Telemedicina: avanços pós-pandemia e perspectivas para o futuro

Telemedicina: avanços pós-pandemia e perspectivas para o futuro

A telemedicina une dois mundos: a vasta capacidade da tecnologia

By Published On: 10/04/2024

A telemedicina une dois mundos: a vasta capacidade da tecnologia digital e a indispensabilidade do cuidado médico. Por meio de telas e conexões, pacientes encontram médicos, sem a necessidade de deslocamentos ou longas esperas. Essa junção de medicina e meio digital democratiza o acesso e facilita a vida de quem busca e de quem fornece cuidados.

Entretanto, a telemedicina vai além das consultas virtuais, englobando desde monitoramento remoto até cabines de atendimento espalhadas pelas cidades.

O que é telemedicina

A telemedicina é a prestação de serviços de saúde de forma remota, utilizando para isso tecnologias de informação e comunicação. Isso inclui desde diagnósticos até o acompanhamento de pacientes com doenças crônicas. 

O termo telemedicina engloba uma variedade de aplicações: consultas virtuais entre médico e paciente, supervisão de procedimentos cirúrgicos à distância, educação médica continuada e consultas entre profissionais de saúde para discussão de casos clínicos, que pode ocorrer até mesmo por telefone. Através dessa modalidade, um médico pode avaliar, diagnosticar e até mesmo prescrever tratamentos para pacientes que se encontram em locais diferentes do seu consultório ou hospital. 

Benefícios e vantagens da telemedicina

A telemedicina apresenta inúmeros benefícios e vantagens tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes. Em primeiro lugar, ela possibilita o acesso a cuidados médicos para pessoas que vivem em áreas rurais ou remotas, em que a disponibilidade de médicos especializados é limitada. Também oferece comodidade, uma vez que os pacientes podem evitar deslocamentos longos ou desnecessários e receber atendimento no conforto de casas. 

Para os profissionais de saúde, a telemedicina permite otimizar a agenda, atendendo mais pacientes em menos tempo. A colaboração entre médicos de diferentes especialidades também se torna mais acessível, permitindo uma abordagem interdisciplinar dos casos. 

Além disso, há uma economia significativa em termos de custos associados a viagens e infraestrutura física. E, por fim, a telemedicina contribui para a redução das taxas de não comparecimento às consultas.

Tecnologias utilizadas na telemedicina

A telemedicina, como campo de rápido crescimento, é sustentada por diversas tecnologias. Um componente crucial são as plataformas de videoconferência seguras, que possibilitam consultas ao vivo entre médicos e pacientes. Muitas vezes, elas incluem recursos como chat, compartilhamento de tela e anotações em tempo real.

Dispositivos de monitoramento remoto também desempenham um papel vital na telemedicina. Aparelhos como monitores cardíacos, medidores de glicose e dispositivos de monitoramento de pressão arterial coletam dados dos pacientes e os transmitem aos profissionais de saúde. Assim, permitem o acompanhamento contínuo dos pacientes, especialmente aqueles que têm condições crônicas.

Além disso, sistemas avançados de prontuário eletrônico e sistemas de informação em saúde integram informações de diferentes fontes, garantindo que os médicos tenham uma visão completa da saúde do paciente. Essa integração e interoperabilidade se torna ainda mais robusta com o uso de soluções baseadas em nuvem. Elas garantem o armazenamento seguro e o fácil acesso aos dados.

A inteligência artificial (IA) e a análise de dados também estão encontrando seu caminho na telemedicina. Podem auxiliar no diagnóstico ao analisar imagens médicas, sugerir tratamentos ou alertar sobre possíveis complicações.

Por fim, a realidade virtual e a realidade aumentada estão começando a ser mais exploradas. Já são usadas principalmente para reabilitação ou simulação de procedimentos cirúrgicos. O uso dessas tecnologias pode imergir tanto o médico quanto o paciente em um ambiente controlado, no caso da realidade virtual, ou combinar elementos do mundo real com informações digitais, no caso da aumentada, ampliando as possibilidades terapêuticas.

Conforme a telemedicina continua a evoluir, é certo que novas tecnologias continuarão a surgir. Dessa forma, elas devem continuar expandindo as fronteiras do atendimento médico a distância.

Legislação da telemedicina no Brasil

A regulamentação da telemedicina no Brasil passou por idas e vindas na última década. Foi regulamentada provisoriamente no início de 2020, por meio da Lei nº 13.989/2020 , após a declaração do Ministério da Saúde de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) causada pela pandemia de Covid-19.

A legislação do setor, entretanto, só encontrou seu caráter definitivo em 2022. Primeiro, em maio, após muitos entraves e debates, o Conselho Federal de Medicina publicou o documento que regulamenta o exercício da telemedicina de forma permanente. Por fim, em dezembro daquele ano ano, a Lei nº 14.510/2022 foi sancionada, trazendo mais segurança jurídica para a atividade.

Consultas virtuais na telemedicina

Desde a pandemia de Covid-19, quando começou a se popularizar, as consultas virtuais têm se consolidado como o coração da telemedicina. Representando uma ponte entre médicos e pacientes, esses atendimentos rompem barreiras geográficas e facilitam o acesso a um médico ou especialista.

O processo se inicia com a marcação de um horário conveniente para ambas as partes. No momento agendado, médico e paciente se encontram por meio de uma plataforma de videoconferência, garantindo interação em tempo real. Isso permite que os pacientes relatem seus sintomas, façam perguntas e recebam orientações, assim como em uma consulta presencial.

Essas plataformas são projetadas com segurança em mente. Criptografia e medidas de proteção devem garantir a privacidade e a confidencialidade das informações de saúde do paciente.

Além de conversas face a face, as consultas virtuais muitas vezes permitem o compartilhamento de exames, imagens médicas e outros dados relevantes. E ao final da consulta, prescrições, encaminhamentos e recomendações podem ser enviados eletronicamente ao paciente.

Na medida em que mais pessoas se familiarizam com essa modalidade, as consultas virtuais tendem a se tornar cada vez mais comuns na paisagem da saúde global.

Monitoramento remoto

A fundação do monitoramento remoto na telemedicina repousa sobre uma gama de dispositivos e sensores avançados. Eles variam de acordo com a necessidade clínica e incluem:

  • Monitores cardíacos: dispositivos vestíveis que registram a frequência cardíaca e o ritmo. São especialmente importantes para pacientes com arritmias ou outras condições cardíacas.
  • Medidores de glicose: usados por diabéticos, registram os níveis de glicose no sangue em tempo real. Também podem transmitir os dados para profissionais de saúde.
  • Pulseiras de monitoramento: são dispositivos multifuncionais que podem rastrear diversas métricas, como temperatura corporal, níveis de oxigênio no sangue, padrões de sono, entre outros.
  • Monitores de pressão arterial: equipamentos que permitem a medição regular da pressão arterial, essenciais para pacientes hipertensos.

A integração desses dispositivos com plataformas digitais garante que os dados coletados sejam acessados em tempo real ou quando necessário pelos profissionais de saúde.

Coleta e análise de dados de saúde à distância

Com o avanço das conexões sem fio e da internet das coisas (IoT), os dispositivos de monitoramento remoto podem transmitir dados continuamente para plataformas de telemedicina. Uma vez coletados, esses dados são armazenados em sistemas de prontuário eletrônico ou bases de dados específicas.

Com a análise de dados, após estabelecer uma linha de base para cada paciente, os médicos podem identificar rapidamente qualquer desvio das normas. Assim, podem tomar decisões informadas sobre intervenções ou alterações no plano de tratamento. O monitoramento contínuo permite uma resposta proativa aos problemas, muitas vezes evitando complicações maiores.

Utilização de inteligência artificial no monitoramento remoto

A inteligência artificial eleva o monitoramento remoto a um novo patamar. Os algoritmos de IA são capazes de processar grandes volumes de dados rapidamente. Identificam padrões e tendências que podem ser imperceptíveis para os humanos.

A inteligência artificial também pode alertar os médicos sobre potenciais problemas de saúde antes mesmo que os pacientes estejam cientes. Por exemplo, um algoritmo de IA pode detectar sutis mudanças na frequência cardíaca de um paciente e prever um evento cardíaco.

Além disso, esses sistemas podem ser treinados para fazer recomendações baseadas em dados. Ou seja, oferecendo insights que auxiliam os profissionais de saúde na tomada de decisões.

Cabines de atendimento remoto

A cabine de atendimento remoto ou de telemedicina é uma unidade móvel de saúde que serve para facilitar o acesso a esses atendimentos. Ela pode ser colocada em espaços públicos que sejam de fácil acesso acesso à população. 

Em alguns casos, o paciente será acompanhado por um auxiliar dentro da cabine para fazer uma triagem. São feitas medições de temperatura, pressão e batimentos cardíacos, podendo haver outras tecnologias. Essas medições são encaminhadas para um médico de forma online.

Caso a avaliação virtual identifique a necessidade de uma consulta física, o encaminhamento é feito de imediato. Se não, as instruções são fornecidas de maneira remota.

As cabines de telemedicina podem potencializar o atendimento médico em empresas ou servir a comunidades em espaços públicos. Algumas healthtechs também têm investindo nessa tecnologia, oferecendo um preço mais acessível pelas consultas. Além disso, operadoras de planos de saúde cada vez mais usam cabines móveis tanto para proporcionar o contato com um médico de forma virtual, como também para a realização de exames clínicos.

Educação médica e treinamento na telemedicina

A telemedicina ainda abriu novos horizontes para a educação e treinamento médicos. Com a capacidade de conectar profissionais e estudantes de todo o mundo, ela remodela a maneira como o conhecimento médico é compartilhado e aplicado.

Os programas de educação médica agora podem oferecer seminários, workshops e cursos a distância, permitindo que estudantes e profissionais em locais remotos tenham acesso a especialistas renomados e conteúdo de alta qualidade. Além disso, a telemedicina possibilita simulações virtuais e interativas. Dessa forma, os alunos podem praticar procedimentos em ambientes controlados e receber feedback em tempo real.

O treinamento contínuo é fundamental na área da saúde, dada a rápida evolução das práticas e tecnologias. A telemedicina também facilita esse processo. Proporciona plataformas para webinars, discussões de casos e revisões de literatura. Tudo acessível sem a necessidade de viagens com altos custos ou longas ausências do trabalho.

Além disso, a telemedicina permite a mentoria remota. Um médico em início de carreira em uma localidade rural pode ser orientado por um especialista em uma metrópole, discutindo casos, compartilhando insights e desenvolvendo habilidades.

Desafios e futuro da telemedicina

A telemedicina transformou o panorama da assistência à saúde, trazendo possibilidades que até algumas décadas atrás seriam difíceis de imaginar. No entanto, como qualquer inovação disruptiva, enfrenta desafios à medida que avança. Explorar esses obstáculos e o potencial futuro do setor é crucial para seu desenvolvimento sustentável e eficaz.

Equidade no acesso

Enquanto a telemedicina tem o potencial de superar barreiras geográficas, outro desafio emergente é garantir que todos, independentemente de sua situação socioeconômica, tenham acesso igual. Isso inclui pessoas em áreas rurais, populações de baixa renda e aqueles com limitações tecnológicas.

Infraestrutura tecnológica e conectividade

O sucesso da telemedicina depende fortemente da infraestrutura tecnológica. Regiões com conectividade limitada à internet enfrentam desafios significativos. Além disso, é crucial que os sistemas sejam seguros e confiáveis, evitando interrupções que possam comprometer a assistência ao paciente.

Integração da telemedicina com o sistema de saúde

Para que a telemedicina alcance todo o seu potencial, sua integração com os sistemas de saúde existentes é essencial. Isso significa garantir que os dados recolhidos através de consultas remotas possam ser facilmente acessados e interpretados. Para isso, é preciso haver integração e interoperabilidade entre sistemas como o prontuário eletrônico.

Papel da telemedicina na prestação de cuidados de saúde pós-pandemia

A pandemia de Covid-19 acelerou a adoção da telemedicina no Brasil. No cenário pós-pandêmico, é provável que ela continue a desempenhar um papel central na prestação de cuidados de saúde. 

Pacientes e profissionais se acostumaram com a conveniência e eficiência da medicina a distância. O desafio será alavancar as lições aprendidas durante a pandemia e integrá-las em uma abordagem mais inclusiva à saúde no futuro.

Redação

Equipe de jornalistas da redação do Futuro da Saúde.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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