Everton Macêdo, economista da saúde: “Investir em saúde é caminho para desenvolvimento social e econômico”

Everton Macêdo, economista da saúde: “Investir em saúde é caminho para desenvolvimento social e econômico”

No novo episódio de Futuro Talks, Everton Macêdo traz dados de um estudo para explicar o impacto positivo do investimento em saúde para a economia do país

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By Published On: 21/01/2025
investimento em saúde gera produz impacto positivo no PIB brasileiro

Um dos maiores desafios de qualquer sistema público de saúde é encontrar a sustentabilidade econômico-financeira. Ainda mais diante de tantos desafios que se apresentam, como o envelhecimento da população e o aumento de doenças crônicas. No Brasil, considerando o Sistema Único de Saúde (SUS), o tema demanda reflexões profundas. Uma das saídas pode ser encarar a saúde como um setor estratégico e enxergar os resultados diretos e indiretos de uma sociedade saudável para a economia como um todo. O investimento em saúde é o tema do novo episódio especial de Futuro Talks, que recebeu o pesquisador Everton Macêdo.

Especialista da área de economia da saúde, com pós-doutorado pela Paris Cité, Macêdo é responsável por conduzir um estudo divulgado recentemente que mostra que cada real investido em saúde no país gera um retorno de R$1,60 para o PIB brasileiro. Na conversa, ele explica esse e outros dados da pesquisa, explorando como esses indicadores podem contribuir para o debate sobre investimento em saúde no Brasil.

Países que atingiram um desenvolvimento de longo prazo, consolidado, têm em comum essa perspectiva de investimento em saúde como um setor estratégico, ao lado da educação. A ideia é que, ao investir em saúde, com prevenção e cuidado, gera-se uma população mais saudável. Com isso, custos com doenças crônicas e outras condições de saúde são evitados e a população se mantém economicamente ativa para desempenhar seu papel produtivo, o que favorece a economia.

Ao longo do episódio, Everton Macêdo abordou ainda o impacto do investimento em saúde sobre a renda familiar brasileira e a relação dos resultados do estudo com as tomadas de decisão sobre a incorporação de tecnologias em saúde.

Confira a entrevista a seguir:

Vamos explorar e apresentar um estudo seu que mostra que a cada um real investido no setor de saúde, há um retorno de R$ 1,60 para o PIB brasileiro. Você pode nos contextualizar esse estudo?  

Everton Macêdo – Precisamos resgatar o que motivou esse estudo. O Brasil decidiu ter um sistema de saúde universal em 1988 pela Constituição e, a partir daí, gera-se um desafio de como nós vamos viabilizar um sistema de saúde de forma sustentável para a população. Existe toda uma discussão sobre o tema. A população vai financiar esse sistema por meio de impostos, contribuições etc., mas como isso vai ser viável no final das contas? Há também uma discussão sobre o subfinanciamento do SUS, que já vem acontecendo há 30 anos. Continuamos com uma saúde que recebe menos recursos do que necessita e é nesse sentido que existem muitos números, muita informação, muita necessidade de convencimento. E nós vimos isso como uma motivação para trazer um dado para contribuir com toda essa discussão. E uma forma de se fazer isso era encontrar um indicador objetivo que transmitisse essa informação importante de que a saúde é um setor estratégico, não só para se promover a proteção social, mas também para gerar desenvolvimento.

Ou seja, o estudo mostrou que se você investir em saúde, você não tem só os retornos bons para a saúde, mas você também tem retornos para a sociedade, é isso?

Everton Macêdo – Exato. A missão de um sistema de saúde de cobertura universal, como o SUS, é cuidar das pessoas, então você atende à necessidade da população, você gera uma necessidade mais simples, uma necessidade mais complexa. Enfim, eu tenho uma gama de serviços que eu preciso ofertar para essa população, para atender a essa necessidade, e isso precisa ser feito com proteção financeira. À medida que financiamos isso como um todo, eu tiro o risco daquele indivíduo ter que fazer o que a gente chama de gasto do bolso, que é ele mesmo tirar dinheiro do orçamento familiar para poder gastar com saúde. E, por fim, temos que entregar isso com qualidade. Não só qualidade no sentido de reduzir mortalidade, mas também outros aspectos, melhorar o bem-estar social, como a gente fala. Isso é uma missão super importante. Toda a população precisa dessa proteção social. E por outro lado, precisamos verificar que a saúde também é um setor que contribui para a economia. Ela tem uma missão também por esse lado, o que desconstrói um pouco o senso comum de que financiar um sistema de saúde é uma despesa sem retorno. Então, quando eu passo a olhar aquilo como uma perspectiva de investimento estratégico para um país, eu começo a entender o quanto aquilo se torna atrativo, o quanto que aquilo se torna benéfico, enfim, traz um aspecto muito mais positivo para a ampliação desse investimento.

E quando você diz que a saúde contribui para a economia, eu acho que seria legal trazer alguns exemplos. Uma população bem tratada, que tem os recursos necessários de saúde, trabalha melhor, falta menos no trabalho, de repente é mais produtiva. Eu queria que você contasse um pouco dessa relação.

Everton Macêdo – Exato, é bem por aí. O que acontece? Quando você olha para as maiores economias do mundo, esses países só atingiram um desenvolvimento contínuo, de longo prazo e consolidado, investindo num sistema de saúde forte.  

“Se você olhar para todas essas economias desenvolvidas, o que elas têm em comum? Elas investiram em educação e em saúde. A partir daí, você começa a observar que esse é um caminho não só para proteger as pessoas, mas também para você ter um desenvolvimento social e econômico consolidado, contínuo, de longo prazo”.  

Então, a partir dessa lógica, investir em saúde traz um retorno e permite com que o país encontre um desenvolvimento mais rápido, vamos dizer.

Quando você investe em saúde, você tem uma sociedade mais saudável. É por isso que os grandes países investem, entendem saúde como uma área estratégica, é isso?

Everton Macêdo – Exato. Então, pensando nessa lógica, o que acontece? Ao evitar doenças, com serviços eficientes, eficazes de prevenção, de saúde, de vigilância de doenças, então, eu também evito custos relacionados a essas doenças. E quando eu protejo essas pessoas que têm doenças crônicas, por exemplo, e trato-as adequadamente, elas retornam para o seu estado saudável. Consequentemente, eu tenho custos evitados e eu devolvo uma parcela economicamente ativa da população, para desempenhar o seu papel dentro da sociedade. Então é assim que você consegue retornar esse ciclo virtuoso de desenvolvimento.

Vendo os números do estudo, eu fiquei pensando nesse um real de investimento e nesse retorno. Dá para saber, pelo estudo, onde esse investimento é mais efetivo? Se é na prevenção, no diagnóstico, no tratamento ou se é nos três?

Everton Macêdo – É bem importante e instigante pensarmos isso. Também ficamos olhando para os nossos dados e pensando exatamente nessas questões. O primeiro desafio é você construir o que a gente chama de matriz de contabilidade social. Para fazer todas essas análises desse efeito onde eu coloco um real e retorna R$ 1,61, precisamos desenvolver uma matriz matemática que vai captar esse efeito na economia. Então, quanto que esse estímulo positivo vai me devolver em termos de retorno, estimulando a economia em diversos setores? Isso é o que tentamos captar. A capacidade de identificarmos qual setor é mais beneficiado, qual parcela da população pode ser melhor atendida e, nisso, aumentarmos e otimizarmos esse efeito, são possibilidades que temos como fazer. E a ideia é que consigamos abrir essa matriz, então você começa a desagregar algumas informações. Não é trivial fazer isso, mas esse é o caminho, é você desagregar algumas informações assim você conseguir medir especificamente onde aquele efeito pode ser mais relevante, enfim, onde que eu posso trazer, evidenciar isso de uma forma mais clara.

Tem um dado também do estudo que mostrou que 82% dos recursos aplicados em saúde pública são consumidos por famílias com renda de até R$ 1.200. Como esse retorno sobre o investimento poderia ter um impacto social para essas famílias? Eu queria que você me trouxesse uns exemplos olhando para esse público, porque 82% é bastante.  

Everton Macêdo – É bastante. A gente ficou bem motivado de conseguir encontrar essa informação e essa foi uma segunda vertente do nosso estudo. Então, na primeira a gente conseguiu captar um efeito multiplicador geral sobre a economia brasileira, sobre a variação do PIB, e a gente gostaria de avaliar quais famílias se beneficiariam mais do ganho de renda indireto quando você tem um investimento social em saúde. A forma de se fazer isso foi fazer uma integração entre dados públicos oficiais e,conseguimos captar por estrato de renda quais as famílias que consomem mais recursos do que é aplicado em saúde pública. O governo financia um sistema a partir do que é arrecadado e existem perfis, padrões de consumo desse serviço. Tem famílias que vão consumir mais vacina, qualquer um de nós consome serviços relacionados à prevenção da dengue, por exemplo, não necessariamente a gente vai numa unidade de saúde, mas estamos consumindo, cada um de nós consome uma parte desse recurso quando tem uma prevenção de uma epidemia, enfim, uma endemia. Então, são formas de se usar. E tem aquelas famílias mais vulneráveis, que são as que consomem mais serviços especializados. Então, a proporção de consumo desse serviço é mais concentrada nessas famílias, por isso você consegue captar esse efeito de que 82% do que é consumido de serviços de saúde, em termos monetários, é concentrado nessa parcela da população que ganha até R$ 1.200.  

Ou seja, se eu entendo direito e você me corrige, investir em saúde, de certa forma, também é uma forma de combater a pobreza.  

Everton Macêdo – Sim, sem dúvida. Existe um termo que se usa em saúde que se chama gasto catastrófico em saúde. O que é isso? É quando uma família necessita aplicar recursos próprios numa proporção em que aquilo empurra ela para baixo da linha da pobreza. Então isso é o gasto catastrófico.  

“E à medida em que eu financio um sistema de saúde público fortalecido, isso faz com que aquela família não precise gastar com aquela despesa. Consequentemente, ela tem um ganho indireto de renda. Captamos isso no nosso estudo, que a cada R$ 1,00 que eu tenho de investimento público, essa família tem um ganho indireto de renda de R$ 1,23”.  

É um efeito multiplicador, né?

Everton Macêdo – Isso. Nesse caso, o efeito multiplicador sobre a renda familiar. Então, por exemplo, se uma família precisa gastar com uma consulta médica, uma consulta pediátrica, que qualquer um tem uma necessidade em determinado momento, uma família comum, enfim, ela precisa pagar uma consulta. A depender da renda, aquilo tem um peso muito grande em cima do orçamento familiar. Então, ela vai deixar de gastar com outras coisas, ela vai deixar de se desenvolver e, consequentemente, ter uma evolução social, ter uma ascendência social que vai permitir a ela ter melhor qualidade de vida,. À medida em que se retira essa dificuldade, por exemplo, essa família recebe uma consulta especializada gratuitamente, aquele recurso fica disponível e ela deixa de entrar numa situação de dificuldade financeira para conseguir atender uma necessidade básica que é de saúde.  

Conversamos muito aqui no Futuro Talks e no Futuro da Saúde sobre a importância de ter mais financiamento para a saúde, da necessidade de ter esse olhar estratégico como você bem trouxe, mas sabemos que a realidade é a saúde subfinanciada. Hoje, inclusive, existe um debate de cortes para saúde para conseguir cumprir o orçamento. Como  conseguir mais orçamento pra saúde?  

Everton Macêdo – Bom, tivemos a felicidade de conseguir trazer esses dados num momento muito pertinente. Então, o momento de discussão se agudizou muito agora, porque a gente vê uma necessidade de manter uma responsabilidade fiscal e, ao mesmo tempo, uma necessidade da população. Se você pegar pesquisas de opinião, você vai ver que o tema saúde desponta como uma das necessidades que a população quer que sejam atendidas. Então, é uma prioridade da população. Por um lado, você tem uma necessidade de tornar aquilo de forma sustentável e, por outro, uma captação muito clara de que é uma prioridade da população. Trazemos um dado que contribui para isso.  

“Quando você traz um dado que mostra que aplicar recursos na saúde é positivo não somente para você cumprir aquela missão de direito social à saúde, mas que aquilo é positivo para a economia, cai um pouco por terra a ideia de que a hora de financiar a saúde não é agora, de que “veja bem””.  

Então, ficamos felizes de poder contribuir com isso num momento em que realmente esse dado é importante e pode enriquecer o debate.

Quando se olha para investimentos de modo geral, às vezes há um tempo até que aquele efeito seja visto na prática. Em relação ao estudo, você tem essa relação de tempo? Investindo agora, daqui a quanto tempo isso retorna? E como prever esse tempo de retorno do investimento dentro das políticas públicas?  

Everton Macêdo – Bem interessante essa parte. Primeiramente, em relação ao estudo: a medida desse efeito não é temporal. No nosso caso, nós usamos os dados da economia brasileira para o ano de 2021, que é o ano mais recente com disponibilidade de dados públicos oficiais. Então, para trabalhar com um dado confiável, um dado robusto e que converse com outros indicadores, baseamos nesse ano e o efeito é sobre o comportamento da economia naquele mesmo ano. Então, a gente não extrapola aquilo, essa medida do efeito. Quando a gente traz essa medida de R$ 1,00 para R$ 1,61, estamos falando que, com a economia funcionando daquela forma, aquele retorno é sobre o PIB daquele ano. Então, não tem esse prazo necessário para ter o retorno esperado. Podemos imaginar,  inferir que todos esses benefícios relacionados a você poupar ou evitar efeitos negativos na saúde da população em 5, 10 anos, ainda vão aumentar esse efeito. Então, se daqui a 5 anos, eu reduzo mortalidade e morbidade relacionada ao câncer, por exemplo, todo esse retorno ainda precisa ser acrescentado àquilo que conseguimos captar.  

E haveria um próximo passo a partir desse estudo? Quais seriam as áreas que deveriam receber esse tipo de investimento?  

Everton Macêdo – Esse é um dado que qualifica muito essa discussão em relação ao financiamento porque permite justamente essa mudança de paradigma, esse olhar diferente em relação à aplicação dos recursos para a saúde e aí nós acreditamos que isso é um subsídio importante para os tomadores de decisão. Então, na hora que você colocar na mesa quem é responsável pelo orçamento e quem é responsável pela política pública de saúde, você ter uma discussão baseada num dado que te traz uma perspectiva de que aquilo é benéfico, não somente para você cuidar das pessoas, mas também que aquilo não vai ter um efeito, digamos, desfavorável para a economia. Eu não vou ter que lidar com esse “efeito colateral”. Nós acreditamos que realmente esse dado vem para somar, para contribuir, para justamente mostrar que tem como você enxergar uma ampliação do gasto, como gasto social em saúde, como uma ferramenta de desenvolvimento.   

“Um dado importante é que existe uma meta do próprio governo de ampliar o financiamento público em saúde para 6% do PIB e um desafio para se fazer isso é que, se você olha o gasto como sendo apenas uma despesa para gerar proteção social, você tem dificuldade de avançar. Hoje, o Brasil gasta cerca de 4%, um pouco mais que isso em termos de financiamento público. Quando eu consigo perceber que ampliando 1% do PIB eu tenho um retorno ainda para a economia, essa negociação se torna bem mais factível, bem mais possível”.

Você já passou pela Conitec, e a gente acompanha aqui também no Futuro da Saúde várias discussões que permeiam a avaliação e incorporação de tecnologias que vão entrar ou não para o SUS. Como esse estudo ajuda a trazer elementos para a tomada de decisão na hora de incorporação de medicamentos? Você acha que essa visada econômica está sendo adotada na hora da tomada de decisão?  

Everton Macêdo – Isso é um desafio contínuo. A discussão em relação à sustentabilidade da aplicação de recursos em saúde, especificamente da inovação tecnológica, da inclusão dessas novas tecnologias, não é exclusiva do Brasil. Isso é um desafio para qualquer país que se propõe a ter um sistema de cobertura universal. Esse nosso dado conversa mais com essa visão macro de necessidade de financiamento como um todo para o sistema. É lógico que ela pode inspirar, do ponto de vista da inclusão de tecnologias em saúde, um olhar em relação a como distribuir esse recurso de uma forma que a gente possa extrair o melhor resultado, em termos de saúde mesmo.  

“Um desafio que talvez precisemos encarar em relação à incorporação tecnológica é olhar a distribuição como um todo e não tecnologia por tecnologia. Por uma série de questões, a gente avalia caso a caso. Então, o medicamento que é para uma doença, a inclusão de uma vacina, de um exame diagnóstico, mas o olhar populacional pode otimizar a nossa capacidade de extrair o melhor e entregar mais resultados de saúde para a população”.  

Fora do Brasil, esse olhar para a saúde ou para o investimento em saúde como retorno para a economia está mais maduro do que o nosso já?  

Everton Macêdo – Como eu falei anteriormente, essa visão de que a aplicação de recursos para a saúde está intimamente ligada ao desenvolvimento se reflete na realidade já, tanto é que por isso você tem todos esses países continuamente investindo num sistema forte de saúde. Na França, especificamente, se eu pudesse trazer aqui um exemplo mais evidente, é em relação à proporção de gasto com medicamento e do próprio bolso. Então, você tem uma participação bem mais elevada do governo de reduzir esse peso no bolso do indivíduo. Então, a participação é bem maior do financiamento público nesse caso e acaba conseguindo aliviar o orçamento das famílias com isso também, trazendo mais benefícios para a população.  

A equidade tem sido um tema cada vez mais debatido quando o assunto é saúde. Como que a pauta da economia da saúde e até o estudo que você está apresentando agora podem ajudar a pavimentar esse caminho para a equidade em saúde?  

Everton Macêdo – Quando a gente captou essa característica de quais os estratos de renda familiar consomem mais serviços ou mais recursos de saúde, a gente começa a se fazer algumas perguntas de onde está a vulnerabilidade, nesse caso a vulnerabilidade financeira. Mas existem outras formas de enxergar isso, que é explorar a questão regional e outros determinantes de saúde. Então, tem análises complementares que nos interessa  fazer, justamente para captar esse efeito e o quão ele é dependente de outras características, como a questão da região, da própria composição familiar, porque se pode avaliar, por exemplo, o quanto esse consumo de recursos é mais acentuado de acordo com a composição familiar, que apresente a presença ou não de um idoso ou mais, crianças abaixo de 10 anos, então, a gente consegue avaliar ali a questão do consumo de serviços de saúde materno-infantil. Então, tudo isso nos ajuda a ter elementos para você redistribuir o quanto que cada perfil de família consome daquele recurso e, naturalmente, o quanto que ela pode ser beneficiada em termos de efeito.  

E aí você determina melhor para onde deveriam ir os investimentos para ter mais retorno, é isso? 

Everton Macêdo – Exato. A nossa perspectiva é justamente olhar para a matriz que a gente conseguiu construir e fazer toda essa abertura em relação aos extratos de renda familiar. Já conseguimos trazer isso do que eu chamei de distribuição do consumo de recursos de saúde, então queremos incorporar isso na matriz justamente para captar esse efeito de forma mais pormenorizada, identificando por região.  

E quais são os próximos passos agora?  

Everton Macêdo – Olha, temos imensas possibilidades, o potencial é muito grande de conseguir realizar análises que já vislumbrávamos anteriormente. A construção de uma matriz que nos permita fazer isso foi um desafio muito grande nesse primeiro momento. Agora é a etapa de conseguir olhar para quais são as próximas perguntas. Quando você faz um estudo de qualidade, naturalmente você chega em quais são as próximas perguntas. Você chega em algumas respostas, mas você já quer saber qual é a próxima resposta que eu posso trazer. Então conseguimos trazer esses números-chave que traduzem muito bem a importância de você ter esse investimento estratégico em saúde, mas agora queremos analisar essa questão das regiões e dos determinantes sociais que podem estar mais relacionados à variação da renda familiar pelo gasto em saúde.  

Tem algum ponto que eu não perguntei aqui que você acha importante trazer do estudo?  

Everton Macêdo – Acho que navegamos bem pelo estudo.  

“O que eu acredito que posso complementar é que toda essa mensagem que buscamos trazer com oos nossos resultados precisam ser utilizados. O desafio agora é como incorporar isso na discussão sobre o financiamento da saúde e encarar isso de forma estratégica”.  

A gente falou em relação a qual prazo para se ter esses benefícios, mas o investimento é assim. Você sempre precisa começar ele agora para colher os frutos daqui a um determinado tempo, mas é certo que isso acontece. Podemos nos espelhas em outros exemplos mundiais.  

Por isso que eu te perguntei de mentalidade, porque o dado é muito importante, mas as pessoas têm de estar abertas a explorar esse dado e seu impacto. Última pergunta, que faço para todos os meus convidados aqui: quais são as pautas dentro da economia da saúde que o Futuro da Saúde deve prestar atenção ao longo do próximo ano?  

Everton Macêdo – Primeiro, parabenizar vocês pela iniciativa. Acho que a continuidade, a consolidação que vocês já tiveram demonstra que vocês estão desenvolvendo um belo trabalho. E essa capacidade de você traduzir temas da saúde, que é uma área complexa, é sempre um desafio, trazer isso é um desafio, essa tradução do conhecimento é muito importante, principalmente em questões desconhecidas. Até para essa questão da melhoria do financiamento, você precisa ter um convencimento da opinião pública de que aquilo é importante. Qual a forma de fazer isso? Vocês desempenham um papel importantíssimo em relação a isso ao trazer informações de que todo mundo usa o SUS, todo mundo usa o sistema de saúde. E como  eu convenço as pessoas disso? Poucas vezes no nosso dia a dia nos damos conta de que, numa campanha de prevenção de dengue, também sou eu utilizando o sistema. Então, informar isso e fazer isso ficar mais claro na cabeça da população é o que vai fazer a opinião pública se tornar cada vez mais favorável para acreditar nessa ideia e priorizar isso também na sua demanda. Não só por saúde, mas que entenda que eu preciso apoiar iniciativas nesse sentido.

 

M-BR-00017919 – Este material destina-se ao público brasileiro em geral. Este material não tem a finalidade de condicionar a prescrição, uso, promoção, venda, recomendação, indicação ou endosso de nenhum produto Roche ou qualquer concessão de benefício à Roche. Janeiro/2025

Natalia Cuminale

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, com as reportagens, na newsletter, com uma curadoria semanal, e nas nossas redes sociais, com conteúdos no YouTube.

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