O Brasil é apontado por diversos especialistas de saúde como um país de grande potencial para a realização pesquisa clínica. Um dos motivos para isso é que a diversidade de sua população favorece os estudos e enriquece os dados, evitando vieses. Outra razão é a excelência dos profissionais que atuam no país. Por outro lado, há desafios de expandir e estruturar essa rede de pesquisa para todas as regiões para, de fato, tornar esse potencial uma realidade. Esta expansão é o objetivo do Instituto Vencer o Câncer com a Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica, iniciativa que visa justamente promover a implementação de centros de pesquisa em hospitais do SUS, filantrópicos ou centros de pesquisa com baixa atividade de pesquisa pelo Brasil, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O programa está com edital aberto até 15 de agosto para receber candidaturas de instituições interessadas.

A informação já havia sido antecipada pelo oncologista Fernando Maluf, cofundador do instituto, em recente entrevista ao Futuro Talks. Na ocasião, ele revelou que o programa já possui seis centro em funcionamento, nos estados do Amazonas, Paraíba, Maranhão, Pará, Bahia e Mato Grosso do Sul. Segundo o instituto, serão 20 Centros de Pesquisa até o fim de 2024. “Nosso planejamento é que, dentro de dois a três anos, inauguraremos 50 novas unidades de pesquisa em hospitais do SUS e filantrópicos. Ou seja, estamos ajudando a qualificar, a dar o selo, para permitir que aqueles hospitais, que já prestam assistência, se transformem em unidades de pesquisa”, detalhou.

Maluf também reforçou que, em sua visão, não é só o paciente que ganha: “Isso também gera mais empregos, aumenta a intelectualidade daquela instituição e coloca o Brasil como um país que, tendo múltiplos centros de pesquisa e múltiplos pacientes entrando, se posiciona novamente muito mais como protagonista do que era há alguns anos.”

Edital de candidatura da Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica

De acordo com o edital, o foco do programa é “no suporte técnico e na capacitação para o desenvolvimento de centros de pesquisa, proporcionando orientação estratégica para que possam realizar estudos clínicos significativos”. O apoio da instituição também será direcionada à estruturação operacional e à formação de pessoal qualificado para os hospitais do SUS e filantrópicos. Centros de pesquisa também estão contemplados dentro do edital, em uma das modalidades de atuação. Nesse caso, o centro deve ter realização de baixa ou nenhuma pesquisa clínica, onde passarão por qualificação, capacitação e expansão de suas operações, além de aumentar a qualidade e quantidade de pesquisas realizadas no centro.

A seleção dos hospitais e centros será feita a partir do preenchimento de alguns critérios. Um deles é o comprometimento com a pesquisa clínica pela gestão hospitalar, assim como o de possuir ou ter a capacidade de adquirir equipamentos e infraestrutura mínima para a realização de pesquisas. Outro critério fundamental é que o lugar possua licenças de funcionamento atualizadas, de acordo com a legislação atualizada. A organização também passará por uma verificação de seus antecedentes que seja favorável para a seleção do programa. Além disso, a escolha será preferencial para aquelas organizações localizadas nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste, localidades marcadas por desigualdade no acesso à saúde. 

Ainda durante o Talks, Maluf lembrou que é um projeto escalável e com grande potencial de impacto: “É realmente um ganha-ganha para todo mundo, e por isso que achamos que esse projeto, por mais que não seja a solução para o SUS, certamente é uma dos potenciais soluções para o nosso sistema de saúde atual.”

Unidades de Centro de Pesquisa da Rede já existentes. Arte: Instituto Vencer o Câncer.