PROADI-SUS é uma importante ferramenta para a saúde do país

PROADI-SUS é uma importante ferramenta para a saúde do país

Em apenas três anos (2018-2020), um projeto chamado “Saúde em

By Published On: 01/03/2023
PROADI-SUS

Em apenas três anos (2018-2020), um projeto chamado “Saúde em Nossas Mãos” reduziu em 55% o número de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) em pacientes internados em UTIs de 116 hospitais do SUS, salvando 2.687 vidas. Foram evitados mais de 7.600 casos de IRAS que, além dos danos aos pacientes, custariam aos cofres públicos cerca de R$ 350 milhões. Por trás dessas conquistas estão o Einstein e mais cinco hospitais filantrópicos de excelência* que participam do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) e transformaram as práticas dessas instituições públicas com ações de melhoria, capacitação e troca de experiências. Outros 204 hospitais estão participando do “Saúde em Nossas Mãos” no triênio 2021-2023.

Esse é um exemplo de projeto PROADI-SUS e dos feitos que esse tipo de parceria tem ajudado a operar na saúde pública do nosso país. Trata-se de um modelo de parceria público-privada (PPP) diferente das Organizações Sociais (OS), por exemplo, que são contratadas para prestar determinados serviços de interesse público. 

No PROADI-SUS, os projetos são demandados pelo Ministério da Saúde ou propostos pelas instituições participantes e submetidos à aprovação de uma Comissão tripartite que, além do Ministério, envolve o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), da esfera estadual, e o Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Os projetos – que podem ser colaborativos como o citado acima ou conduzidos individualmente por um dos hospitais de excelência – têm vigência trienal, ou seja, com data para começar e terminar, são auditados e os resultados aferidos, passando inclusive pelo crivo do Tribunal de Contas da União (TCU).

O financiamento dos projetos é feito pelos próprios hospitais participantes do PROADI-SUS que aplicam, na sua elaboração e execução, recursos financeiros de grandeza equivalente ao valor da imunidade tributária das contribuições sociais a que têm direito (PIS, Cofins e cota patronal do INSS).

Desde 2009, quando o programa foi criado, o Einstein já aplicou mais de R$ 3 bilhões de recursos próprios em projetos PROADI-SUS. Só no triênio 2021-2023, a organização está envolvida em 41 projetos, somando mais de R$ 890 milhões de recursos aplicados e mais de 270 mil pessoas beneficiadas diretamente.

O impacto dos projetos do PROADI-SUS

A importância desse tipo de atuação reside na expertise e na capacidade de investimento e agilidade, realização e entregas que o setor privado tem em áreas nas quais esses requisitos faltam ao setor público ou são extremamente escassos. Isso abrange procedimentos complexos, qualificação de profissionais, pesquisas de interesse da saúde pública considerando as necessidades atuais, avaliação e incorporação de tecnologias e melhoria da gestão hospitalar.

O Einstein, por exemplo, tem um programa de transplantes de órgãos sólidos bastante representativo no Brasil, sendo que cerca de 90% desses procedimentos são realizados no âmbito do PROADI-SUS. Mais de 4.100 transplantes de rim, fígado, pâncreas, coração, pulmão, intestino e multivisceral já foram realizados em pacientes do SUS. Há ainda iniciativas como o Projeto de Tutoria em Transplantes de Órgãos Sólidos, no qual o Einstein lidera a formação de profissionais de saúde, qualificando-os para a realização de transplantes de fígado, rins e pulmão em localidades de grande vazio assistencial no Pará, Mato Grosso do Sul, Sergipe e Rio de Janeiro. Além de aulas e atividades presenciais para acompanhar procedimentos de extração de órgãos e transplante, o trabalho inclui apoio gerencial e no monitoramento e avaliação dos processos, rotinas de serviços e gestão de recursos para a estruturação de centros transplantadores.

Nos rincões do Brasil, um projeto PROADI-SUS – o TeleAMES, que eu já citei em artigo anterior – vem mudando a assistência a populações indígenas e ribeirinhas. Por meio dele, médicos do Einstein de sete diferentes especialidades prestam atendimento remoto a pacientes de municípios da região Amazônica onde são raros os especialistas, obrigando as pessoas a longas viagens e filas de espera para serem atendidas em cidades maiores. Desde 2020, o TeleAMES já foi implantado em mais de 140 unidades de atenção primária da Região Norte, tendo realizado mais de 70 mil atendimentos com um índice de resolutividade de 99%. Agora, está sendo expandido para a Região Centro-Oeste.

O Tele UTI Brasil – projeto colaborativo conduzido pelo Einstein e mais quatro hospitais de excelência – é outro exemplo de como levar, via telemedicina, o melhor da medicina privada para a saúde pública. O projeto – que abrange mais de 800 leitos de UTI de mais de 80 hospitais públicos e filantrópicos – inclui capacitação, discussão de casos e visitas virtuais multiprofissionais para avaliação e acompanhamento dos pacientes. Os resultados vêm na forma de melhores desfechos, menos tempo de internação nessas unidades e redução de complicações e da morbimortalidade. Durante a pandemia, a Tele UTI Covid ajudou a salvar um sem-número de vidas de pacientes com a doença sob cuidados intensivos em hospitais de localidades sem especialistas ou sem profissionais habilitados para o tipo de cuidado exigido nesses casos.

Projetos PROADI também impulsionam pesquisas que geram novos conhecimentos em saúde, inclusive em áreas de fronteira, como a terapia gênica e os tratamentos com células CAR-T. Em 2022, uma iniciativa do Einstein de aplicação em seres humanos de CAR-T produzidas em laboratório próprio, sem necessidade de enviá-las a centros do exterior, foi a primeira do tipo de uma organização acadêmica e hospitalar aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Outro território que tem na vanguarda os hospitais privados é a transformação digital em saúde, explorando recursos como big data e inteligência artificial. E, de novo, podem ajudar o setor público a acelerar sua jornada tecnológica em benefício da saúde dos brasileiros. Uma das iniciativas nesse sentido é o projeto DIAna (Data Initiative for Analytics), que o Einstein está desenvolvendo no contexto do Programa (triênio 2021-2023). O objetivo é criar infraestrutura e definir os padrões necessários para que as informações da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) conversem entre todas as unidades de saúde e outros setores que poderão utilizá-los. A ideia é criar um ambiente propício para que, no futuro, esses dados possam ser usados para análises tanto por ferramentas de IA como por gestores na formulação de políticas públicas.

Com a bagagem de mais de 189 projetos PROADI-SUS realizados pelo Einstein desde 2009, eu poderia citar vários outros exemplos que mostram a importância desse programa e seus impactos. O mesmo poderiam fazer os demais hospitais de excelência que atuam no PROADI. São projetos com enormes reflexos na saúde da nossa população. São iniciativas que ajudam a trazer para a realidade o acesso universal à saúde previsto na nossa Constituição e a promover a equidade, o que significa proporcionar a todos os mesmos padrões de qualidade no cuidado. Assim como outros tipos de aliança com o setor público (como as parcerias que o Einstein tem com a Prefeitura de São Paulo e mais recentemente a de Aparecida de Goiânia para a gestão de 29 unidades públicas de saúde, incluindo três hospitais), o PROADI-SUS é um bem-sucedido modelo que mostra que Saúde também se escreve com P, na verdade, com o triplo P das PPPs.

*Os hospitais classificados como de excelência pelo Ministério da Saúde e que atuam no PROADI-SUS são Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa, HCor, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. 

Sidney Klajner

Cirurgião do Aparelho Digestivo e Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Possui graduação, residência e mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de ser fellow of American College of Surgeons. É coordenador da pós-graduação em Coloproctologia e professor do MBA Executivo em Gestão de Saúde no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein. É membro do Conselho Superior de Gestão em Saúde, da Secretaria de Saúde do Estado de S. aulo e coautor do livro “A Revolução Digital na Saúde” (Editora dos Editores, 2019).

About the Author: Sidney Klajner

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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  • Isabella Marin Silva
    Isabella Marin

    Jornalista formada pela Escola de Comunicações e Artes da USP, passou pela área de Comunicação da Braskem e atuou com Jornalismo de Dados na empresa Lagom Data. Integra o time como repórter do Futuro da Saúde, onde atua desde março de 2024.

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Sidney Klajner

Cirurgião do Aparelho Digestivo e Presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Possui graduação, residência e mestrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, além de ser fellow of American College of Surgeons. É coordenador da pós-graduação em Coloproctologia e professor do MBA Executivo em Gestão de Saúde no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa do Einstein. É membro do Conselho Superior de Gestão em Saúde, da Secretaria de Saúde do Estado de S. aulo e coautor do livro “A Revolução Digital na Saúde” (Editora dos Editores, 2019).