Confiança nas vacinas diminuiu com a pandemia, aponta estudo
Confiança nas vacinas diminuiu com a pandemia, aponta estudo
Dada a ascensão de movimentos antivacina, a volta de doenças
Dada a ascensão de movimentos antivacina, a volta de doenças e os debates suscitados com a pandemia de Covid-19, a comunidade científica demonstra preocupação com a pauta da vacinação. Embora as campanhas de imunização contra a Covid-19 tenham alcançado uma porcentagem notável da população global – ao contrário de outras doenças, que apresentam baixas coberturas -, um estudo publicado no periódico Vaccine sugeriu que a confiança nas vacinas sofreu uma queda após o início da pandemia.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, que aplicaram duas pesquisas anônimas nos invernos de 2019 e 2022. As pesquisas envolviam um formulário em que os participantes deveriam responder o quanto eles concordavam com as seguintes afirmações: “as vacinas são seguras”; “acho que as vacinas deveriam ser uma prática obrigatória”; “acredito que se eu for vacinado, isso beneficiará o bem-estar dos outros”; e, por fim, “as vacinas são uma necessidade para a nossa saúde e bem-estar”.
A comparação entre as respostas de mais de mil adultos revelou que, a cada quatro participantes, um deles demonstrou uma queda na confiança em relação as vacinas desde 2020. Esse resultado foi observado independentemente da idade, sexo, religião, educação e etnia dos participantes.
Dentre as similaridades das respostas obtidas nas pesquisas de 2019 e 2022, destacou-se que os participantes com crenças religiosas demonstraram maior hesitação quando comparados aos ateus e agnósticos, e aqueles de origem negra e asiática também eram mais hesitantes do que os que pertenciam a etnias brancas. Quanto ao sexo, não houve uma relação de disparidade com a confiança vacinal.
Já as principais mudanças de uma para a outra indicam que em 2019 os participantes de meia-idade estavam mais apreensivos em se vacinar do que as pessoas mais jovens, mas esse caso não se repetiu na pesquisa de 2022, sugerindo que existe hoje uma maior desconfiança entre a população mais jovem quanto a segurança e eficácia das vacinas.
Causas para queda da confiança nas vacinas
Futuro da Saúde tem acompanhado o tema em reportagens que mostram que o Brasil vive uma queda na cobertura vacinal. Dentre as principais causas estão o crescimento dos movimentos antivacina, fake news, distanciamento da população das unidades de saúde, além da falta de campanhas públicas sólidas – a agência de dados Fiquem Sabendo indicou uma diminuição de 36% do investimento do Governo Federal nesse setor entre 2018 e 2020.
Em sua coluna mais recente para o Futuro da Saúde, a infectologista Rosana Richtmann destacou alguns caminhos para reverter esse cenário de desconfiança e evitar a volta de doenças até então erradicadas por conta das vacinas: maior vontade política e investimento em saúde pública, treinamento de profissionais envolvidos na vacinação, campanhas educativas e ações de comunicação.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.