Ministério da Saúde lança guia de orientações sobre mudanças climáticas para profissionais da saúde
Ministério da Saúde lança guia de orientações sobre mudanças climáticas para profissionais da saúde
Documento traz protocolos de atuação e recomendações para lidar com as consequências do clima na saúde
Eventos climáticos extremos têm se tornado cada vez mais comuns com as mudanças climáticas e já são uma das principais ameaças à saúde para os próximos anos. Diante disso, o Ministério da Saúde lançou um Guia de Bolso com as principais orientações para profissionais da saúde lidarem com esses impactos. O documento reúne recomendações de tratamento e protocolos de atuação para os serviços de saúde, além de informações sobre doenças derivadas e amplificadas pela crise climática. O guia de orientações foi anunciado pela ministra Nísia Trindade em reunião realizada na quinta-feira, 26, com secretários de saúde de estados da Região Norte para discutir respostas às emergências climáticas.
O material é uma adaptação de diretrizes elaboradas pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para consolidar estratégias de saúde ambiental alinhadas às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Com mais de 130 páginas, o guia de bolso traz informativos sobre alterações nos tratamentos cardiovasculares, respiratórios, renais, oftalmológicos, cutâneos, gastrointestinais e neurológicos, além de trazer recomendações sobre o impacto dos efeitos climáticos na saúde mental e materno-infantil. O informativo também aborda as zoonoses e doenças de transmissão vetorial e orientações para os pacientes e comunidades.
O objetivo do documento, segundo a pasta, é ampliar a qualificação dos profissionais para o reconhecimento e a relação das condições de saúde com a exposição aos eventos climáticos.
Em nota, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Agnes Soares, explica que as ondas de calor, inundações e secas extremas tem trazido uma preocupação adicional tanto para quem organiza os serviços, como para os que prestam assistência às pessoas. “Seja numa Unidade Básica de Saúde ou na atenção especializada, é preciso realizar algumas mudanças para manter a qualidade do atendimento, como uma adequação da medicação, por exemplo. A vantagem desse instrumento é ter essas informações nas mãos”, detalha a diretora.
O Brasil já sofre com as consequências das mudanças do clima. Em maio deste ano a região Sul foi assolada por enchentes e atualmente o país passa por um longo período de seca que ocasionou crises hídricas, queimadas e incêndios florestais. Esses fatores podem levar ao aumento de doenças respiratórias, cardiovasculares e infecciosas, bem como à deterioração da saúde mental, à desnutrição, a ferimentos e à morte.
“O que queremos com este documento é proporcionar uma rápida e fácil adaptação a essa nova realidade. É notório que as mudanças climáticas afetam e vão continuar afetando não só a saúde das pessoas, como também a estrutura dos serviços. Ter a capacidade de ajudar os profissionais do SUS a responderem melhor a essa situação é uma das metas da nossa gestão”, afirma Soares, em nota.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, entre os anos de 2030 e 2050 a crise climática será responsável por aproximadamente 250 mil mortes adicionais por ano por desnutrição, malária, diarreia e estresse térmico. Também segundo a OMS, até 2030 os serviços de saúde arcarão com custos da ordem de US$ 2 a 4 bilhões por ano para responder a esses desafios.
Orientações para pacientes
Além de instruções para profissionais da área, o guia também traz recomendações para enfrentamento e redução da exposição às mudanças climáticas para a população. Especialmente para aquelas que estão mais expostas ou são particularmente sensíveis aos riscos climáticos.
A publicação traz uma série de dicas para minimizar os efeitos das ondas de calor e de frio, da seca e da poluição do ar. Além de orientações para o caso de fenômenos extremos como inundações e pede atenção para a previsão do tempo e alertas meteorológicos.
Dentre as sugestões para ajudar a reduzir os impactos do clima estão soluções para minimizar a emissão de gases de efeito estufa, como preferir utilizar o transporte público ou pegar carona, comer menos carne, reduzir o consumo de bens e serviços não essenciais e participar de hortas comunitárias ou familiares e de programas ambientais.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.