Abordagem holística e imunização assumem protagonismo na saúde do idoso diante do envelhecimento populacional

Abordagem holística e imunização assumem protagonismo na saúde do idoso diante do envelhecimento populacional

Imunossenescência torna sistema imunológico de pessoas mais velhas mais suscetível a infecções e potencializa complicações e sequelas a longo prazo⁴

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By Published On: 20/11/2024
Saúde do idoso - GSK

Foto: Adobe Stock Image

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de pessoas com 60 anos ou mais no mundo deve atingir 1,4 bilhão até 2030.1 Hoje, o desafio dos países é conciliar um envelhecimento acelerado com uma longevidade saudável através do incentivo à prática de exercícios físicos, melhor alimentação, qualidade do sono e etc. Neste cenário, a abordagem holística na saúde, que foca na prevenção e promoção de saúde, e a imunização têm assumido protagonismo nos cuidados da saúde do idoso.2,3

Conceitos como imunossenescência – processo de envelhecimento natural do sistema imunológico – ganham destaque, assim como o crescimento do diálogo e das pesquisas sobre as consequências de infecções que, nesta fase da vida, aumentam o risco de complicações e sequelas que impactam na qualidade de vida da pessoa idosa.4

Por isso, para evitar a sobrecarga e o aumento da onerosidade para os sistemas de saúde, promover a conscientização sobre a importância de uma carteira de vacinação atualizada depois dos 60 anos é fundamental. E nesse movimento, o desenvolvimento de novas vacinas, desenhadas especialmente para esse público, é uma estratégia de saúde global ainda mais importante.5

Imunossenescência

Parte do processo natural do envelhecimento, a imunossenescência consiste no enfraquecimento do sistema imune, o que impacta a maneira como o organismo reage diante de agentes patogênicos, como vírus e bactérias. Isso acontece devido a uma série de alterações nessa fase da vida, como a queda da produção de algumas células imunes como os linfócitos T, e o comprometimento da ação desse grupo de células.4

“É um processo fisiológico normal onde o banco imunológico vai perdendo sua capacidade  não apenas no combate a infecções, mas também de responder a vacinas. Esse é um motivo  pelo qual, hoje, as vacinas para idosos têm sido preferencialmente mais potentes, ou seja, vacinas que possam dar um estímulo maior para que se tenha uma melhor proteção”, explica  Maisa Kairalla, médica geriatra e presidente da Comissão de Imunização da Sociedade Brasileira de Gerontologia e Geriatria (SBGG).

De acordo com Mônica Levi, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), um dos fatores para o aumento do perigo ao contrair uma infecção na terceira idade é a descompensação de doenças de base como diabetes e condições cardiopulmonares, já que a preexistência de doenças crônicas é comum nesta faixa etária.

“O paciente que já tem essas doenças crônicas, que estão controladas, como doenças cardíacas, pulmonares ou diabetes, frente a um processo infeccioso, entram em descompensação da doença de base, o que pode elevar as consequências”, detalha Levi.

Em idosos, especialmente aqueles em idade avançada, que possuem comorbidades como doenças cardiovasculares, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica e disfunções renais ou  hepáticas é comum que as doenças infecciosas sejam mais graves.5 Com isso, aumenta o risco de internações prolongadas, que podem somar mais sequelas a longo prazo, como salienta  Kairalla: “Essas internações prolongadas resultam na perda muscular e sarcopenia, que pode provocar uma alteração na pressão arterial. Há ainda aquelas que provocam dificuldade  respiratória, exigindo a intubação e a internação na UTI.”

Herpes zoster e VSR na mira

O herpes zoster é um exemplo de infecção que pode deixar sequelas que prejudicam  substancialmente a qualidade de vida de pessoas com a imunidade comprometida ou  fragilizada, como é o caso de pessoas mais velhas, que estão passando pela imunossenescência.6

“Temos complicações da neuralgia pós-herpética, a principal delas, que é aquela dor que  permanece depois da fase aguda da doença e que pode ser um divisor de águas na vida do idoso. É uma complicação que quanto maior a idade, mais frequente. Além de complicações como alterações neurológicas e cardiovasculares, não estamos falando apenas de dor”, ressalta Kairalla.

Outro exemplo é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) que é um vírus altamente contagioso muito conhecido por causar bronquiolite em crianças pequenas, mas também pode provocar  quadros graves em adultos mais velhos, como pneumonia e síndrome respiratória aguda grave.7,8 De acordo com Levi, na pandemia os especialistas começaram a notar a presença do vírus em idosos diagnosticados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com a aplicação do “teste quadruplex”, que avalia a presença dos vírus SARS-CoV-2, Influenza A, Influenza B e VSR.

“Esse teste passou a ser aplicado aqui no Brasil durante a pandemia nos quadros graves, em pessoas internadas com Covid-19 com insuficiência respiratória. E foi uma surpresa, porque até então a gente não sabia do enorme número de casos que foi encontrado em adultos idosos, sendo inclusive mais frequente do que o SARS-CoV-2”, relata Levi.

Ela explica que o vírus está associado a doenças do trato respiratório inferior, afetando os  pulmões, o que provoca a insuficiência respiratória. Assim como os bebês – que são vulneráveis  porque ainda não desenvolveram por completo o sistema imunológico –, os idosos também passaram a ser considerados parte do grupo vulnerável para o VSR. Segundo o Centro de  Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), órgão norte-americano, casos agravados de VSR podem piorar condições preexistentes como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e insuficiência cardíaca.8

Prevenção e imunização no centro do debate

Diante do risco de complicações e sequelas provocadas por diferentes infecções na população mais velha, a imunização é vista como uma das principais estratégias de prevenção, de acordo com ambas as especialistas. Segundo elas, medidas como boa alimentação, prática de atividades físicas e cuidados gerais com a saúde também são importantes para uma longevidade com qualidade de vida, mas os hábitos não são suficientes isoladamente para prevenir as infecções.

“A vacina faz parte das medidas de prevenção, porque a gente sabe que tudo isso pode ir por  água abaixo se ela tiver uma dessas infecções. Se esse idoso tiver herpes zoster e desenvolver neuralgia pós-herpética (NPH), por exemplo, não adianta ele ter se alimentado bem ou feito  um check-up cardiológico, ele vai ficar acamado e vai ter todo o ônus dessa doença por conta  de uma não vacinação. Então, a imunização tem que ser parte dos cuidados com  envelhecimento saudável”, defende a presidente da SBIm.

Kairalla ressalta também que, embora seja difícil estabelecer a custo-efetividade exata das vacinas, o próprio histórico do Programa Nacional de Imunização (PNI)9 de queda da  mortalidade infantil e relação com o aumento da expectativa de vida mostra a importância da imunização.

“É preciso levar em consideração que a não vacinação pode aumentar o risco de hospitalizações, internações, piora funcional do paciente, necessidade de reabilitação e  fisioterapia, comprometimento da autonomia e necessidade de um cuidador. São situações que encarecem muito o tratamento e nem sempre entram na conta. Vacina é vida, e vida não tem preço, principalmente quando falamos em um envelhecimento saudável”, pontua Kairalla.

Estratégias para o futuro

A vacinação de adultos e idosos enfrenta alguns desafios particulares, como a própria  conscientização e a falta de conhecimento sobre o calendário de vacinação para estas faixas  etárias.10 No site da SBGG, é possível encontrar as recomendações completas com sinalização  de quais estão disponíveis no SUS, doses necessárias e idade indicada. No entanto, é  fundamental buscar o aconselhamento de um profissional de saúde para mais informações sobre seu calendário vacinal. Levi aponta que é necessário pensar em campanhas de vacinação voltadas para essas populações, semelhante ao que já acontece com a vacina contra a gripe, por  exemplo.11

“É preciso ter campanhas que pensem no idoso, assim como já acontece com aquelas voltadas  para crianças, adolescentes e gestantes. E essa comunicação tem que ser customizada, estar  onde essa população está. Isso é responsabilidade de todos os entes, como as diferentes esferas do governo, e dos próprios profissionais de saúde, que devem abordar a imunização nas  consultas de rotina”, diz Levi.

Facilitar o acesso à vacina também é um ponto de atenção, como ressalta Kairalla: “Não adianta você ter um idoso em casa que não consegue ir até o posto de saúde, ou que depende de um  cuidador que está disponível apenas na parte da noite e a Unidade Básica de Saúde só funciona durante o dia. Temos que discutir estratégias facilitadoras”, conclui.

Material dirigido ao público em geral. Por favor, consulte seu médico.

NP-BR-HZU-BRF-240024– Outubro/2024

Referências

  1. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Ageing. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/ageing#tab=tab_1. Acesso em: 17 set. 2024.
  2. NATIONAL INSTITUTE ON AGING. What do we know about healthy aging? Disponível em: https://www.nia.nih.gov/health/healthy-aging/what-do-we-know-about-healthy-aging.  Acesso em: 17 set. 2024.
  3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Vacinação e Longevidade. Disponível em: https://sbim.org.br/noticias/861-vacinacao-e-longevidade. Acesso em: 17 set. 2024.
  4. LIU, Z. et al. Immunosenescence: molecular mechanisms and diseases. Signal Transduction and Targeted Therapy, v. 8, n. 1, p. 1–16, 13 maio 2023.
  5. DOHERTY, T. M. et al. Vaccination programs for older adults in an era of demographic change. European Geriatric Medicine, v. 9, n. 3, p. 289–300, 19 mar. 2018.
  6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Herpes zoster afeta qualidade de vida dos idosos e pode matar. Disponível em: https://www.sbgg sp.com.br/herpes-zoster-afeta-qualidade-de-vida-dos-idosos-e-pode-matar/. Acesso em: 17  set. 2024.
  7. Aljabali, A. A., Obeid, M. A., El-Tanani, M., & Tambuwala, M. M. (2023). Respiratory syncytial virus: an overview. Future Virology, 18(9), 595-609
  8. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. RSV in Older Adults. Disponível em: https://www.cdc.gov/rsv/older-adults/. Acesso em: 17 set. 2024.
  9. PORTAL DO BUTANTAN. PNI 50 anos: Priorizar vacinação infantil reduziu mortalidade e aumentou em 30 anos a expectativa de vida no Brasil. Disponível em:  https://butantan.gov.br/noticias/pni-50-anos-priorizar-vacinacao-infantil-reduziu-mortalidade e-aumentou-em-30-anos-a-expectativa-de-vida-no-brasil. Acesso em: 17 set. 2024.
  10. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Fórum Imunização de Adultos Idosos  2019. Disponível em: https://sbim.org.br/images/books/forum-imunizacao-de-adultos-idosos 2019.pdf. Acesso em: 17 set. 2024.
  11. SOCIEDADE BRASILEIRA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Calendário de vacinação idoso 60+ 2024/25. Disponível em: https://sbgg.org.br/wp content/uploads/2024/04/calend-IDOSO-SBIm-02.pdf. Acesso em: 17 set. 2024.

Entrevistas concedidas por Maisa Kairalla (CRM-102136-SP) e Mônica Levi (CRM-66612- SP).

Isabelle Manzini

Graduada em jornalismo pela Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação. Atuou como jornalista na Band, RedeTV!, Portal Drauzio Varella e faz parte do time do Futuro da Saúde desde julho de 2023.

About the Author: Isabelle Manzini

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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