Leonardo Vedolin, VP médico da Dasa: “Tecnologia precisa ser mais utilizada para prevenção”

Leonardo Vedolin, VP médico da Dasa: “Tecnologia precisa ser mais utilizada para prevenção”

No novo episódio de Futuro Talks, Leonardo Vedolin falou sobre o papel da tecnologia para melhorar a jornada do paciente e trazer mais eficiência para o setor

By Published On: 04/11/2024
Leonardo Vedolin, VP médico da Dasa: “Tecnologia precisa ser mais utilizada para prevenção”

Já não é novidade que as ferramentas tecnológicas, como a inteligência artificial (IA), serão cada vez mais utilizadas na saúde. Seja para melhorar a eficiência das instituições, otimizar processos, reduzir desperdícios no setor ou aprimorar a prática clínica, as inovações chegam para suprir demandas, diminuir a pressão de custos e ampliar o acesso. Mas ela sozinha não resolverá tudo: não basta implantar algo apenas por implantar, é preciso adotar com estratégia para que se reverta em resultados práticos. Essa é a visão de Leonardo Vedolin, vice-presidente médico da Dasa, que participou do último episódio de Futuro Talks.

Durante a entrevista, Vedolin trouxe sua visão sobre um leque amplo saúde, da análise do cenário da saúde suplementar, passando pelos movimentos da própria Dasa – que inclui negócios com a Amil – até a utilização da tecnologia no dia a dia das instituições tanto no ponto de vista administrativo quanto na oferta de cuidado aos pacientes.

Para ele, há uma alta adoção de inteligência artificial no setor, com cerca de 70% das empresas explorando ou utilizando essa tecnologia. Porém, muitas delas fazem isso mais por pressão do mercado do que por uma necessidade operacional clara, o que pode resultar em desperdícios e sobrecarga nas áreas de tecnologia e operações. Além disso, ele também mencionou que a tecnologia deveria ser mais utilizada para a prevenção, o que de fato poderia contribuir para o sobrecarregado sistema de saúde.

Ao longo da conversa Vedolin ainda falou sobre as tendências de envelhecimento populacional e crescimento das doenças crônicas e afirmou que espera um 2025 melhor para a saúde suplementar, com uma adequação das demandas e capacidade maior de buscar o equilíbrio. 

Confira a entrevista a seguir:

Amil e Dasa fecharam um acordo para criar uma nova empresa com 25 hospitais, formando a segunda maior rede hospitalar do país. Qual a expectativa para esse negócio?

Leonardo Vedolin – Em primeiro lugar, é importante situar esse acordo operacional – que ainda precisa ser aprovado pelos órgãos reguladores – dentro do cenário atual da saúde no Brasil. Observamos inúmeros desafios em termos de eficiência e acesso, e movimentos como este vêm ocorrendo nos últimos anos. Caso seja aprovado, esse acordo representa mais um passo nessa direção. A expectativa é que a nova empresa ofereça uma alternativa ao setor, gerando o que a sociedade precisa: mais acesso, eficiência e qualidade assistencial.

E o próximo passo agora seria a aprovação pelos órgãos reguladores?

Leonardo Vedolin – Toda fusão e aquisição, ao ser anunciada, precisa passar pela avaliação dos órgãos regulatórios, incluindo o CADE em especial. Estamos exatamente nessa fase agora, aguardando esse comunicado.

Quando movimentos desse tipo ocorrem, surgem muitas especulações paralelas. Uma pergunta importante que gostaria de fazer é: podemos considerar um cenário de verticalização nesse contexto?

Leonardo Vedolin – Acredito que o setor de saúde tem evoluído com diversos modelos, sendo a verticalização um deles. No caso específico da Dasa, temos várias alternativas estratégicas que se destacaram nos últimos anos, mas, neste momento, o foco não é na verticalização. Nossa operação de diagnóstico é muito robusta, e os hospitais também aguardam um novo momento, que dependerá da aprovação pelos órgãos reguladores. Assim, essa é a nossa posição atualmente.

Pode me trazer um pouco de contexto sobre o tamanho da Dasa? Quantas pessoas atende e quantos hospitais a Dasa possui?

Leonardo Vedolin – A Dasa é uma empresa com uma operação de diagnóstico bastante madura, com quase mil unidades espalhadas pelo Brasil e na Argentina. Contamos com 15 hospitais e centros de oncologia operacionais, além de uma plataforma digital, uma operação de home care e outros ativos que compõem esse ecossistema. Atualmente, somos 50 mil colaboradores e temos um corpo clínico de 14 mil médicos, com 10 milhões de brasileiros por ano interagindo com a Dasa em busca de cuidados. Esse é um resumo do cenário atual da companhia.

Com 14 mil médicos e mais de 10 milhões de atendimentos anuais, como a Dasa gerencia os dados? A gestão de dados é uma prioridade para vocês, considerando o volume de exames e atendimentos?

Leonardo Vedolin – Quando analisamos a origem da estratégia da companhia, percebemos que o cuidado com o paciente sempre foi o seu centro. Essa é a nossa premissa e compromisso, e continuará a ser nos próximos anos. Parte dessa entrega de valor ao paciente exige que os dados sejam bem cuidados, armazenados com governança e utilizados de forma que faça sentido na jornada de cuidado, gerando valor para o usuário.

Como isso se alinha com o futuro da saúde e o uso estratégico desses dados?

Leonardo Vedolin – Há bastante tempo, temos nos preocupado com isso, tanto em relação à regulação, à adesão às leis, à segurança da informação e à privacidade, quanto no uso de tecnologia e capital humano para extrair as informações mais relevantes dessa base, que é fundamental para a nossa estratégia.

“Portanto, sim, temos avançado bastante e, olhando para o futuro, vemos cada vez mais espaço para que essa estratégia de gestão de dados evolua.”

Como a Dasa lida com a interoperabilidade e a troca de dados, considerando os desafios que isso pode apresentar? Com seu nível de maturidade, em que ponto de gestão de dados a empresa se encontra atualmente?

Leonardo Vedolin – Estamos no meio da jornada. Não estamos em uma fase inicial, pois já realizamos muitas ações, mas sabemos que ainda há muito a ser feito, especialmente em relação à interoperabilidade dos nossos dados fora da nossa rede. Existe um desafio interno, que se intensifica durante fusões e aquisições e a integração de ativos, pois envolve sistemas e pessoas que precisam ser alinhados nessa trajetória. No entanto, já conseguimos extrair valor em vários aspectos, como eficiência e experiência dos usuários, o que nos impulsiona a evoluir nossos modelos de negócio. Assim vemos o cenário de interoperabilidade, mas reconhecemos que o setor como um todo ainda precisa avançar significativamente nesse aspecto.

Quais desafios a Dasa ainda enfrenta em relação à interoperabilidade dos dados, especialmente durante fusões e aquisições, e como isso impacta a integração de sistemas e equipes?

Leonardo Vedolin – Sem dúvida, o crescimento da companhia se dá inicialmente pelo crescimento orgânico do negócio e, em seguida, por meio de aquisições, nas operações de diagnóstico, em oncologia e em hospitais. Por um lado, conhecemos os desafios desses movimentos, que não são poucos. Por outro lado, aprendemos muito nessa jornada, de modo a avançar de maneira diferente no futuro. Isso reforça nosso compromisso, em movimentos estratégicos, de apostar na inovação, mas também de corrigir rotas quando a inovação não gera o resultado esperado. Esse tem sido o DNA da companhia e certamente continuará sendo assim no futuro.

Que tipo de desafio você vê como principal? Seria mais uma questão cultural, integração de dados, padronização, ou uma combinação de todos?

Leonardo Vedolin – Existem vários desafios, mas acredito que o maior, que não é exclusivo da companhia, é setorial e global. Refiro-me ao momento atual da saúde suplementar, que é diferente do passado. Estamos vivendo um cenário pós-pandemia, caracterizado por muitas mudanças em premissas que antes não existiam. Temos enfrentado uma inflação mais alta e taxas de juros elevadas, criando um cenário econômico e financeiro que pressiona o sistema de saúde. Após a pandemia, as pessoas buscaram menos acesso aos serviços, o que desestabilizou um sistema que já era frágil, resultando em maior pressão sobre todos nós – tanto como companhia quanto como sistema de saúde. Assim, considero esse o principal desafio, embora existam outros.

Como você avalia o momento atual da saúde suplementar? Caminhamos para mais estabilidade e melhoria, ou continuaremos lidando com instabilidade e buscando eficiência?

Leonardo Vedolin – Acredito que estamos na etapa final de um ciclo que começou há muitos anos, quando as regras de crescimento da saúde suplementar no Brasil foram estabelecidas. As empresas se posicionaram estrategicamente, optando por diferentes caminhos. Muitas cresceram, e o mercado evoluiu significativamente, mas ao longo dos anos também se tornou mais instável. Um ponto de inflexão foi a pandemia, que provocou uma perda de equilíbrio no sistema. Por um lado, as pessoas deixaram de buscar serviços de saúde para tratar doenças crônicas. Isso, quando olhado em perspectiva, resultou em um aumento da sinistralidade no sistema, muito maior do que nos períodos anteriores à pandemia. Sob a perspectiva conjuntural da microeconomia, em um cenário macroeconômico caracterizado por alta inflação, taxas de juros elevadas e uma oferta monetária global excessiva, a liquidez financeira acabou por desequilibrar ainda mais o sistema. Enxergo esse momento como o final de um ciclo, em que o desequilíbrio e o alinhamento de incentivos entre quem financia e quem presta os serviços estão no limite e precisam mudar, o que já está em andamento. Minha visão é que, com o término desse ciclo, a próxima fase deve ser mais equilibrada. A dúvida é se isso ocorrerá a curto prazo, em um ou dois anos, ou em um médio prazo, de três a cinco anos. Contudo, não consigo imaginar que o sistema possa perpetuar o modelo atual, pois ele é prejudicial para todos, especialmente para aqueles que mais precisam dele: as pessoas.

Há muitas discussões na saúde suplementar, com a ANS e o Legislativo atentos ao sistema. Você acredita que 2025 trará melhorias?

Leonardo Vedolin – Acredito que 2025 será melhor que 2024 por várias razões. Observamos discussões sobre alinhamento de incentivos ocorrendo de maneira mais intensa, e as pessoas estão exigindo mudanças. O sistema regulador parece mais aberto a novas abordagens. No entanto, há questões estruturais que precisam ser resolvidas. Enfrentamos problemas sérios de acesso e um desbalanceamento crônico entre investimentos no setor público e privado, além de desafios que afetam a saúde de todos. Se não lidarmos com isso, poderemos passar décadas sem resolver a questão da saúde suplementar, como o aumento da obesidade infantil e o controle inadequado de doenças crônicas.

“Estamos lidando com uma população envelhecendo, que logo inverterá a pirâmide populacional, e a incorporação de novas tecnologias. Assim, o sistema está sob pressão, com múltiplos vetores que exigem atenção e consertos. Apesar de sentir que estamos no final de um ciclo, tenho uma visão otimista para o futuro.”

Com o crescimento da saúde suplementar, envelhecimento populacional e aumento de doenças crônicas, é possível expandir garantindo qualidade e o melhor atendimento aos pacientes?

Leonardo Vedolin – Esse é um desafio significativo. Atualmente, no Brasil, um em cada quatro brasileiros tem acesso à saúde suplementar, enquanto três em cada quatro dependem do sistema público. Isso revela um problema estrutural. A qualidade do atendimento existe, mas não é sistêmica. Há desafios de qualidade em todos os aspectos, especialmente na prevenção, que é frequentemente subvalorizada. Como sociedade, concentramos muito esforço no tratamento das doenças, deixando de lado a discussão de políticas públicas que incentivem as pessoas a controlar a pressão arterial, melhorar a alimentação, praticar exercícios e dormir melhor. Essas questões, de forma direta ou indireta, impactam a qualidade da saúde. Além disso, esse não é um problema exclusivo do Brasil; outros países enfrentam desafios semelhantes. Quando olhamos globalmente, existem situações até mais críticas, como a escassez de profissionais de saúde, um problema crônico e quase dramático nos Estados Unidos, projetado para os próximos 10, 15 ou 20 anos. Portanto, percebo uma urgência em discutir esses desafios de qualidade.

Como a Dasa aborda a questão da qualidade? Isso é uma prioridade para vocês?

Leonardo Vedolin – A qualidade e a segurança do paciente estão no núcleo sólido da companhia, integradas à estrutura da área médica, que tem como princípio fundamental a governança. É desafiador escalar a qualidade e segurança em uma empresa grande e capilar sem uma governança eficaz. Isso implica seguir ritos e práticas controladas de forma contínua, promovendo a evolução ao longo do tempo, o que é extremamente estratégico. Para que essa agenda evolua, é crucial também cultivar uma cultura justa. Os colaboradores envolvidos na jornada devem sentir-se seguros para relatar falhas. A segurança psicológica é essencial para que esses eventos possam ser discutidos e usados como oportunidade de melhoria. A pior situação para a qualidade e segurança é uma cultura de medo e punição, pois isso leva à ocultação de erros de processo. Um erro não tratado hoje pode resultar em danos significativos no futuro.

Vocês têm algum mecanismo para monitorar isso?

Leonardo Vedolin – Criamos um índice de valor há dois anos, que mensura diversas dimensões da qualidade e segurança em todas as nossas operações, com atualização semanal e indicadores mensais discutidos em reuniões de resultados. Os executivos têm metas de qualidade e segurança que se igualam às metas financeiras, do presidente ao coordenador, refletindo a importância que damos a essas questões. Não abrimos mão da qualidade em troca de resultados financeiros: é uma equação que requer o equilíbrio entre ambas. Trabalhamos para garantir que a qualidade seja sempre preservada enquanto entregamos valor financeiro ao sistema.

Qual é o principal desafio de promover essa cultura entre um corpo clínico de 14 mil médicos?

Leonardo Vedolin – Esse é um dos aspectos mais gratificantes do nosso trabalho. A premissa fundamental para a evolução da agenda é a cultura, que não se constrói por meio de pressão ou reuniões de resultados, mas sim através das conversas informais nos corredores dos hospitais e nas unidades de diagnóstico. Para isso, selecionamos pessoas cujos perfis de liderança e pensamento estejam alinhados aos nossos valores. Utilizamos dados de forma intensiva para mensurar processos em tempo real, o que nos permite uma evolução contínua. A governança é essencial: quando identificamos uma perda de equilíbrio em um processo ou indicador, fazemos ajustes rapidamente para promover melhorias ao longo do tempo. Essa é a abordagem que seguimos.

Você mencionou a projeção de uma possível falta de profissionais de saúde diante da demanda crescente. Como você vê o papel da inteligência artificial nesse contexto? Ela pode ajudar a preencher essa lacuna, sem entrar na polêmica sobre substituição de médicos?

Leonardo Vedolin – Eu vejo a inteligência artificial como tendo um papel ainda preliminar na jornada, mas que certamente crescerá nos próximos anos. Digo isso porque ela possui um grande potencial para impactar o sistema em diversas frentes, especialmente na revisão de processos de melhoria contínua. É claro que parte do que se discute atualmente é um hype em torno das novas tecnologias, mas, sob diferentes perspectivas, o investimento das empresas em inteligência artificial na saúde tem aumentado. Isso se deve ao tamanho da oportunidade de reduzir ineficiências que a IA pode proporcionar, além do potencial gargalo de capital humano qualificado que enfrentaremos nos próximos anos.

“O desperdício existente e a forma como a IA pode ajudar a mitigar esse problema tornam essa ferramenta fundamental nessa jornada. No entanto, é importante destacar que ela não será a solução para todos os problemas; espero que contribua para que a jornada seja mais eficaz no futuro. A questão que fica é: como e onde isso acontecerá? Tenho algumas dúvidas, e acredito que o tempo nos mostrará como essa evolução se dará.”

Quem você acredita que conseguirá capturar o valor dos investimentos em inteligência artificial?

Leonardo Vedolin – Isso não parece lógico, considerando o tamanho desses investimentos. Exemplos como OpenAI e Gemini, do Google, demonstram o apetite dessas empresas por investimentos em IA, que estão na ordem de centenas de bilhões de dólares. Portanto, a pergunta que surge é: quem vai realmente capturar esse valor? Como será o retorno desses investimentos? Ele será distribuído de forma uniforme ao longo da cadeia de valor? Acredito que isso é pouco provável; o que parece mais plausível é uma distribuição assimétrica. Atualmente, na minha perspectiva, parte dessa captura de valor ocorrerá com aqueles envolvidos na produção de chips, como as empresas de Taiwan ou da Holanda que fabricam esses componentes, ou com empresas como a Nvidia, que projetam os chips. Além disso, aqueles que criam a infraestrutura necessária para que os data centers armazenem informações, como Microsoft, Google e Amazon, também estarão na linha de frente. Eventualmente, as empresas que desenvolverem os modelos fundamentais de IA e aquelas que criarem aplicativos para tornar a IA escalável também capturarão uma fatia desse valor. No entanto, ainda percebo que estamos muito distantes do paciente e do médico. Isso me leva a crer que a maior parte desse hype e dos investimentos será, de fato, capturada por quem está mais afastado do atendimento direto ao paciente. A distância entre a relação médico-paciente realmente me preocupa, pois isso gera uma assimetria na distribuição de valor. Precisamos refletir sobre como essa dinâmica irá se desenvolver ao longo dos anos. Esse é um aspecto difícil de prever.

Como podemos garantir que a implementação da inteligência artificial ocorra de forma que as pessoas se sintam seguras em relação ao uso de seus dados?

Leonardo Vedolin – Isso implica a necessidade de um arcabouço legal e judicial que estabeleça normas claras para proteger os dados dos usuários. Portanto, embora eu veja um espaço significativo para a inteligência artificial na saúde, tenho muitas dúvidas em relação a dois pontos fundamentais: a captura de valor – quem irá capturar esse valor, quando e como – e a garantia de que os dados não serão utilizados de maneira inadequada, prejudicando os usuários. Essas questões demandam atenção e discussão aprofundada, pois, sem uma estrutura adequada, corremos o risco de perpetuar desigualdades e comprometer a confiança dos pacientes no sistema de saúde.

Como a saúde poderia se aproximar mais dessa jornada? Você vê um caminho para que o setor assuma um papel mais protagonista, considerando que as companhias Microsoft, Google e Amazon estão liderando as revoluções?

Leonardo Vedolin – Eu acho que, no mundo ideal, sim, mas não no curto prazo. Por algumas razões, acredito que estamos atrasados, como setor, do ponto de vista de maturidade tecnológica. Portanto, precisaríamos evoluir ainda uma etapa na transformação digital. E aqui me refiro a questões muito básicas, como armazenamento de informações, criação de processos rígidos e um arcabouço de segurança da informação que permita que os processos funcionem, além da eliminação de desperdícios. Assim, há toda uma jornada que precisa ser feita. Enquanto isso não acontecer, é evidente que todo o apetite de investimento acabará sendo direcionado para as empresas que hoje estão mais capitalizadas, que são as empresas de tecnologia.

Como podemos abordar a tecnologia de forma mais ampla, sem nos restringirmos apenas à área da saúde? E, em seguida, quais seriam os próximos passos?

Leonardo Vedolin – Se conseguirmos fazer isso, ou seja, garantir que o cuidado ao usuário seja preservado dentro de um contexto em que o setor todo está desafiado, então a questão se torna: se eu tiver capital para investir em diversas frentes, será que, ao investir em segurança do paciente ou em um modelo fundacional de inteligência artificial, como instituição de saúde, eu vou priorizar um ou o outro? A resposta mais óbvia é que eu deveria ter um parceiro estratégico para desenvolver o arcabouço de tecnologia, permitindo que eu possa investir o capital que tenho disponível naquilo que é o meu core business, que é garantir a segurança e o cuidado adequado para as pessoas. É assim que eu enxergo hoje, mas ainda há muita coisa a ser feita. Vamos viver por um bom tempo nessa jornada.

O potencial da inteligência artificial começou a se destacar na área da radiologia na Dasa, certo? Você poderia comentar sobre isso?

Leonardo Vedolin – Na Dasa, comecei com a radiologia. Em 2017, decidimos optar por uma iniciativa de inteligência artificial através de inovação aberta, mesmo sem saber exatamente qual seria o destino. Criamos a Dasa Inova, que é o nosso laboratório de IA. Naquele momento, nossa ideia era escolher algum caso de uso que fizesse sentido, e optamos pela lógica da eficiência. Assim, construímos alguns algoritmos proprietários que demonstraram a potência da ferramenta. Ao longo dos anos, fomos evoluindo para outras áreas. Portanto, a resposta é sim: tudo começou na radiologia.

Você vê um movimento no setor, quase um “fomo”, onde as organizações sentem a necessidade de adotar inteligência artificial sem ter clareza sobre como utilizá-la?

Leonardo Vedolin – Existem dados que comprovam e corroboram isso. Se buscarmos informações sobre o apetite de adoção de tecnologia no mundo, atualmente, a utilização de inteligência artificial em saúde não é pequena. Está em cerca de 60% a 70% das empresas, talvez até um pouco mais, que já estão utilizando ou iniciando provas de conceito para o uso de IA.

“Qual é o problema disso? Muitas vezes, como você disse, as pessoas estão usando a tecnologia sob pressão, em vez de buscar ajustar erros de processo ou problemas existentes na operação. Isso é ruim, pois gera desperdício e sobrecarga para as áreas envolvidas, como tecnologia, operações e negócios.”

A maneira como vejo essa dinâmica mudando nos próximos anos é que as próprias instituições de saúde precisam ter uma visão crítica sobre sua proposta de valor, sua cadeia de valor e seu posicionamento estratégico. Elas devem identificar o que precisam fazer para evoluir. Com essa clareza, poderão adotar tecnologias disruptivas que ajudem a quebrar barreiras. Assim, enxergo a IA ocupando um espaço super relevante.

Como você vê a diferença entre expectativa e realidade na inteligência artificial? Há euforia em torno de suas possibilidades, mas falta evidência científica sobre seu valor real para os pacientes. O que você acha?

Leonardo Vedolin – A expectativa é imaginar que essa ferramenta solucionará o problema crônico da saúde, tanto no Brasil quanto no mundo. Isso não vai acontecer; é apenas uma expectativa. Acreditar que o retorno sobre investimento de uma iniciativa como essa será muito alto também não se sustenta. Portanto, isso é apenas expectativa. O que é a realidade? A realidade envolve testar inúmeras ferramentas e errar mais do que acertar. É ter muita dificuldade em comprovar o retorno do subinvestimento nas iniciativas que foram testadas. A realidade também nos mostra que existem algumas iniciativas que dão certo. Mas em quais áreas elas têm sucesso? Elas funcionam como uma ferramenta para ganho de eficiência, especialmente em processos repetidos por muitas pessoas, onde há muitos erros e a fonte de dados é conhecida e recorrente. Esse é um ângulo em que essa ferramenta tem um potencial muito alto de gerar valor. Esse é um exemplo.

No caso específico da Dasa, quais são algumas das iniciativas que se encaixam nessa dinâmica?

Leonardo Vedolin – Criamos um modelo de IA que antecipa e ajusta o tempo de exame de ressonância magnética. Esse tipo de exame é muito previsível, o que gera um valor incrível para o sistema, promovendo eficiência. Outro ângulo em que encontramos uma aplicação dessa ferramenta é na garantia de maior qualidade e segurança. Os médicos enfrentam cada vez mais dificuldades em entender como ocorre a interação entre medicamentos. Com a quantidade crescente de novos fármacos, não é trivial saber se o medicamento A pode causar um efeito adverso ao ser usado junto com o medicamento B. Utilizamos um parceiro estratégico para analisar as interações medicamentosas e alertar os médicos sobre possíveis reações alérgicas em indivíduos que estejam utilizando determinados medicamentos em conjunto. Assim, eficiência e qualidade são os aspectos mais evidentes em que a IA pode fazer a diferença.

Como você decide entre desenvolver soluções internamente ou buscar parcerias estratégicas?

Leonardo Vedolin – Quando um parceiro estratégico tem uma proposta de valor clara, com um modelo de negócio óbvio que gera valor para ambos os lados – tanto para a empresa quanto para o parceiro – nossa visão é de que não deveríamos desenvolver internamente, mas sim chamar o parceiro para entrar. Isso tem acontecido em larga escala. Eventualmente, por razões relacionadas ao negócio, podemos ter uma fortaleza dentro da empresa que nos proporciona segurança, garantindo que nosso nível de conhecimento em uma área específica seja tão alto que, talvez, investir internamente traga um retorno e uma velocidade de entrega maiores do que contar com um parceiro externo, considerando todos os desafios que envolvem a integração de sistemas no mundo atual, como segurança da informação e ataques cibernéticos. Portanto, a resposta não é qual abordagem é a melhor. Minha visão é que ambas geram valor. O que tenho observado é que as empresas vivem ciclos: muitas vezes, elas apostam mais em soluções internas antes de movimentar-se e investir em soluções externas. Esse ciclo costuma ocorrer dessa forma, e vejo espaço para ambas as alternativas.

Lembrei de uma conversa que tivemos sobre um paciente que recebeu um alerta de exame, talvez relacionado à inteligência artificial ou machine learning, que acabou salvando sua vida. Você poderia compartilhar essa história novamente? É um ótimo exemplo de como a tecnologia pode ter um impacto real na vida dos pacientes.

Leonardo Vedolin – Existem vários exemplos incríveis disso, e o mais marcante deles é o caso de um paciente maratonista. Ele fez um exame de imagem conosco, e uma alteração foi detectada nesse exame. O algoritmo que roda diariamente em nossos bancos de dados alertou sobre essa alteração e, por meio de um gatilho, acionou o paciente, fazendo com que ele evitasse a corrida que estava programada. Ele retornou ao médico antes do tempo agendado, porque foi alertado por esse instrumento. Isso, obviamente, evitou que ele sofresse um potencial dano, que, nesse caso, poderia ter sido fatal.

Isso se refere a um algoritmo que monitora os exames em um banco de dados e emite alertas automaticamente?

Leonardo Vedolin – Exatamente isso. Esse foi um caso de um modelo criado para buscar doenças ou situações críticas dentro do banco de dados. Ele foi desenvolvido internamente na Dasa e alerta os pacientes ou os médicos através de diversos canais. Na maior parte das vezes, os alertas são enviados para os médicos. No entanto, em situações muito críticas, quando não conseguimos contatar o médico ou quando a questão é urgente a ponto de poder causar um dano grave em questão de minutos, acionamos diretamente o paciente.

Em quais áreas da inteligência artificial se esperava um grande potencial que até agora não se concretizou? Existem expectativas frustradas nesse sentido?

Leonardo Vedolin – Não sei se seria a palavra “frustrada”, mas, na radiologia, por exemplo, que foi o nosso início de jornada, havia uma expectativa – até um certo medo, eu diria – de que a inteligência artificial poderia substituir o trabalho do médico. Estou me referindo a 2017 e 2018, quando começaram a surgir muitos estudos bem fundamentados e rigorosos, demonstrando a superioridade do modelo de inteligência artificial em comparação a um ser humano. Isso criou, por parte das empresas que desenvolviam essas ferramentas, uma expectativa de que a IA poderia ter um impacto brutal na geração de valor. Por outro lado, existia a preocupação com uma possível ruptura na carga horária dos médicos, que precisariam se adaptar a essa nova realidade. Lembro disso porque parte do meu trabalho envolve inovação e investimentos em tecnologia, mas também envolve liderança médica. Portanto, havia uma equação difícil de equilibrar.

A inteligência artificial realmente ajuda o radiologista? Ela atua como uma parceira nesse processo?

Leonardo Vedolin – Acho que a principal contribuição para o radiologista é o auxílio na decisão clínica. O radiologista analisa um exame, considera diversas hipóteses diagnósticas e, com base em seu conhecimento e experiência, determina qual é a hipótese mais provável para aquele caso específico. É nesse momento que ele pode acionar um algoritmo de decisão clínica auxiliar, que pode corroborar sua ideia ou alertá-lo sobre outra hipótese diagnóstica. Portanto, trata-se mais de um apoio à decisão terapêutica do que de uma substituição do trabalho do médico. Além disso, a inteligência artificial tem se mostrado valiosa na radiologia também no que diz respeito à eficiência.

“Ela contribui para encurtar o tempo de exame, reduzir o trabalho burocrático e automatizar muitos processos produtivos. Assim, a aplicação da tecnologia se concentra menos no médico e mais na área administrativa.”

A inteligência artificial pode ajudar na triagem também?

Leonardo Vedolin – Muito. Esse é outro exemplo típico: a triagem de doenças graves e não graves, como na neurologia para acidente vascular cerebral, na triagem de eletrocardiogramas e na triagem de nódulos pulmonares. Além disso, a triagem pode ser usada para organizar filas de priorização, colocando os casos mais graves para serem atendidos antes dos menos graves. Mais uma vez, isso tudo se refere ao back-office, certo? É um processo que ocorre antes de chegar ao médico. Portanto, não podemos ter dúvida de que a ferramenta possui um potencial extraordinário de gerar valor. No entanto, como qualquer tecnologia, ela também terá seus limites. Essa transformação criará mudanças na forma como as pessoas se relacionam e até na maneira como se capacitam.

A inteligência artificial substituirá os médicos no futuro? Ou mesmo daqui a 50 anos, quando a teo a tecnologia estiver mais avançada, isso não acontecerá?

Leonardo Vedolin – Eu não vou especificar um prazo de 50 anos, pois acredito que estimar o futuro é um exercício arriscado. No entanto, não consigo imaginar que isso aconteça no curto prazo.

Qual é a sua perspectiva sobre o avanço dos testes genéticos no Brasil? Eles ainda têm espaço para crescimento e precisamos de mais evidências para utilizá-los de forma eficaz na saúde cotidiana?

Leonardo Vedolin – Quando analisamos a medicina genômica, podemos classificá-la em dois grandes grupos. O primeiro é o uso do diagnóstico genômico em uma lógica quase recreacional, onde, por meio do perfil genético, informamos no relatório a origem da pessoa, indicando, por exemplo, que 60% dos genes daquela pessoa se originaram na Europa ou na África. Essa abordagem é chamada de recreacional porque não fornece um resultado diagnóstico específico. Um exemplo disso é a Trinity Remedy nos Estados Unidos. No Brasil, algumas empresas atuam nesse segmento, como a Genera, que é uma empresa da Dasa que tem crescido bastante. Embora tenha adormecido um pouco o “buzz” em torno do tema, ainda existe demanda para esse tipo de teste.

Como você vê o uso de genômica e testes diagnósticos na medicina de precisão?

Leonardo Vedolin – Existem inúmeras razões para o seu uso. A principal é a capacidade de determinar, por exemplo, se um indivíduo com um determinado perfil genético responderá mais ou menos a um quimioterápico. Essa informação é extremamente relevante por vários motivos. Primeiro, ela pode aumentar a sobrevida do paciente. Se o perfil genético indica que uma pessoa não responderá a um medicamento, posso propor um tratamento alternativo que possivelmente será eficaz. Isso elimina o custo e o desperdício de um medicamento que não teria nenhum efeito. Assim, a medicina de precisão tem ganhado espaço e continuará a fazê-lo, na minha visão, devido ao seu poder transformacional em diversas frentes da cadeia de valor. Já mencionei o tratamento e o prognóstico, mas também vejo potencial no screening. Existem inúmeros testes emergindo no mercado, como as biópsias líquidas, que permitirão que um teste sanguíneo estimule o risco de uma pessoa desenvolver câncer em X anos. Portanto, acredito que há um amplo espaço para isso no futuro.

E a possibilidade de testes de sangue que podem prever câncer e detectar DNA circulante de potenciais metástases? Isso já se tornou uma realidade nos laboratórios ou ainda é uma expectativa para o futuro?

Leonardo Vedolin – Os testes genômicos têm sido utilizados principalmente na etapa de prognóstico ou para indicar qual terapia deve ser empregada. Essa aplicação é mais comum na jornada de cuidado. Já os testes de screening estão em desenvolvimento, tanto no Brasil quanto no exterior, mas ainda não se mostraram custo-efetivos. Isso significa que a proporção de pessoas que apresentam um resultado positivo e que realmente desenvolverão câncer no futuro é muito pequena para justificar um uso em massa.

“Contudo, ao acompanhar o avanço tecnológico e refletir sobre as inovações já ocorridas nesse campo da medicina, não é absurdo imaginar que chegaremos a esse ponto em alguns anos. Não sei se será em 3, 5 ou 10 anos, mas a tendência é que isso aconteça.”

Antes de encerrarmos esse tópico, você acredita que surgirão novas ondas de testes genéticos mais recreativos, com funcionalidades adicionais? Quais você imagina que possam aparecer?

Leonardo Vedolin – É possível que sim. Além do que mencionei, existem diversas outras informações relevantes que podem ser obtidas a partir desse tipo de exame, como potenciais indicadores de perfis metabólicos e até oncológicos. Há um crescente interesse global em utilizar essa vasta base populacional de dados genéticos para aprofundar a pesquisa clínica, o que considero um aspecto muito importante da genômica. Isso inclui identificar quais pacientes são mais adequados para serem recrutados em ensaios clínicos. Sabemos que realizar um ensaio clínico é extremamente caro – pode custar bilhões de dólares apenas para aprovar um medicamento, devido aos altos custos de recrutamento e do delineamento do estudo. Portanto, saber exatamente quais pacientes podem se beneficiar mais de um determinado fármaco também representa uma nova perspectiva para essas ferramentas genômicas.

Eu imagino um cenário futuro ideal em que, como usuário-paciente, você faça um teste, utilize wearables para monitorar sua saúde e cruze todas essas informações para obter um diagnóstico completo. Isso permitiria identificar como você pode melhorar sua saúde. Essa visão parece viável?

Leonardo Vedolin – Eu vejo que o grande direcionador de tudo o que estamos discutindo aqui é o empoderamento do usuário. O paciente precisa perceber que, por meio de inúmeras ferramentas – como IoT, genômica e novos testes – ele pode realmente ser o dono da sua própria saúde e gerenciá-la ativamente. Na prática, porém, isso não acontece. A população tende a delegar essa responsabilidade ao médico e, se esquecer de consultar um profissional, muitas vezes não se dá conta de que não está cuidando da própria saúde. Esse é um erro, na minha visão. O direcionamento é esse, mas há questões que precisam ser abordadas: quem financiará esse processo? Será o paciente, a empresa onde ele trabalha ou o Estado?

E os dados, né?

Leonardo Vedolin – E quanto aos dados, acredito que eles pertencem ao usuário. Não consigo imaginar um cenário diferente. Isso reforça a ideia de que o paciente deve ser o CEO da sua própria vida. O empoderamento do usuário inclui não apenas o gerenciamento da saúde, mas também o controle sobre suas informações pessoais. Isso é fundamental para que ele possa tomar decisões informadas e assertivas sobre sua saúde e bem-estar.

Agora, uma pauta importante antes de encerrarmos: qual é a sua visão sobre a educação na saúde? Tenho visto hospitais criando cursos de medicina. Isso está no radar da Dasa?

Leonardo Vedolin – Não está no radar da Dasa a criação de faculdades de medicina. O foco principal da companhia é a operação de diagnóstico, hospitais e oncologia. Contudo, reconhecemos que a educação médica é um elemento crucial da nossa estratégia. Em vez de criar uma faculdade, buscamos formas de educar médicos para que possam apoiar nossa estratégia, especialmente em áreas como cultura de qualidade e segurança. Por exemplo, ao utilizar a educação médica para reduzir eventos adversos nos hospitais, estamos alinhando essa iniciativa com nossos objetivos estratégicos. Temos uma plataforma chamada Dasa Educa, que é bastante robusta, com quase 100 mil médicos cadastrados, onde realizamos iniciativas de educação para fornecer insumos que ajudem a cumprir a estratégia da companhia.

Quais são os próximos passos da Dasa para 2025? O que você pode compartilhar sobre o que está no radar?

Leonardo Vedolin – Como uma empresa de capital aberto no mercado de saúde experimental no Brasil, a Dasa busca gerar valor para o sistema de várias maneiras. Acreditamos que podemos fazer isso equilibrando duas grandes variáveis: eficiência e qualidade. A eficiência envolve abordar e eliminar o desperdício que ocorre em diversos setores do nosso ecossistema, não apenas na Dasa, mas em todo o Brasil. Por outro lado, a qualidade diz respeito à assistência médica, aos serviços prestados e à experiência dos nossos pacientes. Acreditamos firmemente que, ao aumentar a eficiência e a qualidade, conseguiremos permitir que mais pessoas acessem o sistema de saúde, cuidem de sua saúde e, assim, gerem valor para a comunidade. Esse é o nosso posicionamento básico para 2025, e a partir dele, desenvolvemos diversas estratégias para alcançar esses objetivos.

Para encerrar, quais pautas você acredita que devemos acompanhar de perto no Futuro da Saúde?

Leonardo Vedolin – A comunicação entre médico e paciente é um aspecto crucial que deve ser sempre explorado. A essência da medicina reside nessa relação, e fatores como o impacto do WhatsApp na interação entre eles ou o efeito de consultas de apenas dois minutos são extremamente relevantes. Além disso, a falta de tempo para discutir questões não tão óbvias, como saúde mental e situação familiar, também merece atenção. Embora a tecnologia seja um tema evidente, é importante considerar o financiamento dessas inovações. Não devemos cair na armadilha de pensar que a simples introdução de novas tecnologias resolverá os problemas do setor; é necessário que haja alguém disposto a pagar por isso. Portanto, quem vai arcar com esses custos e de que forma? Outro ponto importante é o alinhamento entre financiadores e prestadores de serviços. Essa discussão está em evolução e, sempre que possível, abordá-la aqui pode trazer benefícios significativos para todos os envolvidos.

Natalia Cuminale

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, com as reportagens, na newsletter, com uma curadoria semanal, e nas nossas redes sociais, com conteúdos no YouTube.

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