Transformação digital: é sobre cultura, meus caros!

Transformação digital: é sobre cultura, meus caros!

O grande aprendizado que tive nos últimos anos foi que

By Published On: 28/09/2022

O grande aprendizado que tive nos últimos anos foi que transformação digital é uma jornada que promove mudança de cultura, do modo de trabalho e da forma de liderar. Ou seja, ela vai muito além da adoção de tecnologias na indústria 4.0, voltada a melhorar processos e criar ofertas digitais.

Esta jornada permite que uma empresa tradicional opere como uma nativo-digital e obtenha ganhos substanciais de produtividade, velocidade e capacidade de inovar e gerar valor aos seus clientes.

Neste espaço, gostaria de compartilhar minhas reflexões sobre o tema, baseado em projetos com consultorias estratégicas como McKinsey; especializações em instituições como Massachusetts Institute of Technology (MIT) e Institute for Management Development (IMD); leituras e, principalmente, experimentando no dia a dia profissional a evolução de uma empresa tradicional de Medical Devices para uma verdadeira MedTech.

A mudança de cultura é central a toda esta transformação. Curiosamente, muitas empresas tradicionais vão na direção contrária e criam uma unidade de negócios separada da organização para que possam desenvolver esta estratégia digital sem sofrer a pressão do dia a dia do negócio.  

Baseado em extensos estudos, a Profa. Jeanne W. Ross, pesquisadora principal da Escola de Negócios do MIT, concluiu que esta é a forma natural dos executivos tradicionais pensarem. É um caminho que, normalmente, acaba com a nova estrutura organizacional frustrada, uma vez que  não absorve conhecimento profundo do negócio – fator necessário para gerar impacto aos clientes -, fazendo com que a estrutura organizacional tradicional não adote as novas capacidades digitais. Desta forma, o valor gerado por estes investimentos fica bastante limitado.

O artigo Democratizing Transformation, publicado em junho de 2022, na Harvard Business Review, chega à mesma conclusão, baseado nas experiências de Satya Nadella, CEO da Microsoft, e Marco Iansiti, líder da área de Iniciativas Digitais na Harvard Business School.

Qual caminho seguir na transformação digital, então?

O conhecimento construído por pesquisas de escolas de negócios do MIT e Harvard e consultorias como McKinsey, somado à experiência que vivencio na Johnson & Johnson Medtech, demonstram que esta transformação deve acontecer por meio da mudança cultural das empresas, permitindo que todos os empregados desenvolvam destreza digital e familiaridade com o uso de dados no processo de decisão. E ainda, que a forma de trabalho ágil seja adotada para as iniciativas que demandem colaboração entre diversas áreas, e que estejam sujeitas a mudanças com frequência. Que uma estrutura operacional e plataformas estejam disponíveis a todos, para conseguir alavancar esta transformação.

Uma mudança desta magnitude não ocorre de um dia para o outro. As empresas que tentaram fazer esta transformação rapidamente geraram caos, e não inovação. A maturidade digital nas companhias avança por diversos estágios e deve ser orquestrada durante anos pela liderança sênior, até que ela então se torne uma verdadeira nativo-digital.

Esta liderança deverá, ainda, assegurar a entrega dos resultados de negócio do ano e construir estas capacidades digitais, olhando para o futuro.

O primeiro estágio da transformação digital de uma empresa geralmente começa por equipes multidisciplinares, conhecidas por squads, focadas em identificar casos de uso que gerem valor. Na sequência, a organização evolui para ter Hubs que operem suas áreas de forma integrada, adotando a metodologia ágil, e que alavanquem tecnologia para ter boas entregas, tanto para os clientes como para os negócios. Finalmente, ela passar a operar dentro do novo formato e de forma consistente, com a tecnologia sendo então utilizada em todas as áreas, proporcionando aumentos dramáticos de produtividade e capacidade de inovar.

Na Johnson & Johnson, começamos a jornada para a transformação digital em 2019 e, hoje, cerca de 25% de nossa organização comercial opera com métodos ágeis, liderança servidora, o que naturalmente transformou a atuação dos gestores. Em pouco tempo, observamos resultados em diversas áreas de nosso negócio e evoluímos para que tenhamos, já nos próximos anos, toda organização digital imersa em MedTech.    

E agora?

Nosso sistema de saúde precisa mudar para ser sustentável a longo prazo. Além da evolução dos incentivos para que haja a troca de remuneração de volume por resultados, as organizações devem acelerar sua jornada de transformação digital, deixando de ser tradicionais para se tornarem digitais. Os ganhos de produtividade e geração de valor beneficiarão a todos, e, em especial, àquele que deve estar no centro de tudo, o paciente.

E sua experiência? Em qual estágio de transformação digital sua empresa está?

Fabricio Campolina

Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.

About the Author: Fabricio Campolina

Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.

Leave A Comment

Recebar nossa Newsletter

NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

Artigos Relacionados

Fabricio Campolina

Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.