A Hapvida, uma das maiores operadoras de planos de saúde do país, irá investir R$ 2 bilhões na construção de hospitais, clínicas e ambulatórios nos próximos dois anos. São Paulo é a principal praça que receberá investimentos, com previsão de R$ 1 bi para a construção e ampliação de diversos serviços de saúde. A informação foi divulgada nesta terça-feira (3) à imprensa, em comunicação sobre o plano de expansão da rede. 

Na cidade de São Paulo e região metropolitana, está prevista a construção de dois novos hospitais, com cerca de 250 leitos cada, que serão focados em um atendimento premium, para beneficiários com tickets mais altos. Também serão reinaugurados dois hospitais focados em urgência e emergência.

O anúncio vem após a companhia concluir a integração de sistemas com a NotreDame Intermédica, com 400 unidades assistenciais e administrativas envolvidas. As operadoras, que iniciaram a fusão em 2021, criaram uma gigante no mercado da saúde suplementar, avaliada à época em R$ 110,5 bilhões. 

Em todo o país, 10 novos hospitais serão inaugurados pela Hapvida entre 2025 e 2026. Parte dos investimentos é capital da própria operadora, que irá colocar R$630 milhões. Já o restante será via outras origens, como fundos de investimentos imobiliários. A empresa irá locar os imóveis, como parte da estratégia de manter a companhia “leve”, do ponto de vista de aquisição de imobiliário.

A expectativa da operadora é que, com a economia do país estável e a expansão da rede credenciada nos próximos dois anos, haja um aumento no número de seus clientes. Atualmente, são mais de 16 milhões de beneficiários de saúde e odontologia. 

O aumento da judicialização dos planos de saúde não deve impactar diretamente os investimentos da Hapvida. No entanto, existe a previsão de que haja consequências no reajuste da mensalidade, com índice em torno de 1,5% acima que o habitual da operadora, para fazer frente ao cenário. 

A rede conta, hoje, com 85 hospitais próprios. Os investimentos em novos hospitais serão em quatro regiões do Brasil. Além da capital paulista, que contará com dois novos hospitais e duas reinaugurações, Amazonas, Pará, Mato Grosso do Sul, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro receberão novas unidades hospitalares. Ainda, há a previsão de ampliação, novas clínicas, que contam com tratamento para Transtorno do Espectro Autista (TEA), e pronto-atendimentos por todo o país.

Novos hospitais em São Paulo

Os dois novos hospitais em São Paulo terão como foco o atendimento a beneficiários de planos com ticket mais elevado. Para isso, a operadora planeja lançar novos produtos e ampliar o número de beneficiários nesse segmento. Com sinistralidade de 70,4% no 3º trimestre de 2024, a operadora verticalizada é uma das maiores do Brasil.

De acordo com Jorge Pinheiro, CEO da Hapvida, a expectativa é ampliar a utilização da rede da Hapvida. “Acreditamos que essa rede própria vai fazer com que elevemos os níveis de verticalização em São Paulo. Não nos mesmos níveis de Hapvida, mas algo no meio do caminho. Vamos ver como é que vai se comportar isso, mas temos segurança pela qualidade dos hospitais, pela localização escolhida pela realidade na demanda do nosso usuário”, afirma.

O Hospital Ibirapuera, localizado na avenida Brigadeiro Luís Antônio, terá R$405 milhões em investimentos. A unidade contará com 250 leitos e focará no atendimento materno-infantil, com obstetrícia e pediatria. Ele deve estar disponível em produtos premium do portfólio da operadora. “Focamos esse hospital em especialidades às vezes não muito privilegiadas por investimentos. Resolvemos focar nos cuidados da mãe e do bebê, vamos fazer obstetrícia de altíssima complexidade, ter todas as unidades de terapia intensiva para os bebês e, também, emergência 24 horas com todas as subespecialidades de pediatria”, explica Pinheiro.

Já o Hospital Antonio Prudente ficará na Vila Clementino, região que concentra um grande número de hospitais. Também com 250 leitos, será focado no público adulto, em altíssima complexidade, e terá um investimento de R$410 milhões. A oncologia será uma das áreas principais, com previsão de receber a terceira radioterapia da operadora em São Paulo.

Além deles, o Hospital Jardim Anália, na zona leste da capital paulista, e um hospital em Santo André, serão reinaugurados. Juntos, contarão com 146 leitos, em uma expansão com investimento de R$55 milhões. As unidades estarão mais focadas em urgência e emergência. Em Osasco, o Hospital Cruzeiro do Sul terá uma ampliação, com 60 novos leitos. Ele receberá R$31 milhões dos investimentos. Ainda, dois novos centros médicos serão inaugurados em São Paulo até o final do primeiro semestre de 2025.

“Essa é uma rede própria que possui características únicas, está presente em todas as principais regiões de São Paulo e do seu entorno, facilitando o tratamento do usuário. Não só isso, fazendo uma hierarquização da rede, ela permite que o usuário tenha a baixa complexidade perto de onde ele mora ou trabalha, e altíssima complexidade nos grandes centros onde conseguimos atrair os melhores profissionais”, observa o CEO da Hapvida.

Outros investimentos e cenário

Pinheiro explica que os hospitais de São Paulo terão um “o tom de hotelaria e serviços um pouco mais elevados que no restante do Brasil, onde temos uma gama menor de produtos. São três produtos basicamente em todo o restante do país, mas em São Paulo o mercado requer uma gama maior, são mais de 10 produtos no nosso portfólio”.

Os outros oito hospitais estarão disponíveis para toda a grade de produtos, de acordo com a Hapvida. Entre eles, o novo hospital de Recife, previsto para março de 2025, é destaque da companhia, sendo considerado o maior fora do eixo Rio-São Paulo. Ele contará com 300 leitos e também será dedicado à altíssima complexidade.

Ao todo, a Hapvida irá adicionar 1.811 novos leitos no próximo biênio com os 10 novos hospitais. A companhia tem otimismo sobre o crescimento do mercado de saúde suplementar. De acordo com Lucas Adib, Chief Financial Officer (CFO) da operadora, um dos motivos é a menor taxa de desemprego da série histórica do país, com 6,2% da população no trimestre até outubro, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Tem uma composição de desemprego muito baixa que favorece a nossa jornada de venda de planos corporativos. Também tem, por outro lado, o aumento gradativo da ocupação dos brasileiros, que fazem que eles tenham uma capacidade de ter um plano de saúde”, afirma Adib.

O aumento da judicialização dos planos de saúde não deve impactar diretamente os investimentos da Hapvida. No entanto, existe a previsão de que haja consequências no reajuste da mensalidade, com índice em torno de 1,5% acima que o habitual da operadora, para fazer frente ao cenário. Para amortizar esse impacto de custos, Pinheiro afirma que a operadora irá investir em práticas de prevenção, ampliando programas de diabetes, hipertensão e gravidez de risco e câncer e se diz otimista: “Com a implementação de sistemas, conseguimos uma série de novas ferramentas que vão nos ajudar na padronização de materiais, ter um ganho maior na negociação com a indústria, padronizar indicadores e procedimentos, reduzindo custos desnecessários”.