Anvisa atualiza regras de implantes hormonais, mantendo proibição dos ‘chips da beleza’
Anvisa atualiza regras de implantes hormonais, mantendo proibição dos ‘chips da beleza’
Seguem proibidos implantes hormonais para fins estéticos, ganho muscular ou melhora no desempenho esportivo.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revogou, na última sexta-feira, 22, a decisão de proibir a produção e comercialização de implantes hormonais de forma generalizada. A nova resolução, publicada no Diário Oficial da União, mantém a proibição de implantes hormonais para fins estéticos, de ganho muscular ou melhora no desempenho, enquanto permite implantes exclusivamente para tratamentos médicos.
A atualização surge após a agência determinar, em outubro, a proibição da manipulação, comercialização, prescrição e aplicação de qualquer implante hormonal manipulado, entre eles, os chamados ‘chips da beleza’. A medida foi publicada após a sessão do Senado, que debateu o uso dos chips da beleza. Desde a proibição dos implantes, o tema gerado controvérsia entre profissionais de saúde, pacientes, farmácias de manipulação e clínicas especializadas no procedimento. Após mais de seis horas de discussão, os especialistas não chegaram a um consenso sobre o assunto.
O senador Jorge Seif (PL-SC), autor do requerimento para o debate, defendeu que, embora a proibição tenha sido motivada por boas intenções, ela não foi devidamente analisada no contexto legislativo nem discutida em audiências públicas com especialistas, algo fundamental para a tomada de decisões. Para o parlamentar, a medida limita a liberdade médica de escolher o tratamento mais adequado para os pacientes. Uma próxima sessão no Senado será marcada com a presença de representantes a favor e contra o uso de implantes hormonais para retomar a discussão sobre o tema.
A proibição dos chips da beleza foi uma medida tomada após 34 sociedades médicas, entre elas a Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), denunciarem à Anvisa um aumento no número de pacientes com complicações decorrentes do uso de implantes que combinam diferentes hormônios.
Nota da Anvisa
Na terça-feira, 26, foram publicadas medidas complementares para reforçar o rigor na manipulação de implantes hormonais à base de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos. Essas medidas visam aumentar a segurança no uso desses produtos, que têm gerado preocupações devido aos riscos à saúde associados ao seu uso inadequado*.
Em nota, a Anvisa esclareceu que o programa de fiscalização de farmácias que manipulam produtos estéreis continuará em andamento, com o objetivo de verificar a conformidade com as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais destinadas ao uso humano. Com a nova atualização, o médico responsável pela prescrição deverá incluir na receita enviada à farmácia de manipulação o código CID correspondente à condição clínica a ser tratada com a formulação. A prescrição para finalidades proibidas pela Resolução 2333/2023 do Conselho Federal de Medicina (CFM), como estética, ganho de massa muscular e melhora de desempenho esportivo, está expressamente vedada.
Além disso, a prescrição do implante hormonal deve incluir um termo de responsabilidade, com riscos envolvidos no uso de implantes hormonais, assinado pelo médico, paciente e responsável pela farmácia de manipulação. Caso haja algum evento adverso no uso desses produtos, ele deverá ser reportado de forma obrigatória por profissionais de saúde e farmácias de manipulação, no site da Anvisa.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.