Paulo Chapchap, diretor médico do IEPS: “Não podemos desperdiçar modelos de referência que dão certo”

Paulo Chapchap, diretor médico do IEPS: “Não podemos desperdiçar modelos de referência que dão certo”

No mais recente episódio do Futuro Talks, Paulo Chapchap falou sobre o poder das políticas públicas, escalabilidade de iniciativas e o papel da liderança no setor

By Published On: 17/06/2024
Paulo Chapchap - Futuro Talks

No Brasil, aproximadamente 25% da população utiliza serviços de saúde privados regulamentados, enquanto os demais dependem de serviços não regulamentados ou do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora cada sistema tenha suas particularidades e diferenças, para Paulo Chapchap, diretor médico do IEPS e diretor de estratégia corporativa do Grupo Santa Joana, é fundamental conectar as instituições para encontrar e desenvolver boas políticas públicas para o país. Ele é o entrevistado do mais recente episódio de Futuro Talks.

Com vasta experiência no setor filantrópico, na saúde privada e no setor público, Chapchap comentou os desafios e a importância de utilizar e escalar modelos bem-sucedidos de políticas para aprimorar os sistemas de saúde. Ele enfatizou que as políticas públicas representam uma organização contínua dos esforços governamentais e da sociedade civil para enfrentar questões que passam desde pandemias até doenças crônicas, como a obesidade. E o pensamento de longo prazo tem papel importante.

Ao longo da conversa, Chapchap destacou que o Brasil possui ilhas de excelência, mas que é preciso cobrir o país inteiro com um “véu de excelência” justamente para conectar todos os pontos. Neste contexto, na visão dele, por mais que haja o interesse e a chegada de novas ferramentas, como a saúde digital e a tecnologia, há um elemento que precisa agir e atuar para que ações efetivas aconteçam: pessoas. Os líderes e gestores precisam tomar as decisões para melhorar a saúde.

Durante a entrevista, Chapchap ainda abordou as parcerias público-privadas, a necessidade de mediação para melhorar as relações entre operadoras e prestadores de serviços e destacou a transformação da saúde através da tecnologia, enfatizando a importância de uma abordagem centrada no paciente.

Confira a entrevista a seguir:

Por que decidiu ir para o IEPS e quais são suas expectativas lá?

Paulo Chapchap – Eu fazia parte do Conselho de Administração do IEPS desde sua criação. Quando Armínio Fraga decidiu que era necessário criar um espaço para o desenvolvimento de ideias e propostas para a estruturação do setor de saúde como um todo, ele reuniu a equipe inicial do instituto e me convidou para opinar sobre as pessoas que seriam convidadas para participar. Assim, integrei inicialmente o Conselho Consultivo, que mais tarde se transformou no Conselho Deliberativo do IEPS. Após cinco anos, identificamos a necessidade de aumentar a participação de médicos na equipe executiva do IEPS, trazendo o conhecimento médico para a instituição. Aceitei, então, a posição de diretor médico dentro do IEPS.

Você pode compartilhar mais da atuação do IEPS?

Paulo Chapchap – Ele se estruturou em três pilares. O primeiro é o de estudos econômicos da saúde. Esse pilar é liderado por Rudi Rocha, conhecido nacional e internacionalmente, vinculado à Fundação Getúlio Vargas na Escola de Administração em São Paulo, e que dedica parte do seu tempo a estudos de economia na área da saúde pública e privada. O segundo pilar é o de políticas públicas, em que nós atuamos junto ao poder público de municípios, estados e ao governo federal na implementação de políticas públicas, que muitas vezes são fruto dos estudos econômicos realizados pelo pilar da economia na saúde. Temos intervenções em Recife e, agora, em São Paulo, com um reestudo de regionalização, além de uma série de projetos em andamento para utilizar os conhecimentos que desenvolvemos. Esses projetos acabam se transformando em projetos-piloto, para posteriormente serem disseminados pelo resto do território nacional, que é muito heterogêneo. O terceiro pilar é o de relações institucionais. A diretoria de relações institucionais tenta transformar em projetos de lei e regulamentos as políticas às quais nos dedicamos nos estudos e na implementação.

Tem exemplos?

Paulo Chapchap – Conseguimos influenciar para que a cidade do Rio de Janeiro não utilize mais alimentos ultraprocessados na merenda escolar, pois são sabidamente causadores de doenças e obesidade. Eles deveriam ser proscritos da alimentação das crianças. Pelo menos das crianças, talvez de todos. O Estado não tem o direito de patrocinar algo que prejudique a saúde das crianças. Esse esforço resultou na aprovação de um projeto na Câmara do Rio de Janeiro, que proíbe escolas públicas e privadas de oferecerem ultraprocessados na alimentação infantil. Agora, seria a hora de nós espalharmos isso para o Brasil inteiro e é o trabalho que permanentemente fazemos.

Mesmo iniciativas bem-sucedidas e impactantes enfrentam grandes desafios para serem ampliadas em escala. Como podemos aumentar a escala das ações em saúde?

Paulo Chapchap – Acho que tudo que conseguirmos transformar em política pública, consolidada em âmbito federal, estadual e municipal, pode ser disseminado de forma mais contundente. Outra coisa é o exemplo. Conseguimos criar várias ilhas de excelência em instituições públicas e privadas, algumas com finalidade lucrativa e outras sem. Esses modelos bem-sucedidos precisam servir de exemplo para a estruturação de outras instituições semelhantes. Costumo dizer que criamos ilhas de excelência, mas o Brasil precisa ser coberto por um manto de excelência, conectando essas ilhas a outras instituições que mereçam esse desenvolvimento.

“Não podemos nos dar ao luxo de desperdiçar modelos de referência que dão certo. Precisamos aproveitar ao máximo e conectar as instituições para que os exemplos sejam espalhados.”

Você sente que essa conexão está acontecendo de uma forma mais efetiva?

Paulo Chapchap – Sinto que sim. Essa é a resposta curta para a tua pergunta. Sim, precisamos, em princípio, conectar pessoas para poder conectar instituições. Tudo nasce de uma relação de confiança e transparência entre as pessoas que lideram as instituições e que estão preocupadas em melhorar o sistema como um todo, que querem se dedicar a isso. Voltando à pergunta sobre por que ir para o IEPS, é porque a minha primeira experiência no desenvolvimento de políticas públicas foi no próprio Hospital Sírio-Libanês. Nós conseguimos, em conjunto com outros hospitais de excelência, criar o programa PROADI-SUS. Todos os recursos provenientes das isenções que os hospitais têm por serem filantrópicos devem ser aplicados, real por real, no desenvolvimento de projetos em colaboração com o Ministério da Saúde e a comissão tripartite, que representa os estados, municípios e a esfera federal. Esses projetos têm um alto impacto há muitos anos no sistema público de saúde. É um exemplo de parceria público-privada que funciona em grande escala. Além disso, com o Todos pela Saúde, durante a pandemia, o Instituto Itaú Unibanco e a Fundação Itaú Unibanco doaram inicialmente R$ 1 bilhão e posteriormente mais R$ 200 milhões para o enfrentamento da pandemia. Coordenaram um grupo de especialistas para a alocação desses recursos. Foi uma experiência de compreensão das necessidades e oportunidades de desenvolvimento do SUS, que teve um desempenho extraordinário no Brasil. Não vimos pessoas desassistidas. Na maioria das vezes, o sistema acolheu as pessoas com mais ou menos qualidade, mais ou menos recursos, mas acolheu.

Esse anúncio teve um grande impacto de que você está no IEPS.

Paulo Chapchap – Chega um momento na carreira em que é preciso começar a se preocupar, não apenas com uma instituição, mas com a institucionalização. É assim que eu vejo. Sou formado desde 1978 e tive o privilégio de ter uma vida confortável graças à minha formação em uma escola pública, a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e também ao colégio público, o Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Essa formação pública me proporcionou um grande privilégio de conforto econômico e patrimonial, tanto para mim quanto para minha família. E chega uma hora em que é preciso devolver isso à sociedade. Precisamos fazer isso ao longo de toda a carreira. Essa preocupação deve estar presente o tempo todo. O país tem muitas desigualdades e nós, que temos o privilégio, precisamos entender que uma parte do nosso tempo, da nossa dedicação e do nosso conhecimento deve ser direcionada à redução dessas desigualdades. Isso é algo que me motiva e também motiva muita gente. Em minhas andanças, encontro muitas pessoas que estão empenhadas em uma estruturação institucional do país que permita à sociedade ter menos sofrimento e mais conforto.

Durante a pandemia, vimos movimentos de colaboração, com as pessoas se ajudando e se organizando. A impressão que tenho é que, passado o caos da pandemia, todo esse ambiente colaborativo diminuiu. Você sente que essa união diminuiu?

Paulo Chapchap – Pensamos que algumas coisas viessem para ficar definitivamente, como a solidariedade nos guiando mais do que qualquer outro sentimento. No entanto, isso arrefeceu. Com o fim da pandemia e da crise, a consciência do grande sofrimento que a pandemia nos trouxe também diminuiu. Agora, com a catástrofe no Rio Grande do Sul, vemos a sociedade se mobilizar novamente, desta vez com alguma coordenação governamental. Quem tem a obrigação de fazer essa coordenação é o ente público. Costumamos falar em Estado mínimo, mas em momentos de grandes catástrofes, o governo sozinho não consegue resolver tudo. A sociedade civil, sozinha e desorganizada, também não consegue, pois normalmente não está articulada para trabalhar colaborativamente. Contudo, sob uma coordenação unificada para enfrentar a crise, não tenho dúvida de que a sociedade responde rapidamente e de forma muito contundente, como está acontecendo novamente agora.

Para isso, as políticas públicas são suficientes?

Paulo Chapchap – Políticas públicas são um instrumento de organização permanente dos esforços governamentais e da sociedade civil para dar conta de pandemias permanentes. É um aforismo, mas vivemos algumas coisas, situações de grande sofrimento na sociedade brasileira. A própria desigualdade de acesso à provisão de serviços de saúde, que está mais afeita às coisas que nós estudamos e trabalhamos, e às quais nós nos dedicamos, ela é muito grande. Temos filas de espera que geram muito sofrimento. Tem algumas situações em que esperar não gera sofrimento, e nem risco, mas tem outras que são muito sensíveis ao tempo de espera. Esperar para fazer um tratamento de câncer, uma radioterapia, parte do tratamento do câncer, esperar para fazer um diagnóstico apurado de câncer. Essas coisas têm impacto no resultado. E outras patologias mais, doenças cardiovasculares, o acompanhamento mais de perto de diabéticos que vão ter um reflexo só 15, 20 anos depois, se nós não os tratarmos adequadamente agora. Então fica uma coisa silenciosa, mas já marcada. O Brasil tem uma alta taxa de amputados por causa de problemas relacionados à diabetes, que não foram tratados adequadamente décadas antes. Precisamos ter mais consciência disto: saber que isto implica num sofrimento permanente, não como uma catástrofe, mas permanente para muita gente, e intervir mais através de políticas públicas suportadas pela sociedade civil. Muitas vezes não percebemos que, quando fazemos um lobby institucional para proteger um conjunto de instituições, estamos prejudicando com o tempo a sociedade como um todo e as próprias instituições que pensamos estar protegendo.

“É natural que as lideranças setoriais queiram proteger o seu setor, mas precisamos tentar ampliar um pouquinho esta visão para um espaço mais largo e para um tempo maior. Essa mentalidade estadista, que é pensar além do seu espaço restrito e além do seu tempo de vida, ela é fundamental nas instituições e nas associações.”

A saúde é frequentemente vista como altamente fragmentada, com pouca articulação entre suas diversas partes, apesar de algumas iniciativas pontuais. Como podemos avançar para um estágio onde possamos dar um passo para trás e adotar uma visão mais abrangente, pensando no bem-estar da sociedade como um todo?

Paulo Chapchap – Eu acho que é muito dependente de pessoas mesmo. Precisamos de lideranças, de todas essas empresas e instituições que tenham entre si um grau de conexão, contato, confiança, para construírem uma solução conjunta. Algumas pessoas têm essa habilidade para fazer pontes, entender a perspectiva do outro, se colocar no lugar do outro, se desarmar um pouquinho daquele interesse mais imediato, e pensar um pouco mais a longo prazo. Não é fácil. Nós temos um sistema econômico predominante no ocidente que privilegia resultado de curto prazo, premia o resultado de curto prazo. O próprio sistema de capital aberto, ele mede o resultado a cada três meses. E as empresas de capital aberto, que procuram se financiar no mercado, e é legítimo que o façam, elas precisam apresentar para conseguir se viabilizar resultados bons de curto prazo, mas o setor de saúde, ele não se estrutura com resultados de curto prazo. Ele precisa de uma visão mais ampla de investimentos e às vezes até de sacrifício de resultados de curto prazo, para depois colher os frutos desses investimentos e desse desprendimento. E é preciso que as pessoas entendam assim. É preciso que os líderes se entendam assim. Vivemos num condomínio na área da saúde. Tem áreas comuns, e todos têm que cuidar das áreas comuns, senão não vão conseguir viver nas suas próprias propriedades. Encontrar o campo de desenvolvimento das áreas comuns é o desafio, e que a gente precisa atender a ele.

Além de toda a sua trajetória na saúde, você também é muito reconhecido como um mentor para as novas gerações da saúde. Como você vê essa nova geração?

Paulo Chapchap – As novas gerações têm mostrado, por meio de algumas pesquisas, uma forte vontade de empreender. De onde vem essa vontade de empreender? É apenas para ganhar dinheiro? Não, é para fazer diferente. Eles estão determinados a trazer uma transformação para o setor, muitos deles focados no setor de tecnologia. Eles percebem que, ao chegar aos prestadores de serviços e operadoras, a incorporação de tecnologias para a transformação digital é lenta. Existe um descompasso entre o que já foi desenvolvido, por exemplo, no setor financeiro, com amplos estímulos econômicos para isso, e o que foi desenvolvido na área da saúde. Eu noto as novas gerações querendo participar desse movimento de transformação. É preciso que as empresas, que são o que chamamos de incumbentes, já instaladas, e que têm no seu diferencial competitivo a grande massa de pacientes que tratam, entendam que a incorporação de ferramentas digitais, tanto para gestão quanto para entrega clínico-assistencial, pode resolver grande parte dos problemas que estamos vivenciando, como desigualdades e falta de acesso.

Essa pode também ser a solução?

Paulo Chapchap – Acredito muito que a solução virá por aí, com a aplicação de ferramentas de inteligência artificial, que poderão captar uma quantidade de dados desestruturados muito maior, conseguirão personalizar o tratamento muito mais, conseguirão ajudar os profissionais de saúde, médicos e não médicos, a cobrir as necessidades do paciente de uma forma mais ampla: dos indicadores sociais, dos indicadores genéticos, dos indicadores de dados da saúde. E vamos fazer uma transformação desta forma. Perguntar se as gerações novas estão interessadas ou desprendidas do seu próprio interesse, com uma visão de mais de longo prazo, eu não consigo te dizer. Gostaria muito que nós, líderes há mais tempo no setor, conseguíssemos mostrar para eles a importância da colaboração para resolver o problema de uma forma mais ampla.

Mas há muitos problemas de curto prazo.

Paulo Chapchap – Nós estamos vivenciando um problema por causa de disputas transacionais, principalmente no setor de saúde suplementar, e vamos ter que resolver esse problema num espaço de tempo mais curto se quisermos garantir uma boa sobrevivência das instituições, tanto prestadores como operadoras. Está havendo uma consolidação no setor, o que eu não acho que é de todo ruim, porque aumenta a capacidade de investimento, mas precisa haver uma aproximação entre o setor público e o setor privado. No IEPS, estamos estudando parcerias público-privadas, tanto do ponto de vista econômico quanto de modelos já existentes, modelos de referência, para tentar aproximar um pouco a qualidade que conseguimos desenvolver no setor privado, de uma qualidade que temos no setor público, em algumas ilhas de excelência, e fazer um encontro para que isso beneficie a sociedade como um todo e não fique restrita aos 25% que já conseguem menor tempo de espera e maior qualidade de atendimento. Eu não estou dizendo que tudo que está no privado é melhor do que no público, não é verdade.

“Temos instituições públicas muito melhores do que grande parte das instituições privadas; a gente só precisa fazer um encontro de interesses aqui para cobrir o país com esse véu de excelência.”

Sobre as parcerias público-privadas, você mencionou um pouco antes a história do Proadi-SUS. Tem outros exemplos viáveis de parceria público-privada?

Paulo Chapchap – A primeira coisa é que os usuários do SUS classificam o SUS como bom e ótimo muito mais do que aqueles que nunca usaram. Sabemos que existe um conceito errado da qualidade do SUS entre todos aqueles que nunca utilizaram ou não souberam utilizar. Eles até utilizam para a vacinação, nos programas de transplante, mas não têm consciência de quão importante ele é para a sociedade brasileira. Ele é fundamental. Talvez seja o maior projeto de transferência de valor dentro da sociedade brasileira, em que todos contribuem através de impostos e há uma grande transferência de valor para a maior parte da população brasileira. Então, o SUS é muito bom. Exemplos de parceria público-privada de sucesso, além do Proadi-SUS: 60% das internações do SUS são feitas em instituições privadas sem finalidade lucrativa. A grande rede das Santas Casas que existe no Brasil é uma parceria público-privada. Outros exemplos de parceria público-privada existem através das organizações sociais de saúde. O Hospital Sírio-Libanês, o Hospital Albert Einstein, e um sem número de instituições (acho que há mais de mil) aceitam participar de contratos de gestão de aparelhos públicos em benefício da sociedade brasileira. Isso é uma privatização? Não é, porque essas instituições são totalmente abertas e gratuitas para toda a sociedade brasileira. Então, ela é pública porque atende ao público sem diferenciação pelo poder aquisitivo, pois é gratuita, mas tem a gestão privada.

Como intensificar isso?

Paulo Chapchap – O IEPS está fazendo um estudo bastante amplo, em oito capítulos, e um dos capítulos deste estudo econômico é sobre o benefício das organizações sociais da saúde. É heterogêneo: algumas têm melhor resultado e outras não tão boas. Estamos estudando um modelo de parcerias público-privadas através dos contratos de gestão de aparelhos públicos operados por instituições privadas. Até agosto, devemos concluir esse trabalho e apresentar à sociedade brasileira aquilo que existe de bom e que tem oportunidade de melhoria, para que a sociedade conheça. Por exemplo, não temos dúvida da eficiência, da produtividade, e do aumento do acesso, mas não há mecanismos uniformes no Brasil inteiro de regulação desses contratos que rezam produção, qualidade e experiência do paciente. Essas três coisas são monitoradas. É igual no Brasil inteiro? O acompanhamento do poder público é adequado em todo o Brasil? Aparentemente, não. E quais seriam os mecanismos mais adequados de acompanhamento para garantir que o dinheiro público está sendo utilizado de forma apropriada em benefício de todos? Esse estudo estará disponível para todos e é um dos capítulos aos quais temos nos dedicado bastante.

Ter dados é importante para balizar e para entender onde estamos e o que pode melhorar.

Paulo Chapchap – Os dados são fundamentais. A reunião da experiência e do conhecimento das pessoas com uma profunda análise de dados é que vai apontar os caminhos que devemos seguir. Crenças são importantes, mas elas não podem, unicamente, dirigir políticas públicas, porque as consequências podem ser desastrosas. Vamos conservar nossas convicções, mas também estudar e aprender, usar dados e análises de dados para mostrar o melhor caminho para aquele momento, para a sociedade.

Em relação à saúde suplementar, onde você vê potenciais de melhorias? Como você acha que podemos sair dessa situação atual e seguir um caminho mais promissor e propositivo?

Paulo Chapchap – Precisa haver mediação. Eu acho, de novo, que está havendo, com a crise que se instalou em 2022 e 2023, um resultado operacional das operadoras de saúde bastante ruim. Elas ainda se sustentam um pouco por causa de suas reservas e do resultado financeiro, mas o resultado operacional, com uma altíssima sinistralidade, foi um desafio para o setor, e isso acirrou bastante os ânimos na mesa de negociação. A primeira coisa que temos que fazer é esquecer um pouco esse período de grande disputa e desentendimento, voltar à mesa de negociação e entender que uns dependem dos outros, e que, mais do que tudo, os pacientes dependem de um bom entendimento dentro do setor para continuar a ter o acesso à saúde pelo qual pagam.

“De alguma forma, eles estão custeando e sacrificando outros componentes da sua economia domiciliar, vamos dizer assim, ou das empresas, para prover os serviços da saúde suplementar. Precisamos voltar à mesa de negociação, nos desarmar e desenvolver um ambiente de confiança.”

Mas não é fácil executar isso.

Paulo Chapchap – É mais fácil falar do que fazer. O próprio Armínio resolveu patrocinar agora esse estudo, em oito capítulos, sobre a saúde suplementar e os potenciais de parceria público-privada porque, em um determinado momento, ele tentou intermediar as relações e trouxe alguns líderes para o seu convívio. Reuniu esses líderes e percebeu que muito do desentendimento estava no fato de haver um certo desconhecimento dos dados e das relações entre as operadoras e os prestadores de serviços. Os ânimos ficam acirrados porque não há uma análise objetiva do que está acontecendo para podermos prover parte do diagnóstico para a resolução do problema. Mas acho que a mediação tem que ser feita por um terceiro imparcial. As partes estão muito conflagradas, muito desconfiadas, e precisa haver um terceiro imparcial para ajudar. No caso, seria a ANS, mas você pode dizer, ‘a ANS tem um mandato’. O mandato da ANS é a regulação das operadoras e não dos prestadores. Porém, ao viabilizar por regulação as operadoras, ela precisa olhar um pouco para os prestadores também. Vamos ter que encontrar alguma fórmula em que a ANS possa atuar, assim como o próprio ministério. Alguns podem tremer ao ouvir isso e pensar, ‘Mais governo? Mais regulação?’ Não. Precisamos de menos regulação e menos governo. O fato é que, no setor de saúde, o governo tem uma enorme responsabilidade.

Mas o governo não olha muito para a saúde suplementar, não é?

Paulo Chapchap – Deveria. Até porque o ideal seria que os mesmos prestadores que dão certo na saúde suplementar aceitassem atender os casos do sistema de saúde pública, por aquele financiamento mais restrito, obviamente, que o governo pode oferecer. O sistema de saúde suplementar se desenvolveu em algumas áreas em que sobra a capacidade instalada. Para a diluição do custo fixo, em alguns setores, eles poderiam abrir espaço para o atendimento gratuito, obviamente, dos pacientes do sistema público de saúde no Brasil. Meu sonho é que tivéssemos dois sistemas de financiamento, público e privado, e só um sistema de provisão de serviços, em que todos fossem tratados da mesma forma. Seria tudo privado? Não. Poderia até, eventualmente, ser no público, desde que o privado, que está incentivado por isenção de impostos para contratar planos de saúde, ressarcisse o SUS, mas com fila única. É fundamental que a fila seja única e que todos os cidadãos e cidadãs sejam tratados da mesma forma na entrada da prestação de serviços.

É difícil disso acontecer, ou não?

Paulo Chapchap – Nos Estados Unidos, é assim. O Medicare compra serviços de prestadores privados. Grosseiramente, entre 45% e 50% da receita dos prestadores privados vêm do pagamento governamental através do Medicare, que adquire uma ampla capacidade de regulação por compra de serviços, incluindo a regulação da qualidade, etc. É claro que o valor que o Medicare paga é menor do que o valor pago pelos sistemas de seguros privados. E é natural que isso aconteça, porque o Estado tem uma capacidade de financiamento mais restrita, obviamente. Não conseguimos tudo através do Estado, mas houve um encontro de prestação de serviços nesse âmbito. Não estou dizendo que não deve haver instituições públicas de prestação de serviços. Algumas são extraordinárias e devem ser preservadas, e até incentivadas, mas esses encontros seriam bons, porque haveria uma regulação dentro do sistema de qualidade, de experiência do cliente e de provisão de serviços. É um caminho interessante.

Com esse mercado em constante mudança e explorando diversas possibilidades, somos surpreendidos por parcerias, criação de joint ventures e movimentos no mercado. Existe um receio de que caminhemos para uma maior verticalização. Qual é a sua visão desse cenário?

Paulo Chapchap – Eu não vejo como ruim um caminho mais verticalizado. Temos falado aqui que, para fazer uma boa gestão, você precisa de todos os dados – os dados de toda a jornada, por linha de cuidado. Com o sistema fragmentado, você não tem todos os dados para fazer a gestão do sistema e a gestão de saúde das pessoas. No sistema verticalizado, teoricamente, você reúne numa só instituição todo o tratamento daqueles pacientes, e é um sistema por captação. Na essência, você recebe uma certa quantidade de dinheiro, daquela quantidade de pessoas, para cuidar da saúde delas, e quanto melhor for a saúde delas, melhor é o seu resultado econômico. Então, te interessa prevenir, fazer diagnóstico precoce, fazer prevenção secundária também.

“O sistema verticalizado não é ruim. Agora, ele precisa ser melhor regulado.”

Por quê? Qual é o estímulo econômico perverso dentro de um sistema verticalizado? Não prover serviços. Fechar a porta, criar fila, demorar para prover. Porque aí você tem um melhor resultado econômico, pelo menos no curto prazo. Então, ele precisa ser regulado no acesso, nos tempos em que os cuidados acontecem, na prontidão do cuidado para quem precisa. Do outro lado, tem quase uma autorregulação, porque tem uma fricção na transação entre operadoras e prestadores, quando não é verticalizado. Ultimamente, isso não tem acontecido dessa forma. Tem estímulos perversos de lado a lado. Esses para não pagarem ou estenderem o tempo de pagamento, esses aqui para proverem mais serviços, até do que os pacientes precisam naquele determinado momento.

Os dois sistemas têm benefícios e riscos.

Paulo Chapchap – Não é de todo ruim que existam dois sistemas. Agora, o importante, neste outro sistema que não está integrado, que não é verticalizado, é fundamental que os dados fluam normalmente entre os prestadores da rede e as operadoras que têm a responsabilidade de fazer a gestão desse risco, vamos dizer assim, dos pacientes. Para poder fazer a gestão, eles precisam dos dados de todos os prestadores. E eles não têm contratado a obrigatoriedade desses dados. Eles têm feito muito mais, historicamente, está havendo um movimento, mas mais gestão de risco atuarial, a gestão do dinheiro, vamos dizer assim, do que a gestão da saúde. E é preciso que eles façam a gestão da saúde se quiserem se sustentar ao longo do tempo e que interfiram na gestão da saúde. Então, algumas pessoas falam ‘desintermediação’. Eu falo não. A obrigação das operadoras é caminhar cada vez mais para a gestão de saúde, da sua massa, dos segurados, para garantir que eles tenham tratamento certo, no lugar certo e só aquilo que é necessário.

Você acha que a interoperabilidade é uma coisa possível dentro de toda essa discussão que você está trazendo?

Paulo Chapchap – Penso que temos cada vez mais ferramentas de interoperabilidade que vão permitir que isso aconteça. Existem padrões que você pode estabelecer. Outros países já mostraram isso: eles não precisam unificar todos os sistemas, eles precisam que os sistemas sejam interoperáveis. Existem padrões de interoperabilidade. Eu, obviamente, não sou um especialista nisso, mas sei que existem linguagens e padrões de fluxo de dados que permitem que você receba daquele outro sistema, incorpore ao seu e faça a análise.

Mas é que as pessoas querem ser donas dos próprios dados, não o sistema especificamente, é decidir compartilhar.

Paulo Chapchap – É considerado que esses dados, por mais fragmentados que sejam e de apenas um componente da linha de cuidado, têm valor, e então você guarda aqueles dados só para você. Quem tem que normatizar isso? Quem tem que estabelecer uma norma para que isso não aconteça? Que aqueles dados que são do paciente fluam em benefício do paciente? É o ente governamental. Eu não sou um proponente de um Estado máximo, mas o Estado tem sua função de intermediação para proteger as pessoas que precisam de alguém que defenda os seus interesses, e assim a sociedade como um todo. Outros países estabeleceram padrões de interoperabilidade obrigatórios na área da saúde. O sistema financeiro fez isso porque percebeu que era do interesse de todos que os dados bancários fossem financeiramente interoperáveis. Fizeram isso, e se desenvolveram muito depois disso. É preciso que o setor de saúde tenha o mesmo entendimento, mas se não tiver, é preciso que o governo interfira e mostre que você tem que disponibilizar os dados de forma que eles possam ser consumidos por uma análise em benefício do paciente. Claro que o paciente vai ter que autorizar isso, mas na minha experiência, quando você consulta o paciente, a possibilidade de compartilhamento de dados em benefício dele, e em benefício da sociedade como um todo, a grande maioria dos pacientes autoriza.

“A gente às vezes quer proteger mais ainda do que ele quer ser protegido, e isso é um erro. Aí eu sou um liberal. Eu acho que se ele concordar, bem-informado, vamos usar.”

Você acha que é questão de tempo?

Paulo Chapchap – Acho que a gente tem que agir. Não temos que ficar esperando o tempo. A minha ida para o IEPS, por exemplo, é porque eu acho que eu posso ajudar nessa intermediação. Acho que algumas pessoas vão ter que se dedicar a essa intermediação sem o interesse particular da instituição em que estiverem. Mas eu acho que a gente precisa de mais intermediação.

Como você consegue conciliar sua atuação como cirurgião com todos os outros cargos e responsabilidades que assume em diversas instituições?

Paulo Chapchap – Primeiro, é um desafio e depende de uma série de condições que não dependem apenas de mim. A minha atividade cirúrgica principal é na área de transplante de fígado pediátrico, mas temos uma equipe extraordinária. Essa equipe, que foi se desenvolvendo ao longo dos anos, hoje não precisa mais de mim atuando. É claro que ela se beneficia se eu atuar também, mas na minha ausência eles podem desempenhar com excelente performance. Então, eu posso me dar ao luxo de participar ou não, quando a gestão me chama de uma forma que não posso abrir mão dela. Desde o meu primeiro contrato de gestão, que foi com o Hospital Sírio-Libanês, estabeleci que às quartas-feiras eu me dedicaria aos transplantes. Em geral, quarta-feira de manhã, eu estou lá participando dos transplantes. Eu tento o máximo possível cumprir isso. A equipe faz transplante em outros dias? Faz. E nesses outros dias, eu só participo excepcionalmente se houver uma necessidade. É um desafio? É. Porque, embora eu goste muito de participar de cirurgias, a gestão tende a te capturar em tempo integral. Então, eu costumo dizer que ir ao transplante é um esforço, mas estar lá é um prazer, porque é algo que desenvolvi ao longo de muitos anos e que me traz conforto. É claro que com a idade eu passo de cirurgião principal a auxiliar na grande maioria das cirurgias, porque demanda muito.

Como essa prática contribui para sua compreensão da vida do paciente e aprimora sua atuação?

Paulo Chapchap – Principalmente quando você se dedica a uma atividade de alta complexidade, você acaba convivendo com uma série de outros serviços dentro do hospital. Funcionamento do centro cirúrgico, suprimentos para que tudo esteja disponível, farmácia, obviamente, terapia intensiva, banco de sangue e todas as estruturas que a gente demanda dentro do hospital. A incorporação de novas tecnologias te ajuda a fazer e a defender o interesse do paciente. Então, quando você vai tomar uma das centenas, milhares de decisões que você toma, ter a perspectiva do paciente muda um pouco a tua própria decisão. Faz total diferença. Quando você se afasta muito do interesse do paciente, você pode ficar um pouco míope para esse interesse de mais longo prazo dos pacientes. Na minha experiência, funcionou bem porque eu acho que eu tomei decisões melhores de longo prazo para a instituição por defender o interesse do paciente.

Você mencionou a inteligência artificial e a tecnologia, a transformação da saúde vindo por esse caminho. Conectando um pouco sobre essa nova geração de médicos, eu queria esse olhar para o futuro da saúde. Como vai ser esse nosso futuro e como tem que ser o profissional da saúde para atuar dentro desse futuro?

Paulo Chapchap – Bom, o futuro é promissor com a aplicação de tecnologias para resolver problemas. Desde os mais básicos, como um prontuário de um paciente de longo tempo, com muitos dados, e um curto tempo para atender aquele paciente, porque há pressão de eficiência através dos profissionais. Trazer isso de uma forma mais organizada para o conhecimento do profissional que vai tomar decisão frente a frente com o paciente é de enorme utilidade. Mesmo que sejam sempre os mesmos dados que já deveríamos analisar, aumenta muito a nossa capacidade de enxergar para poder decidir. A segunda etapa é que vamos ter um auxílio à decisão, porque com a leitura de toda a literatura médica, que é impossível fazer o tempo todo, reunida a esses dados, vai haver sugestões de direcionamento do diagnóstico ou do tratamento. Isso vai nos ajudar muito, porque vai reunir todo o conhecimento da literatura médica com todos os dados daquele paciente de uma forma fluída, que vão permitir que a gente tome a próxima decisão na frente do paciente. E mais ainda, uma decisão muito mais personalizada, porque com a leitura de padrões da inteligência artificial, vamos entender cada paciente como único, como diferente dos outros. E é assim que a coisa funciona. Então, você imagina, falávamos assim: ‘A gente tem que olhar o paciente ao longo da linha de cuidado, linha de cuidado de cada patologia’. As comorbidades são muito frequentes, então tem que somar patologias. Com o perfil genético e social deste paciente, com os desejos dele, são diferentes uns dos outros. Era um conjunto de dados que era uma tarefa impossível para o profissional tomar a decisão junto com o paciente. Agora, tudo isso vai fluir de uma forma melhor e muito rapidamente.

Mais personalizado mesmo.

Paulo Chapchap – Porque hoje em dia, ainda estamos muito no campo da tentativa e erro. Por exemplo, ao tratar câncer de pulmão de pequenas células com um determinado perfil, aplicamos o tratamento de primeira linha, e cerca de 80% dos pacientes respondem, mas os outros 20% não. Então, partimos para o tratamento de segunda linha, e novamente, cerca de 80% responderam, dos que sobraram. É uma abordagem de tentativa e erro, que resulta em um grande desperdício de recursos e um sofrimento considerável para o paciente, já que os tratamentos são padronizados, não personalizados. Com os avanços em tecnologia, teremos a capacidade de personalizar o tratamento desde o primeiro momento, economizando tempo e recursos. Isso é extremamente positivo, e é importante que a nova geração de profissionais de saúde e líderes compreenda a importância de incorporar tecnologia ao sistema para obter resultados melhores para o paciente. Isso se aplica não apenas à área clínica, mas também à gestão, como suprimentos, finanças e recursos humanos.

“A inteligência artificial nos permitirá descobrir padrões que nem sabíamos que existiam, acelerando significativamente a pesquisa baseada em dados reais que já foram coletados. Estou muito entusiasmado com essas perspectivas.”

Vem uma nova era boa por aí.

Paulo Chapchap – Eu acredito que a necessidade de incorporar tecnologias digitais está cada vez mais evidente. Nas empresas já estabelecidas, a maior barreira para essa incorporação geralmente surge ao criar uma área dedicada a produtos digitais. Isso ocorre porque, em vez de recorrer a soluções prontas no mercado, há uma tendência de querer desenvolver tudo internamente. Muitas vezes, os produtos disponíveis no mercado são vistos como comuns e incapazes de oferecer um diferencial competitivo. No entanto, é importante reconhecer que o verdadeiro diferencial competitivo está na grande massa de pacientes que uma empresa trata. Por exemplo, a DASA, que lida com 10 milhões de pacientes diferentes a cada ano, possui uma valiosa reserva de dados desses pacientes, o que é seu verdadeiro diferencial competitivo. Portanto, ao adotar tecnologias digitais, é essencial que a área de produtos digitais atue como uma curadora e integradora, em vez de tentar desenvolver tudo internamente. Muitas vezes, outras empresas são capazes de oferecer soluções mais ágeis e eficientes. Essa abordagem tem se mostrado mais eficaz em minha experiência, embora outras possam ter perspectivas diferentes.

Quais são as pautas que nós, aqui no Futuro da Saúde, temos que prestar atenção?

Paulo Chapchap – São muitas as pautas, mas acredito que a primeira delas seja a incorporação de tecnologia para a transformação. Estamos trilhando um caminho em que tecnologias como Car-T Cells estão se tornando cada vez mais custosas, aumentando o risco de exclusão. À medida que o custo aumenta devido ao rápido desenvolvimento e alto impacto dessas tecnologias, as desigualdades sociais se aprofundam, refletindo uma realidade quase universal. Nosso desafio é incorporar tecnologias que permitam viabilizar os custos elevados por meio de uma economia eficiente e maior precisão nos tratamentos. A personalização e a precisão dos tratamentos são fundamentais. A primeira medida para mitigar a crescente desigualdade é a rápida incorporação de tecnologias acessíveis, e muitas iniciativas já estão dedicadas a esse desenvolvimento. Além disso, é essencial promover uma maior aproximação entre as pessoas para construir sistemas mais robustos, capazes de resistir ao longo do tempo, mesmo durante crises inevitáveis, como pandemias e mudanças climáticas rápidas.

Natalia Cuminale

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, com as reportagens, na newsletter, com uma curadoria semanal, e nas nossas redes sociais, com conteúdos no YouTube.

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One Comment

  1. Eliete 30/06/2024 at 13:59 - Reply

    Excelente entrevista e entrevistado. O Paulo é excepcional. Parabéns!

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NATALIA CUMINALE

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