas do universo da saúde em profundidade, trazendo o contexto histórico, a análise do presente e as projeções para o Futuro.

SOBRE O FUTURO DA SAÚDE

Um espaço para se informar e refletir sobre inovação, saúde mental e prevenção de doenças. Futuro da Saúde produz conteúdo digital em diversas plataformas sobre os rumos da saúde no Brasil e no mundo, de forma compreensível e com credibilidade.

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Dados não faltam para caracterizar o atual protagonismo feminino na saúde. Durante a adolescência, o número de meninas atendidas por ginecologistas é 18 vezes maior do que o de meninos por urologistas, de acordo com o Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde. O departamento de trabalho do governo americano, por sua vez, aponta que 80% das decisões de consumo na indústria de saúde são tomadas por elas. O mesmo órgão indica que quatro em cada cinco decisões de saúde dos filhos vêm das mulheres.

“Apesar disso, a saúde feminina foi considerada como um mero nicho de mercado e um subconjunto do cuidado com a saúde”, destacam os autores de um relatório de 2022 da McKinsey & Company, uma empresa de consultoria dos Estados Unidos. Há motivos para isso – o mais claro é o machismo estrutural. Mesmo a dita medicina moderna do Século XX encarava o corpo masculino como o padrão. Nesse sentido, o termo “saúde da mulher” se resumia a questões exclusivas do sexo feminino, como os cuidados com o aparelho reprodutor ou os ligados à maternidade. Em praticamente todas as outras áreas, a mulher era tratada de forma muito similar a um homem. 

Só que isso traz consequências perigosas. Na cardiologia, os sintomas clássicos do infarto, estabelecidos a partir de estudos focados eminentemente em homens, foram definidos como dor no peito e no braço esquerdo. Entretanto, embora também manifestem comumente esses sinais após um ataque cardíaco, as mulheres apresentam, em frequência maior do que a ala masculina, enjoo e falta de ar, entre outros desconfortos. O problema: como esses sintomas (batizados inclusive de “atípicos”) não eram tão divulgados no passado, as mulheres corriam um risco 50% maior de receberem um diagnóstico errado após um infarto, e também uma probabilidade maior de morrer. Segundo um relatório da Associação Americana do Coração de 2021, a sobrevida média após um ataque cardíaco é de 5,5 anos entre as mulheres, enquanto sobe para 8,2 anos nos homens.   

E esse é só um exemplo. Mulheres sofrem ao necessitar de dispositivos médicos que são pensados para homens, como próteses de quadril; apresentam maior risco de sofrer efeitos adversos de medicamentos por serem minoria em pesquisas clínicas; recebem menos tratamento para dores por terem seus sintomas qualificados como uma repercussão emocional ou psicossomática… “Durante a minha residência, quando chegava um homem com dor no peito, logo ele era atendido com suspeita de infarto. Se fosse uma mulher, achavam que era agonia ou estresse”, diz Daniella Bahia, diretora médica do Grupo Fleury. “Mas temos avançado bastante, inclusive com campanhas de conscientização voltadas para esse público”, completa. 

Carreiras de saúde antes mais ligadas aos homens hoje recebem muito mais mulheres – o levantamento Demografia Médica no Brasil 2023, da Associação Médica Brasileira (AMB), estima que, em 2024, elas serão maioria pela primeira vez entre essa categoria profissional. Essa maior presença, aliada ao avanço do feminismo, trouxe o debate à tona e demandou um olhar sistêmico e estruturante sobre a saúde das mulheres.

Aquele mesmo relatório da McKinsey & Company destaca que essa perspectiva é inclusive positiva para os negócios e para os ecossistemas de saúde como um todo. “A mulher adere mais ao autocuidado e promove a saúde na família. Investir nesse público e ouvir suas demandas é uma forma de cuidar da população e aprimorar os serviços”, afirma Patricia Maeda, diretora executiva do Grupo Fleury.

Medicina de precisão avança, mas acesso ainda é barreira

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Em 1940, uma pessoa que chegava aos 60 anos no Brasil viveria, em média, mais 13 anos. Já em 2019, a expectativa de vida restante para os sessentões alcançou quase 23 anos. Esses dados do IBGE implicam que o fenômeno...

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