Luis Gustavo Kiatake, diretor da SBIS: “Há tecnologia para interoperabilidade, mas complexidade do setor e estratégia ainda são desafios”

Luis Gustavo Kiatake, diretor da SBIS: “Há tecnologia para interoperabilidade, mas complexidade do setor e estratégia ainda são desafios”

Em edição especial do Futuro Talks, Luis Gustavo Kiatake falou dos avanços, cases e desafios para a evolução da interoperabilidade no Brasil

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By Published On: 20/08/2024
Luis Gustavo Kiatake, em entrevista para episódio especial do Futuro Talks

Com o avanço tecnológico e a digitalização do setor, a interoperabilidade tornou-se um tópico recorrente na saúde. Isso porque a ampliação do trânsito de dados tem o potencial de promover maior integração dos sistemas, com benefícios que vão desde mais eficiência na gestão das instituições até a melhoria do cuidado do paciente na ponta. Mas apesar de já haver tecnologia disponível para isso, com softwares e plataformas, ainda há desafios de padronização, infraestrutura – principalmente no sistema público – e até mesmo de estratégia. Esse foi um dos temas explorados no novo episódio especial do Futuro Talks, que recebeu Luis Gustavo Kiatake, ex-presidente e atual diretor de relações institucionais da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Ao longo da conversa, Kiatake afirmou que a interoperabilidade entre os sistemas de saúde e a digitalização das jornadas de cuidado do paciente são um caminho sem volta e, inclusive, já estão se tornando uma realidade, com iniciativas tanto no setor público quanto no privado. Exemplos reais desse avanço incluem iniciativas em municípios, como o caso de Manacapuru, na região amazônica, que está utilizando intervenções digitais de telessaúde e prontuário eletrônico para acompanhar a jornada de pacientes diabéticos, incluindo teleconsultas e transferências para atendimentos especializados.

Contudo, a fragmentação do setor, composto por atores com interesses diferentes, e a sensibilidade dos dados tornam o avanço mais complexo. Por isso, o diretor da SBIS defende que uma base regulatória pode ser um caminho para facilitar a troca de informações. Segundo ele, todo esse cenário de digitalização do setor será um catalisador para a sustentabilidade do setor e até mesmo para uma transição para modelos de saúde baseados em valor.

Durante a entrevista, Kiatake ainda abordou os avanços na interoperabilidade na saúde pública – que tem visto progressos na avaliação de maturidade digital, prontuários eletrônicos e o programa SUS Digital –, a importância da privacidade dos dados e o papel da inteligência artificial como facilitador da evolução tecnológica.

Confira a entrevista a seguir:

A interoperabilidade é um tema que está longe de ser novo na saúde. Vimos alguns casos práticos avançando, mas, ao mesmo tempo, muitos gestores dizem que, nos bastidores, essa interoperabilidade nem sempre funciona dentro das próprias empresas. Qual é o cenário real da saúde digital no Brasil e da interoperabilidade de dados?

Luis Gustavo Kiatake – Podemos dizer que já temos cenários que funcionam muito bem no Brasil. A questão da interoperabilidade, como é o caso da própria ANS com o padrão TISS, que é um padrão de troca de informações na saúde suplementar, existe há mais de 10 anos e é um modelo de interoperabilidade. Claro, com um propósito mais específico para pagamento. Quando você abre uma empresa e participa da saúde suplementar, precisa ter uma forma clara de ser remunerado por isso, então a interoperabilidade é quase um pré-requisito. O que estamos discutindo mais agora são os diferentes usos que precisamos implementar para a troca de informações. É necessário ter informações clínicas, e não apenas informações para a finalidade de pagamento. Temos boas experiências, oportunidades e ações para a troca de informação clínica. Estamos realmente apenas começando, mas, ao observarmos o panorama internacional, vemos que a dificuldade de avançar nesse cenário não é exclusividade do Brasil. Vários países também promovem essa troca de informação clínica, com um avanço modesto, digamos assim. Nos últimos anos, conseguimos consolidar uma base regulatória e tecnológica para que isso aconteça. Passamos algumas etapas importantes.

E como está especificamente a implementação da troca de dados clínicos na jornada do paciente dentro do sistema de saúde suplementar?

Luis Gustavo Kiatake – Existem alguns pontos importantes a considerar. Em termos tecnológicos, já amadurecemos bastante. No passado, tivemos discussões mais técnicas, de usar um padrão A ou B, e essas discussões impediam que se discutisse algo maior. Acho que superamos isso. Agora, discutimos como criar instrumentos para que a interoperabilidade efetivamente aconteça. Precisamos de um instrumento legal e obrigatório para que isso se concretize? Atualmente, não temos essa obrigatoriedade. Mesmo quando vemos algumas ações, inclusive da própria ANS para a saúde suplementar, que falam sobre a necessidade de promover a saúde e ações de prevenção à saúde, esses instrumentos não são obrigatórios. Eles procuram mostrar benefícios para as operadoras que adotam práticas de saúde preventiva, mas não é uma exigência. Talvez o que eu diria é que precisamos de alguns instrumentos que sejam de benefícios. Será que estamos trabalhando com os benefícios corretos, que realmente incentivem o setor a adotar essas práticas? Por outro lado, precisamos de instrumentos mandatórios. São regulamentares, ou seja, é algo que você tem que fazer, que é obrigatório. No entanto, quando falamos disso, estamos tratando de informações muito sensíveis, muito críticas para o próprio indivíduo.

Não dá para fazer de qualquer jeito.

Luis Gustavo Kiatake – A própria consolidação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é um pré-requisito para isso. Se começarmos a trocar informações sem nos preocuparmos com questões de privacidade, podemos enfrentar alguns desastres, no sentido de problemas éticos que desmontem toda a estrutura criada. Precisamos começar com controles básicos, pelo menos. E veja quanto tempo estamos discutindo a questão da LGPD. São muitos anos. Acho que estamos ganhando maturidade nesse sentido. Ainda há uma questão importante de envolver o próprio indivíduo. Mesmo na questão da privacidade, não sei se o brasileiro, especificamente, tem noção do que acontece quando compartilha alguma informação. Seja uma informação comercial ou para uma pesquisa, se ele não tem essa noção com informações menos complexas, imagine quando for compartilhar informações de saúde. Ainda há espaço para amadurecimento nesse sentido. Como algumas bases já foram trabalhadas, temos a oportunidade agora de avançar mais rápido.

É comum compararmos a interoperabilidade na saúde com o setor financeiro. No entanto, na saúde lidamos com dados mais sensíveis e enfrentamos desafios de maturidade e falta de padronização. Qual você acredita ser o principal obstáculo dessa troca?

Luis Gustavo Kiatake – Podemos separar em duas visões. Apesar da questão tecnológica, dos bits e bytes, estar relativamente tranquila, o setor da saúde é extremamente complexo. Comparado, por exemplo, ao setor financeiro, a diferença é abissal. Para dar uma ideia, na saúde suplementar trabalhamos com 67 tabelas dentro desse protocolo. Alguns números ilustram isso: a tabela de medicamentos tem quase 40 mil itens, a de procedimentos tem 6 mil, e a de diárias e taxas, que inclui até taxas simples como de lixo, tem 3.500 itens. E a tabela gigante de materiais e medicamentos possui mais de 1 milhão de itens. Comparando com o setor financeiro, onde uma conta corrente pode ser simplificada a parâmetros como entrada e saída de dinheiro, empréstimos e consignações, esses números destacam a complexidade inerente ao nosso setor e ao que fazemos.

É a complexidade do nosso negócio?

Luis Gustavo Kiatake – A saúde é fragmentada, desarticulada como setor. Significa que, enquanto os bancos conseguem se unir por meio de algumas associações que representam harmonicamente o setor financeiro perante o governo, na saúde temos uma realidade diferente. Primeiro, há muitos players, como milhares de hospitais e mais de mil planos de saúde. Além disso, temos unidades assistenciais como clínicas, médicos e farmacêuticos na ponta do sistema. As representações no setor também não são harmoniosas. Temos grandes e pequenos hospitais, grandes e pequenos laboratórios, e uma grande diversidade de planos de saúde, incluindo seguradoras e autogestões, cada um com características distintas. Os interesses corporativos variam amplamente, o que torna difícil alcançar um consenso sobre agendas para trabalhar com o congresso, tanto legislativo quanto executivo. Um player importante são as Santas Casas, por exemplo, que são privadas mas atendem ao SUS e possuem uma associação específica. Um hospital filantrópico tem instrumentos diferentes de um hospital pequeno 100% privado. Como não conseguimos chegar a uma pauta comum, especialmente em questões de saúde digital, torna-se muito desafiador abordar questões unificadas no setor da saúde.

Onde estão os principais gargalos que estão impedindo um avanço mais rápido na saúde pública, mesmo com iniciativas como a Secretaria de Saúde Digital, o índice de maturidade digital, os prontuários da EBSERH e o meu SUS digital?

Luis Gustavo Kiatake – Quando pensamos na implantação da interoperabilidade em nível nacional, especialmente considerando que a maior parte dos serviços é pública e gerida pelo governo, temos alguns trabalhos já realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que oferece diretrizes e guias bem fundamentados. No Brasil, frequentemente baseamos nossas estratégias nesses guias macro. Ao discutirmos a implementação de uma aplicação ou digitalização nacional, há vários aspectos a considerar. Anteriormente, tínhamos um documento chamado Estratégia de E-Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde, que também se baseava nessas diretrizes da OMS. Esse contexto abre caminho para diversos eixos e pilares de desenvolvimento. Ali temos desde a governança, quem controla isso, quem especifica as regras para essa troca de informação. Uma questão muito importante é a dos recursos humanos. Precisamos de profissionais que entendam um pouco desse assunto, tanto para utilizar um serviço de saúde digital quanto para desenvolver ferramentas de saúde digital, algo que muitas vezes é negligenciado. Será que nossos profissionais de saúde sabem como usar essas novas ferramentas? Eles entendem, por exemplo, um prontuário eletrônico como uma ferramenta de trabalho, tanto quanto um bisturi? Na faculdade, eles aprendem a usar o bisturi, mas será que aprendem a usar o prontuário eletrônico? Não aprendem, e isso é um fato. Por quê? Porque não temos disciplinas dedicadas a isso nas graduações. Esse é um trabalho que a Sociedade Brasileira de Informática e Saúde também realiza, defendendo a inclusão desse conhecimento na graduação e na pós-graduação.

Olhar a estratégia como um todo.

Luis Gustavo Kiatake – Tem várias outras coisas. Um pilar importante é o da infraestrutura também. Precisamos ter conectividade, computadores, e por incrível que pareça, mesmo em grandes cidades, nas grandes capitais, temos algumas dificuldades de conectividade, seja conectividade móvel ou cabeada. Quando olhamos para o panorama como um todo, dá um pouco de falta de ar, mas são questões tão diferentes umas das outras, que nós precisamos trabalhar em paralelo. Não dá para falar, “eu vou primeiro resolver a questão da governança, depois do RH, depois da infraestrutura”, não dá. Tem que dividir para conquistar, e cada um vai trabalhando separadamente nessas linhas. Quando consideramos um município, por exemplo, enfrentamos dificuldades em capacitar os profissionais de saúde no uso de prontuários eletrônicos e na escolha e instalação adequada dessas ferramentas. E uma vez instaladas, será que os profissionais saberão usá-las eficazmente? E o que faremos com as informações coletadas? Esses são desafios frequentes nos municípios. Além disso, a infraestrutura é uma preocupação: os computadores estão disponíveis e são adequados? A conectividade com a internet é suficiente?

São muitas dificuldades.

Luis Gustavo Kiatake – Estou trazendo alguns exemplos só para mostrar um pouco dessa dificuldade aplicada, mas que nós temos até clareza. Não é um negócio, “ah, vou descobrir na hora”. Nós já sabemos. E fico muito contente com a criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital no Ministério. Isso era um pleito da sociedade, fez parte das nossas recomendações para a equipe de transição e foi muito valorizado. O governo está com esse olhar da importância da saúde digital. Uma questão importante dos pilares também é o financiamento. Como fazer, principalmente para a área pública? Se eu preciso treinar a equipe, comprar o computador, de onde vai sair dinheiro para isso? Se o município receber algum dinheiro, não tenha dúvida que ele vai querer direcionar para assistência. Ele vai comprar um remédio que precisa, uma vacina, alguma questão assim, um material que está faltando ali na unidade básica, do que informatizar. Então, precisamos ponderar isso porque a informatização traz ganhos um pouco mais a longo prazo, não é um ganho imediato. E o Ministério já buscou endereçar isso com esses programas, o SUS Digital.

A ideia é marcar o orçamento para esse fim?

Luis Gustavo Kiatake – É um orçamento extra para ser gasto nesta rubrica. E está se desenhando como esse dinheiro será gasto dentro de um município, de uma maneira harmonizada com o seu entorno. Não é um município com uma ação e outro município com outra ação. Vamos pensar em termos de região. Esse foi o mapa do planejamento do Ministério da Saúde e um passo superimportante para atuar nos municípios. Temos o índice de maturidade que você falou, até para saber onde que precisa mais apoio, menos apoio, para isso precisamos saber como que aquele município está. Veja que são ações estruturantes. Apesar do financiamento da saúde digital, desse primeiro programa, não ser tão grande financeiramente, já é um instrumento definido. E também não é simples criar um instrumento, legalmente falando, como que eu vou repassar dinheiro para aquele município? Só essa estrutura já é um trabalho grande e que está posto. Já tem um instrumento de financiamento. Agora é só ter mais recurso dedicado para essa distribuição. Essa distribuição pode ser feita de uma maneira mais acertada com os resultados que vierem do índice de maturidade. É positivo ver esses primeiros passos.

Temos uma maturidade digital básica para iniciar isso? Ou estamos muito atrasados?

Luis Gustavo Kiatake – Acho que o Brasil é muito grande, então isso não é homogêneo. E nem acho que precise ser. Não podemos estabelecer um padrão mínimo e dizer que só começaremos a implantar prontuários eletrônicos quando o menor e menos preparado município estiver pronto. Dentro dessa diversidade do nosso país, encontramos condições muito diferentes. Algumas regiões enfrentam grandes dificuldades, enquanto outras têm menos desafios. Nessa questão específica, temos ainda algum aprendizado a ser feito em algumas regiões e outras já estão um pouco mais acostumadas a isso. Mas de uma maneira geral, temos bases boas para progredir. Se olharmos para esses pilares, o educacional é difícil, mas está indo, a infraestrutura está indo, talvez a governança precise agora de uma atenção um pouco maior, que são aqueles instrumentos ou de incentivo ou mandatórios, para que a coisa dê um passo mais consistente.

Há projetos de lei?

Luis Gustavo Kiatake – Tem a discussão de um projeto de lei, do prontuário eletrônico, do prontuário integrado, como eu chamo, que é realmente termos formas de interoperabilidade, trocar informação de saúde e de promover a continuidade do cuidado. Talvez seja aquele instrumento que falta dentro desse nosso quebra-cabeças, digamos assim, desses montes de pilares. E é bom ver que estamos trabalhando em cima dele. Claro que a tramitação de um projeto de lei tem um tempo, mas não é um projeto novo, uma discussão nova. Tivemos no Congresso toda a tramitação da lei da telessaúde e trouxe uma grande maturidade. A pandemia, sem dúvida nenhuma, trouxe uma maturidade maior com relação à necessidade do digital. Por exemplo, com a informação sobre disponibilidade de leitos. São decisões que o tempo influencia muito. Diferente quando estamos falando de uma continuidade do cuidado, que é algo um pouco mais longo. A pandemia trouxe esses dois mundos. Precisamos de agilidade para a tomada de decisões de gestão e também, obviamente, da questão clínica, dos protocolos.

Um instrumento legal como esse ajudaria no avanço mais rápido?

Luis Gustavo Kiatake – Sem dúvida nenhuma. No entanto, enquanto isso, existem alguns instrumentos menores que podem ser explorados. A ANS, dentro de sua área de atuação, também pode contribuir nesse sentido. Por exemplo, durante a pandemia, vimos a obrigatoriedade do envio dos resultados dos testes de Covid pela Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Essa obrigatoriedade foi formalizada através de uma portaria do Ministério da Saúde, mostrando que é um instrumento não tão complexo. E os resultados foram incríveis em termos da quantidade de informação que conseguimos. Nem todos os laboratórios enviam os dados pela RNDS até hoje, pois ainda não é obrigatório. Alguns optam por enviar essas informações pelo e-SUS Notifica, um sistema manual, apesar da obrigatoriedade de envio pela ANS. No entanto, apenas uma quantidade ínfima de dados segue por esse caminho. Conseguimos centralizar e organizar os registros de vacinação, especialmente os da vacinação pública, que ocorre em quase todos os municípios do Brasil, de forma eletrônica. Esse avanço já se estendeu para a carteira de vacinação, incluindo as clínicas privadas de vacinação também. O que estamos falando não é uma informatização. Já está faz tempo, mas era aquele sistema manual. Estamos falando de um sistema automatizado. Quando uma instituição faz um registro e envia uma mensagem, ela utiliza um certificado digital, o que garante autenticidade e origem confiável da informação. O paciente já está registrado na base nacional, o que diferencia esse processo do método manual, que ocasionalmente carece de controle.

Quais outros prontos você destacaria para avançar?

Luis Gustavo Kiatake – É saber para onde avançar. Que tipo de informação queremos trocar. Quando consideramos outros usos para essa troca de informações, surgem aspectos menos óbvios. O Ministério da Saúde tem trabalhado na padronização de mensagens, como resumos de atendimento hospitalar e alta médica, além do registro de atendimento clínico pós-consulta, fornecendo as informações necessárias para a continuidade do cuidado. Existem alguns instrumentos disponíveis, mas na minha visão, é essencial que esses estejam alinhados com necessidades clínicas mais explícitas. Por exemplo, há tratamentos para pacientes crônicos organizados em linhas de cuidado, onde já existem protocolos estabelecidos. Será que podemos trabalhar por essas linhas de cuidado? Podemos explorar intervenções digitais, como a OMS denomina, que podem modificar essas práticas. É necessário colaborar com sociedades de especialidade para introduzir aplicativos de autocuidado, telemedicina e outras soluções digitais. Como isso alteraria os protocolos existentes? Quais informações são essenciais para a continuidade do tratamento dentro dessas linhas de cuidado?

Como estão os projetos que você acompanha para transformar essas jornadas específicas de saúde em digitais? Poderia compartilhar um case real? Além da gestão de pacientes crônicos, existem outros exemplos que você poderia mencionar?

Luis Gustavo Kiatake – A ANS lançou uma consulta pública para que o setor possa submeter experiências nas linhas de cuidado, incluindo intervenções digitais, como estamos promovendo enquanto SBIS. Essa iniciativa visa mapear as práticas existentes. Embora a consulta da ANS se concentre na saúde suplementar, no ano passado também tivemos o primeiro simpósio da Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (SEIDIGI), voltado para o público. Houve uma chamada de trabalhos para que os municípios submetessem suas experiências com saúde digital, resultando em mais de 250 submissões. Agora, o Ministério enfrenta o desafio de compilar essas informações. Participamos na avaliação pela Comissão Científica, e uma proposta decorrente dessa iniciativa é desenvolver um diretório ou catálogo. Esse recurso permitiria a busca por experiências similares. Por exemplo, alguém interessado em implementar telessaúde na atenção básica poderia consultar quais municípios já realizaram isso e avaliar suas experiências. É importante que o Ministério incentive os estados a participar e promover essa compilação.

E dentro das iniciativas privadas?

Luis Gustavo Kiatake – Em relação à jornada de diabetes, já está em andamento uma pesquisa dentro de uma operadora com duas abordagens: digitalização da linha de cuidado e avaliação dos resultados obtidos. Quando avaliamos esses resultados, quais indicadores devem ser considerados? Há uma discussão antiga sobre o valor em saúde, que deveria guiar e promover uma nova arquitetura no setor de saúde, incluindo métodos de pagamento. O modelo de pagamento baseado em procedimentos e materiais apresenta contradições significativas, especialmente entre os provedores de serviços de saúde, que buscam maximizar procedimentos e materiais, e os pagadores, que procuram minimizar custos. São interesses e objetivos totalmente opostos. Quando falamos em VBHC (Value Based Healthcare), começamos a mudar esse cenário. A ideia é medir o resultado do tratamento: se for um sucesso, o prestador recebe mais. Isso incentiva os prestadores a buscarem o melhor tratamento e os melhores resultados, que podem incluir medidas preventivas. Cuidar da saúde de uma comunidade também se torna benéfico, pois uma comunidade mais saudável significa menos custos para o sistema, mesmo recebendo a mesma quantia de dinheiro. Essas abordagens estão sendo experimentadas e desenvolvidas.

Como essas experiências ajudam?

Luis Gustavo Kiatake – Tem essa experiência da Roche com uma operadora de planos de saúde, já para fazer essa avaliação. E agora duas experiências no setor público, que é muito legal. Vimos também uma possibilidade de ter um investimento para ter uma experiência dentro de um município para fazer essa jornada. Há um caso de uma jornada de diabetes, que está sendo feito na região amazônica, no município de Manacapuru, com intervenções digitais de telessaúde e do compartilhamento do prontuário eletrônico. Mas, dentro dessa linha, queremos acompanhar desde a primeira consulta desse paciente na UBS, de uma primeira manifestação, e estamos propondo usar ali um teste rápido, com o resultado todo digitalizado, integrado no prontuário eletrônico, que já é uma novidade tecnológica, digamos assim, para conseguirmos medir qual é o impacto de eu já ter um teste rápido para a detecção da hemoglobina glicada, por exemplo, nessa comunidade. Então, desde esse primeiro atendimento, já tem uma triagem um pouco diferente, porque precisamos de algumas informações para fazer essa avaliação depois de 12 e 24 meses, alguns hábitos saudáveis. Precisamos de um pouquinho mais de informação para medir esse desfecho.

Você tem acompanhado essa jornada?

Luis Gustavo Kiatake – Então, especificamente o Manacapuru usa o sistema de prontuário eletrônico gratuito do Ministério da Saúde, o e-SUS-AB, o e-SUS-APS ou PEC, Prontuário Eletrônico do Cidadão, que é ótimo, já é uma infraestrutura que está na maioria dos municípios no país. Manacapuru é uma cidade com mais de 60 mil habitantes, próxima até de Manaus, mas ela não tem disponibilidade de endocrinologistas. Então, esse paciente vai para uma policlínica ali do município, mas vai ser atendido por teleconsulta por um médico da Universidade Federal do Amazonas, do Hospital Universitário Getúlio Vargas, que já tem um núcleo de e-saúde, é um hospital da rede EBSERH. E se esse paciente precisar de deslocamento, ele vai ser transferido para Manaus e ser atendido nesse hospital. Se o município, aquele hospital que receber esse paciente tiver o sistema, que é um sistema público – o AGHU, um sistema desenvolvido dentro da EBSERH e que por este convênio do Ministério da Saúde está sendo disponibilizado para todo o SUS –, dentro dessas condições, talvez a gente consiga fazer essa medição fim a fim.

Quais entraves já sabem que existe nessa jornada do paciente?

Luis Gustavo Kiatake – O paciente, por exemplo, após uma internação, volta para a atenção especializada, para a atenção básica, é onde está o cotidiano. Ele volta, mas as informações não voltam. É o que chamamos de transição do cuidado. Quando trazemos essas intervenções digitais, promovemos uma melhor transição do cuidado. Aquela equipe de saúde da família que está acompanhando essa pessoa lá na casa da pessoa, quando ela souber como foi a cirurgia, como foi esse desfecho hospitalar, ela consegue ter um tratamento muito melhor. Em Curitiba, há um case também em andamento voltado para câncer de mama, em que também está sendo feita essa jornada, desde a atenção primária até a especializada e esse retorno.

Esse seria o mundo ideal, ter o acompanhamento de ponta a ponta?

Luis Gustavo Kiatake – Na minha visão, quando falo da linha de cuidado, vejo que ainda estamos em um degrau inicial. O ideal é avançarmos para um cenário de saúde preventiva. Pacientes que estão em uma linha de cuidado para diabetes frequentemente têm múltiplas comorbidades e outras condições crônicas. Estamos focando em uma delas, mas precisamos expandir para incluir outras condições crônicas. Nosso objetivo final é capacitar os cidadãos a se manterem saudáveis, utilizando aplicativos de autocuidado, por exemplo. Discutimos bastante sobre os determinantes sociais, que têm uma influência significativa no desenvolvimento de condições crônicas em indivíduos. Uma vez mapeadas as condições sociodemográficas de um cidadão, precisamos ter um meio de comunicação eficaz com ele. É aí que entra a tecnologia digital, como um aplicativo, por exemplo, onde já temos informações como renda, escolaridade, região e etnia do usuário. Utilizando esses dados, podemos fornecer orientações personalizadas para cada pessoa. Estes são os passos que consideramos importantes.

Quando falamos de interoperabilidade e uso de dados na saúde, frequentemente focamos em gestão e eficiência, mas raramente exploramos o valor em saúde. Você vê uma conexão direta entre interoperabilidade e entrega de valor em saúde?

Luis Gustavo Kiatake – Ela está muito atrelada, porque o VBHC precisa de informações de toda a jornada. Dá para fazer VBHC no papel? Até dá, se você tiver meia dúzia de pacientes que você estiver acompanhando. A partir do momento em que temos uma escala, aí não dá mais para ser feito no papel. Precisamos do eletrônico. E não basta ter quaisquer informações, precisamos ter uma definição de protocolos. O protocolo pode ser definido no papel também, mas quando está no eletrônico, tem outras possibilidades, até de incorporação de dados que já vinham prontos do prontuário eletrônico. Já venham prontos os resultados do exame, que compõem o conjunto de informações que precisamos para apurar o desfecho baseado em valor. Apesar de ser possível fazer sem a digitalização, ele é praticamente inviável.

A digitalização viabiliza isso.

Luis Gustavo Kiatake – Quando discutimos a sustentabilidade do setor de saúde, um tema que já estamos debatendo há alguns anos, a digitalização se apresenta como um pré-requisito para melhorar essa sustentabilidade. Quais são os instrumentos que temos para promover sustentabilidade? Vamos considerar a redução de desperdício, por exemplo. Para reduzir desperdício, precisamos entender o que está acontecendo. Será que a equipe de enfermagem está utilizando o cateter correto para cada situação, ou estão optando por um cateter mais caro sem necessidade? Isso representa desperdício. Um sistema eletrônico pode ajudar nisso ao fornecer orientações baseadas nas condições do paciente e sugerir alternativas à equipe clínica. Além disso, quando falamos sobre detecção de fraudes, uma preocupação atual nos planos de saúde, a utilização de inteligência artificial pode ajudar a identificar irregularidades no sistema. Nosso objetivo é promover um sistema de saúde mutualista e eficiente. Se uma pessoa está usando de uma maneira indevida o sistema, alguém está pagando por isso. Os bons estão pagando pelos maus. Então, identificar os maus usuários é um objetivo de todo o sistema.

Como fazer isso?

Luis Gustavo Kiatake – Com o uso da inteligência artificial. Mas o dado precisa ter qualidade, ter protocolos. Vamos falar em saúde preventiva. Como eu vou fazer saúde preventiva sem informação, sem as ferramentas digitais? Então, sim, a saúde digital é um pré-requisito para uma medida de desfecho baseada em valor, mas mais do que isso, no meu entendimento, ela é um pré-requisito para caminharmos para a sustentabilidade.

Como você avalia os esforços de interoperabilidade da EBSERH com o aplicativo AGHU para hospitais universitários? Você acha possível que esse aplicativo se torne o prontuário padrão do Brasil?

Luis Gustavo Kiatake – Muito audacioso. Mas precisamos fornecer instrumentos para aqueles que não têm condições de adquiri-los. Então, o AGHU pode ser uma opção, e pode haver prontuários com melhor qualidade e funcionalidades adicionais, que certamente são úteis se os hospitais puderem adquiri-los. No entanto, dada a diversidade e as dificuldades no Brasil, fornecer esses instrumentos é algo muito positivo, como vemos na atenção primária. Municípios com menos recursos podem utilizar o PEC, um sistema disponibilizado pelo governo, pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Tivemos no passado o e-SUS hospitalar, que não progrediu. Precisamos focar em um instrumento estratégico. Não podemos ter vários softwares governamentais gratuitos, pois seria um desperdício. Devemos concentrar nossos recursos em menos instrumentos e investir mais no seu desenvolvimento. Outra questão importante é que, só porque um sistema é de código aberto, não significa que não tenha custo. Você precisa de hardware, de infraestrutura em nuvem para operá-lo, e mais crítico ainda, você precisa de conhecimento para implementação e uso. Hospitais que já passaram por informatização sabem que a implantação de um prontuário eletrônico requer um trabalho intensivo e muda os processos internos. Não é algo trivial. Portanto, é crucial ter bons fornecedores que saibam instalar o sistema e ofereçam treinamento adequado. Os gestores precisam entender que todas essas ações são essenciais. Não basta apenas decidir adotar. A implementação pode resultar em fracasso se não forem realizadas todas essas preparações.

Se pensarmos em um cenário ideal de interoperabilidade, deveria existir apenas um prontuário eletrônico ou vários prontuários podem coexistir efetivamente?

Luis Gustavo Kiatake – Se houvesse uma tecnologia única, não precisaríamos de interoperabilidade. Isso já estaria resolvido. No entanto, essa situação é impossível. Em nenhum lugar do mundo temos isso. Não acredito que seja saudável ter vários sistemas interagindo entre si. Além disso, os sistemas não são homogêneos. Ou seja, não há um sistema hospitalar único que seja utilizado por todos os hospitais, nem um único fornecedor que possa atender a todas as necessidades de um hospital. Temos sistemas laboratoriais, de imagem, de prontuário eletrônico e cada vez mais sistemas especializados. Por exemplo, há soluções de inteligência artificial que são excelentes para auxiliar no diagnóstico de câncer. Nem todo hospital trabalha com câncer. Então, aquele hospital que trabalha com câncer, ele pode acoplar só essa funcionalidade no prontuário eletrônico que ele tiver. Quando temos interoperabilidade, conseguimos fazer esses plugs. Dentro desse contexto, vemos as startups e a facilidade de desenvolver soluções, geralmente soluções pontuais. Elas podem ser complexas, mas são focadas em necessidades específicas devido ao tamanho das startups. É aí que a interoperabilidade se torna crucial. Temos uma variedade de aplicativos e startups oferecendo soluções, e embora precisemos qualificar essas opções, sem interoperabilidade, não conseguimos integrá-las de forma eficaz. Isso é importante porque, mesmo se tivéssemos um prontuário único, haveria diversas funcionalidades adicionais que dependem da interoperabilidade para serem integradas.

Eu queria um pouco do teu olhar para a parte comportamental. Como você tem visto esse cenário? Ainda tem necessidade de mudar a mentalidade dos gestores para que a interoperabilidade aconteça?

Luis Gustavo Kiatake – Acho que sim. Vamos imaginar um gestor de uma empresa privada. Muitas vezes, a mentalidade dele é centrada no negócio. Ele sabe que talvez, se houvesse compartilhamento de informações, poderíamos melhorar a saúde das pessoas. Mas ele está focado no seu próprio negócio. As informações nem sempre fortalecem o negócio, a menos que as soluções também beneficiem o seu negócio. Por exemplo, o critério de fidelização com o paciente é baseado nas informações do laboratório ou hospital. Mudar esse modelo de negócio para oferecer continuidade de cuidados é complexo. Você está criando um novo produto dentro do seu negócio, apoiado em tecnologia, o que não é trivial. Grandes corporações, como laboratórios e hospitais, já estão investindo em inovação, mas são iniciativas de longo prazo. É difícil convencer um executivo a priorizar algo que representa apenas 1% do faturamento atual, mesmo que possa crescer e mudar no futuro. Por isso, esses instrumentos precisam eventualmente ser balizados por regulamentações que beneficiem o cidadão, independentemente do tipo de serviço de saúde que ele use.

O próprio paciente pode ser um agente de mudança nesse processo?

Luis Gustavo Kiatake – Acredito que sim, ele pode ser um dos vetores. A LGPD para mim traz um discurso que nos ajuda muito: o dado é seu. Independentemente do tipo de dado, seja seu endereço ou telefone, ele é seu. Você o forneceu para um e-commerce e pode solicitar que ele seja apagado, seguindo certas regras. Minha esperança é que a LGPD traga essa primeira conscientização para o cidadão: o dado de saúde também é seu, tanto quanto aquele endereço fornecido para um e-commerce. No entanto, o que ainda não temos é a orientação sobre o que fazer com esses dados. Então, se compreendermos que eles são nossos, poderíamos começar a organizar um sistema para melhorar a saúde preventiva. Isso poderia ajudar muito. Por exemplo, se você está tentando perder peso, ter acesso ao seu histórico poderia oferecer orientações alimentares mais precisas para alcançar seus objetivos.

Mas como isso poderia acontecer?

Luis Gustavo Kiatake – Neste momento, se alguém falar “o dado é meu”, é possível que hospitais e laboratórios entreguem um monte de papéis. Na melhor das hipóteses, PDFs. Como vou organizar essa informação? Por isso que os padrões são importantes. Ao mesmo tempo, vemos a tecnologia de inteligência artificial, ainda mais das LLMs, correndo em paralelo. A inteligência artificial vai nos ajudar a dar uma organizada nisso. E por incrível que pareça, aqueles prontuários escritos em papel, que estavam num arquivo morto, num estoque lá em outra cidade, talvez aquilo tenha uma utilidade gigante se conseguirmos digitalizar, passar por um processo de inteligência artificial e extrair informação daquilo. São vários caminhos que temos. Essa consciência de o paciente ser o vetor, acho que é importante. Temos uma dificuldade de padronização e temos que continuar com isso. Ao mesmo tempo, eventualmente, a inteligência artificial pode nos ajudar nisso.

Se eu fizer essa mesma entrevista com você daqui a um ano, você acha que vamos ter avançado?

Luis Gustavo Kiatake – Não tenho a menor dúvida. Será melhor examinar o que conquistamos até agora, por que avançamos, e como podemos avançar ainda mais rápido, pois em um ano não teremos resultados espetaculares. Há algumas iniciativas como o Obamacare nos Estados Unidos, que incentivou hospitais, inclusive privados, a adquirirem sistemas de prontuário eletrônico. Isso representou um grande avanço em termos de informatização. No entanto, logo em seguida, vimos muitos ataques cibernéticos. Todos esses movimentos são importantes, mas estamos aprendendo ao longo do caminho. Não adianta apenas informatizar de qualquer jeito. Qual é o bom senso que devemos seguir? Queremos disponibilizar dados para pesquisa. Mas como faremos isso? Existem premissas básicas a serem seguidas. Se não definirmos adequadamente as questões de privacidade, enfrentaremos dificuldades. Isso é uma responsabilidade enorme e não se resolve da noite para o dia. Daqui a um ano, ainda teremos muito a aprender com tudo isso. Lembro-me de ter escrito um artigo para o Journal of Health Informatics em 2020, prevendo que seria o ano da virada.

O que disse no artigo?

Luis Gustavo Kiatake – Eu trouxe ali alguns elementos falando que já tínhamos prescrição eletrônica, telessaúde, não foi uma previsão. E aí veio a pandemia e realmente 2020 foi um ano de grandes viradas. Apesar de agora vermos uma certa acomodação. Você já deve estar vendo também, o número de teleatendimentos caiu. Estamos encontrando melhores utilidades e melhores desfechos para isso. Desacelerou um pouco, mas ela está com uma qualidade muito melhor, com propósitos muito mais claros do que antes. Se tivéssemos uma medida de desfecho, poderíamos dizer que agora estamos usando melhor. Então, daqui a um ano podemos conversar novamente sobre isso.

Para encerrar, quais são as pautas que precisamos prestar atenção?

Luis Gustavo Kiatake – Temos algumas questões de curto prazo. O próprio projeto de lei está tramitando. Se conseguirmos completar a tramitação deste projeto neste ano, será um sucesso. Vamos investir para garantir que ele avance com conteúdo adequado. Outra regulamentação importante é o projeto de lei da inteligência artificial, que tem um impacto direto na saúde. Algumas regras anteriores estavam muito rígidas, o que era preocupante. Precisamos encontrar um equilíbrio, talvez criando espaços controlados, como o que chamamos de ‘sandbox’, para permitir experimentação regulada. Acho que são grandes linhas. Todas as iniciativas da SEIDIGI, obviamente, precisam ser olhadas, apesar de que todas têm um tempo diferente. Essa iniciativa da ANS sobre as linhas de cuidado é uma aplicação prática que estamos discutindo em projetos PROADI, como a ontologia brasileira de medicamentos, que é um pré-requisito para a prescrição eletrônica. A prescrição eletrônica é um trabalho que desenvolvemos há muito tempo dentro da sociedade, antes da pandemia. Acreditamos que é essencial ter uma prescrição eletrônica para todos os tipos de medicamentos. Estamos em conversas com a Anvisa sobre isso, mas mais do que simplesmente um PDF, precisamos de uma informação codificada e bem formatada. O Ministério da Saúde já publicou duas normativas da RNDS, o RPM e o RDM (Registro de Prescrição Médica e Registro de Dispensação Médica), que são passos importantes. Ainda há necessidade de aperfeiçoamentos, especialmente para integrar com a Farmácia Popular, mas vejo muitos avanços que devem ocorrer ainda este ano.

Há algum outro ponto?

Luis Gustavo Kiatake – Falei pouco da indústria farmacêutica, que é um outro player com uma abordagem completamente diferente e cada vez mais integrada. Por exemplo, na saúde suplementar, há iniciativas de compartilhamento de risco, onde a indústria farmacêutica assume parte do risco do tratamento; se o tratamento não for efetivo, ela reembolsa o prestador. São várias questões voltadas para a viabilidade e sustentabilidade do setor. No entanto, é um player que não estava tradicionalmente integrado na saúde suplementar e agora está surgindo. Como podemos integrá-lo?

M-BR-00015923

Natalia Cuminale

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, com as reportagens, na newsletter, com uma curadoria semanal, e nas nossas redes sociais, com conteúdos no YouTube.

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