Instituições de saúde trazem startups para dentro de casa para ganhar eficiência e resolver desafios

Instituições de saúde trazem startups para dentro de casa para ganhar eficiência e resolver desafios

O Brasil vive um boom de startups, impulsionado nos últimos

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By Published On: 19/10/2022

Visita à incubadora Eretz.bio durante o 7º Fórum Latino-Americano de Qualidade e Segurança na Saúde. Foto: Fabio H. Mendes/E6 Imagens

O Brasil vive um boom de startups, impulsionado nos últimos anos de pandemia, quando as soluções digitais para o setor foram necessárias e urgentes. Atualmente são cerca de 600 healthtechs no Brasil, como apontam os dados da consultoria PWC. Com propostas inovadoras, as empresas têm um olhar específico para resolver desafios de diversos segmentos da saúde, incorporando tecnologia para ganhar escala e eficiência.

As healthtechs são importantes na realidade atual do setor porque a tecnologia é um elemento fundamental na criação de serviços e produtos inovadores na saúde, de acordo com Rodrigo Bornhausen Demarch, diretor de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein. Elas ajudam a encontrar resoluções práticas e assertivas para problemas pontuais, além de trazer inovações de forma geral: “As startups trazem frescor no jeito de funcionar e de pensar soluções. Elas auxiliam as organizações a incorporar as tecnologias e serem mais eficientes e capazes de entregar melhores serviços e experiências”.

A grande tendência neste contexto está na atuação cada vez mais próxima destas startups com empresas e instituições, que oferecem um ambiente propício para o crescimento e no qual elas possam vivenciar a saúde na prática. Afinal, com a velocidade de transformação da sociedade e do mercado, tanto o aprendizado das grandes instituições quanto o desenvolvimento dessas novas empresas também precisam ser rápidos e eficientes.

“É uma via de mão dupla: ao interagir com uma startup e entender o seu funcionamento, uma instituição tem a chance de se modernizar. E, ao mesmo tempo, quando a startup tem a oportunidade de testar sua tecnologia em ambiente seguro e já dentro de seu mercado-alvo, os riscos são diminuídos e as chances de sucesso aumentam consideravelmente”, avalia Demarch.

No Einstein, essa troca acontece em larga escala. Depois de cerca de um ano de interações com startups, a instituição lançou em 2017 a sua própria incubadora, a Eretz.bio. É um espaço dedicado ao incentivo do empreendedorismo como forma de transformar a saúde brasileira. A incubadora oferece, há cinco anos, infraestrutura para o trabalho de startups selecionadas, que contam com laboratórios e espaços de desenvolvimento de pilotos nas unidades do hospital, além de acesso facilitado à expertise dos profissionais e pesquisadores do Einstein.

“Hoje, são mais de 150 projetos rodando entre o Einstein e as startups, um número que vem dobrando de tamanho ano após ano, um sinal de amadurecimento da empresa, que aprendeu a lidar com as startups, e das startups, que se apropriaram desse ecossistema e têm sido capazes de se adaptar aos processos de uma instituição de grandes proporções”, detalha o diretor de inovação.

Setor fragmentado impacta o ritmo de transformação digital

Além da quantidade de startups, as cifras de investimento nelas também demonstram que os grandes players apostam alto: mesmo com um difícil cenário econômico mundial, 2021 registrou US$ 44 bilhões em financiamento voltado à inovação em saúde, de acordo com o Distrito Healthtech Report 2022.

O relatório mostrou que, de 2020 até agora, o valor investido no setor de healthtechs representa 72,3% do valor total investido na última década e que os principais focos das healthtechs estão em otimização da gestão de clínicas, hospitais e laboratórios (28,44%), acesso à saúde (12,46%), telemedicina (11,96%), medical devices, diagnóstico, AI & big data (6,53%), fitness e bem-estar (6,23%) e engajamento do paciente (5,73%).

Embora os números sejam crescentes e o segmento esteja em alta, o setor ainda sofre para passar por transformações digitais, se comparado a outras áreas. Segundo Demarch, a saúde é um setor complexo e altamente fragmentado e, por isso, as evoluções tecnológicas tendem a acontecer de uma maneira mais lenta e em modelos não tão escaláveis, seja por questões relacionadas à regulação, aspectos culturais ou mesmo necessidades diferentes:

“É difícil encontrar uma solução digital que pode ser escalada globalmente. O que faz sentido para uma determinada região pode não fazer sentido em outra. Se vemos isso dentro do Brasil, imagine de país para país, quando falamos em sistemas de saúde diferentes”.

Startups para resolver desafios
Foto: Fabio H. Mendes/E6 Imagens

Projetos para acelerar a inovação e resolver desafios

Por isso, essa atuação mais próxima entre instituições e startups de saúde é importante para o desenvolvimento e a velocidade das soluções. O Einstein, inclusive, adotou um fluxo contínuo de avaliação de interessados. Ao invés de abrir uma temporada específica de inscrições, a Eretz.bio está aberta o ano todo.

O foco atualmente está em startups que atuam com saúde digital, biotecnologia e dispositivos médicos. Eles se inscrevem no site da incubadora e o Einstein, então, entra em contato para dar prosseguimento à seleção. Mais de 2.500 startups, brasileiras e estrangeiras, foram avaliadas — seja via inscrição ou busca ativa — e cerca de 150 foram incubadas.

“Temos startups chegando toda semana e o processo de incubação dura de 18 a 24 meses. Algumas das empresas acabam tendo acesso a capital, inclusive. Hoje, o Einstein conta com um portfólio de 30 empresas investidas. As startups desenvolveram a tecnologia, nós a incorporamos em nossa entrega de serviços e, em alguns casos, enxergamos oportunidades de co-desenvolver novos produtos e serviços, gerando ainda mais valor para a startup com o capital intelectual do Einstein”, explica Demarch.

Os destaques mais recentes, conta ele, ficam por conta de uma tecnologia para predizer riscos de queda em pacientes internados, uma plataforma de coordenação de cuidados e avanços importantes dentro da já implementada telemedicina.

Recentemente, o hospital lançou também o Programa Einstein de Inovação em Biotecnologia, para apoiar especificamente startups no desenvolvimento de remédios, vacinas e soluções diagnósticas. Chamado de Eretz.bio Biotech, o programa funciona como um braço da já bem-sucedida Eretz.bio e está sediado no novo Centro de Ensino e Pesquisa do Einstein, no complexo do Morumbi.

“Temos uma infraestrutura completa para realizar todas as fases de desenvolvimento e validação de produtos dentro de um espaço exclusivo para essas parcerias e queremos continuar com esses projetos, porque entendemos que eles fazem a diferença”, afirma.

Ana Carolina Pereira

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ao longo de sua carreira, passou por veículos como TV Globo, Editora Globo, Exame, Veja, Veja Saúde e Superinteressante. Email: ana@futurodasaude.com.br.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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