Mercado se prepara para a chegada de vacinas contra a Covid-19 em clínicas particulares
Mercado se prepara para a chegada de vacinas contra a Covid-19 em clínicas particulares
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 pelo mundo […]
Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 pelo mundo e com uma maior estabilidade no número de mortes, as farmacêuticas começaram a se movimentar para atualizar os imunizantes, adaptando às novas variantes, e pretendem também ampliar o acesso. Com isso, a rede privada brasileira já está se articulando para adquirir doses, até então exclusivas pelo sistema público.
A lei 14.125 de 2021 definiu que enquanto durar o estado de emergência provocado pela pandemia, somente o poder público está autorizado para adquirir vacinas, mas isso mudará em breve. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse na noite de domingo que o governo irá publicar nos próximos dias um ato normativo colocando fim na emergência sanitária provocada pela Covid-19.
De acordo com Geraldo Barbosa, presidente Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), as conversas com a AstraZeneca é a que está mais avançada nesse sentido, mas outras farmacêuticas, que já possuem registros definitivo da vacina no Brasil, já estão sondando o interesse do setor privado de adquirir doses. “Por mais que estejamos com a cobertura vacinal ideal, a doença ainda não sumiu do mundo. Então, o risco de uma nova variante e uma reintrodução de uma variante ainda é grande. Não tem sentido o mercado privado não poder entrar nessa ajuda”, defende Barbosa.
No Brasil, 75% da população recebeu duas doses da vacina e apenas 38% recebeu uma terceira dose (reforço). Até o momento, existem evidências científicas de que pessoas acima dos 60 anos e imunossuprimidas devem receber a quarta dose, mas não se sabe ao certo de quanto em quanto tempo vai ser necessário reaplicar a vacina daqui para frente, principalmente na população geral. Essas definições são importantes tanto para conter a pandemia, reduzindo ainda mais casos e mortes, quanto para o mercado adquirir as vacinas.
“Agora precisamos de estudos complementares, que comprovem a necessidade de dose de reforço para grupos específicos com orientação médica, como com maior risco, pessoas que trabalham em empresas com muita concentração de mão de obra, por exemplo. São situações que a vacina deve ser usada em critério técnico, e é isso que a indústria vai trabalhar. Estamos sendo abordados por várias delas com doses disponíveis e acreditamos que no cenário de curto prazo vamos ter a vacina”, afirma Barbosa.
Para o presidente da ABCVAC, o uso da vacina de Covid-19 no setor privado poderia ser parecido com o que ocorre atualmente com a gripe, em caso de viagens para locais endêmicos ou quando há empresas que compram doses para vacinar seus funcionários.
“O governo não tem muito essa ação individual, sempre é coletiva, e ele depende da busca espontânea. Quando você começa a mostrar às empresas que elas têm funcionários que não estão com a cobertura vacinal, que não completaram o esquema ou que não tomou o reforço indicado, você começa a aumentar o número de vacinados nesse grupo que está faltoso e onde acreditamos que vamos ter uma atuação importante”, defende o presidente da associação.
Ainda não se sabe qual será o custo por dose, mas a expectativa é que gire em torno de 80 reais. “A gente está trabalhando para que o preço seja próximo ao da vacina da gripe, apesar que com o dólar e o aumento na precificação de medicamentos que teve agora, a gente ainda está longe do preço definitivo”, explica Barbosa.
Farmacêuticas
Procurada, a AstraZeneca confirmou que está em negociação com o setor privado e a estimativa é que as primeiras entregas sejam feitas em maio. Ainda, alerta que as doses negociadas são importadas e não tem ligação com a produção nacional, feita pela Fiocruz.
A Pfizer é uma das farmacêuticas que possui o registro definitivo da vacina contra a Covid. Em nota enviada, a empresa afirma que “tem direcionado seus esforços aos acordos estabelecidos com os Governos centrais em todo o mundo, de modo que, neste momento, não há outras negociações em curso”.
Já a Janssen, que recebeu registro definitivo neste mês, afirma que até o momento o fornecimento de vacinas está sendo exclusivo ao Ministério da Saúde e não possui negociações vigentes com o mercado, mas “reconhece o papel do setor privado no enfrentamento da pandemia e informaremos as partes interessadas quando outras opções de aquisição de vacinas estiverem disponíveis”.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.