Perspectivas para a saúde em 2023: navegando em um mundo imprevisível

Perspectivas para a saúde em 2023: navegando em um mundo imprevisível

Novembro chegando ao fim e já é tempo de nos […]

By Published On: 23/11/2022

Novembro chegando ao fim e já é tempo de nos prepararmos e, também, preparar as nossas organizações para ter sucesso em 2023. O próximo ano traz ainda mais incertezas, grandes transições e cenários desconhecidos. Estar preparado pode significar a diferença entre potencializar as oportunidades ou sofrer o impacto das mudanças bruscas. Este artigo tem a intenção de provocar algumas reflexões fundamentais em um mundo onde o novo normal é a absoluta falta de previsibilidade.

Há alguns dias, tive a oportunidade de conversar com o renomado economista Ricardo Amorim e fiquei positivamente surpreso com sua perspectiva macroeconômica. Segundo ele, o Brasil poderá ter pela primeira vez na história uma inflação menor que a dos Estados Unidos e um crescimento superior ao da China! As tensões crescentes da Europa e da Ásia e a riqueza natural do Brasil tornam nosso país especialmente atrativo para investidores estrangeiros. Por outro lado, o desafio orçamentário para 2023 somado à possibilidade de uma recessão global podem levar a um cenário menos favorável.

Especificamente no setor de saúde, é importante destacar que ainda estamos sentindo o reflexo do represamento de procedimentos que ocorreu por conta da pandemia. Esses procedimentos têm sido atendidos na saúde suplementar, impulsionando o crescimento no volume de atendimentos dos provedores de serviço e impactando os resultados das operadoras de saúde. Esta dinâmica deve continuar em 2023 e as projeções são de que o volume de atendimentos represado na saúde suplementar mantenha uma demanda acima da média também no primeiro semestre do próximo ano, vindo a se normalizar no segundo semestre. Porém, no sistema público, ainda não voltamos aos níveis pré-pandemia.

Agenda estratégica para 2023

A provável agenda estratégica para saúde em 2023 deverá contemplar ainda o fortalecimento da iniciativa Farmácia Popular, lançamentos de programas focados em saúde da mulher e saúde mental e busca por normalizar o tempo de espera para atendimento no SUS por meio de capacidade extra para a demanda represada pela pandemia.

Todo este cenário deve abrir oportunidades para parcerias público-privadas que poderão impulsionar corujões da saúde aproveitando a oferta disponível na rede privada durante a madrugada, novos projetos PROADI-SUS aprovados para materializar estas agendas para o triênio 2024-26, e expansão de contratos com Organizações Sociais da Saúde (OSS) para fazer gestão de serviços de saúde públicos.

Em 2023, os esforços para fortalecer o Complexo Econômico Industrial da Saúde devem ser ampliados, focando na diminuição da dependência externa para produtos prioritários, questão que foi evidenciada durante a pandemia. Estes esforços devem se materializar em linhas de financiamentos com condições especiais no BNDES e programas de transferência tecnológica nos moldes das PDPs que alavacam o poder de compra do Estado.

O grande desafio será o critério de definição destes produtos prioritários, que devem contemplar não apenas tecnologias que sejam essenciais para nosso país mas que também não corram risco de se tornarem obsoletas em poucos anos, ou que tenham potencial para nos tornar líderes globais nesta área e, assim, poder manter níveis constantes de investimentos em inovação.

A reflexão sobre cadeias produtivas resilientes deve ir além do complexo industrial e incluir também toda a cadeia logística, que deve ser integrada para redução de desperdícios e aumento de níveis de serviço. Os esforços para construção destas cadeias resilientes por meio do uso massivo da transformação digital e de uma colaboração mais profunda entre diversos atores do setor devem ser um dos destaques de 2023.

O movimento de consolidação no setor de saúde continuará avançando e impulsionando incentivos das empresas e instituições para se integrarem a ecossistemas (abertos ou fechados). Estes ecossistemas irão tornar menos relevantes as organizações desconectadas e fechadas em si mesmas. 

A saúde digital promete ser outro destaque, incluindo o uso da tecnologia para levar atenção primária a todos os cantos de nosso país, o avanço na integração de dados com discussão de modelos efetivos de open health que coloquem o paciente como dono de seus dados e as instituições de saúde como guardiãs, além de soluções que melhorem a navegação dos pacientes por meio da digitalização de suas jornadas. Será preciso também debater o uso apropriado de marketing digital para influenciar as decisões de pacientes tanto no cuidado de sua própria saúde, como na escolha do profissional que irá acompanhá-lo.

Qual caminho iremos trilhar?

Neste mundo imprevisível em que vivemos, a capacidade das lideranças de constantemente ajustar a rota (não a direção) à medida que novos fatos vão surgindo e garantir que os recursos estejam alocados nas áreas de maior impacto fará a diferença entre dificuldades ainda maiores para o setor de saúde ou mais acesso e melhor padrão de cuidado para nossa população. Diante de todo este contexto, na minha opinião, nossa capacidade de priorizar os recursos limitados será o fator de maior relevância para a prosperidade (ou não) do setor de saúde em 2023.

E na sua visão? Quais as perspectivas para 2023 em nosso setor?

Fabricio Campolina

Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.

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Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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Fabricio Campolina é referência no setor quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital e, atualmente, é presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil. Graduado em ciência da computação pela UFMG, possui ainda especialização em gestão de negócios pelo Ibmec e MBA em administração de negócios pela Duke University, onde se graduou entre os top 10% de sua classe. Foi também presidente do conselho da ABIMED, onde liderou o processo de reposicionamento estratégico da associação, e é membro-fundador do Instituto Coalização Saúde.