Investimento em saúde pública gera retorno para PIB e renda das famílias brasileiras, mostra estudo
Investimento em saúde pública gera retorno para PIB e renda das famílias brasileiras, mostra estudo
Cada R$ 1 investido em saúde pode trazer retorno de R$ 1,61 no Produto Interno Bruto (PIB), além do aumento da renda familiar em R$ 1,23
A saúde tem se tornado cada vez mais cara aos cofres públicos, diante do envelhecimento acelerado da população, de novas terapias e medicamentos de alto custo e da judicialização do setor. Mais do que um gasto, o investimento em saúde pública pode ser estratégico para a economia do país, gerando benefícios. A cada R$1 investido no setor, há um retorno de R$1,61 para o Produto Interno Bruto (PIB) e de R$1,23 para a renda das famílias brasileiras. É o que mostra pesquisa da consultoria HTopics, com o apoio da Roche Farma Brasil.
Segundo a análise, o impacto de investimentos em saúde na economia e na renda das famílias pode ser explicado pelo efeito multiplicador do PIB. Cada real investido move um ciclo, que leva a um aumento na produção de bens e serviços que, por conseguinte, gera uma maior possibilidade de pagamento de salários e lucros. Isso promove um crescimento no consumo desses bens, alimentando a engrenagem de investimento e de produção.
À medida que se aumentam os investimentos em saúde, a renda das famílias também passa a ser beneficiada. Há, por exemplo, uma diminuição de gastos diretos com a saúde, como consultas particulares e especializadas, que começam a ser supridos pelos serviços públicos de saúde. Os recursos familiares que iriam para a saúde podem, então, ser investidos em outras áreas da economia. Além disso, fatores como aumento de emprego e renda também favorecem essa economia familiar.
Ao calcular os efeitos da saúde na economia, a pesquisa desafia a ideia de que a saúde é um gasto sem retorno. “O investimento em saúde é estratégico e tem seu retorno comprovado. Ele gera crescimento, é benéfico para a economia”, comenta Everton Macêdo, pesquisador de economia da saúde responsável pelo estudo, doutor em ciências da saúde. Seus achados, inclusive, podem contribuir para o debate público sobre financiamento da saúde. “Esse dado vem no momento em que estamos discutindo a pertinência do fortalecimento do financiamento do nosso sistema de saúde”, pontua Macêdo, que apresentou esses dados em evento em dezembro passado.
O retorno financeiro do investimento em saúde para as famílias
Os efeitos positivos do investimento em saúde para a renda familiar podem ser observados na parcela da população em vulnerabilidade social, que mais utiliza os serviços de saúde. Segundo o estudo da HTopics, 82% do consumo em saúde é de famílias com renda de até R$ 1.200. “Observamos que o gasto em saúde vem como retorno não só para a economia, mas também como reparação de desigualdades sociais. Vamos conseguir proteger famílias em maior vulnerabilidade”, comenta Macêdo, que já atuou no Ministério da Saúde.
Ao investir em saúde, é possível minimizar, por exemplo, o “gasto catastrófico na saúde”, contexto em que as despesas com saúde superam um percentual pré-definido dos gastos totais da família e colocam sua capacidade financeira em ameaça. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 100 milhões de pessoas vivem em situações de pobreza extrema por conta de pagamentos por serviços de saúde. No mundo, mais de 800 milhões de pessoas gastam, ao menos, 10% do orçamento familiar com cuidados de saúde.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.