Qual a idade para o médico se aposentar?
Qual a idade para o médico se aposentar?
A resposta é: depende. O envelhecimento pode trazer limitações que se refletem na qualidade da assistência e segurança do paciente. Essa é a hora de parar ou desacelerar. No entanto, é fundamental que organizações de saúde encontrem caminhos para aproveitar a experiência desses profissionais, além de acolhê-los e apoiá-los na transição.
O ritmo de envelhecimento da população brasileira mostrado pelo último Censo permite uma constatação óbvia: teremos cada vez mais médicos no grupo de pessoas que a nossa lei classifica como idosas (a partir dos 65 anos). De acordo com dados da Demografia Médica 2023, do Conselho Federal de Medicina, o país tem 564,3 mil médicos até 80 anos. A média geral de idade é de 44,9 anos. Os que estão no intervalo dos 65 aos 80 anos são 82,5 mil, sendo que, dentre estes, 49,5 mil têm entre 70 e 80 anos. Há várias maneiras de refletir sobre o envelhecimento dos médicos.
Uma delas é reconhecer o valioso acúmulo de experiências e conhecimentos ao longo do tempo da prática médica. Além do que isso significa no atendimento de seus pacientes, é uma bagagem a ser explorada, por exemplo, na formação e mentoria dos mais jovens.
No entanto, assim como para as pessoas de forma geral, a idade pode trazer limitações físicas e cognitivas. O impacto dessas fragilidades na atividade médica varia. A perda de firmeza nas mãos, por exemplo, não terá reflexos para um médico que atende em consultório. Mas certamente afetará a habilidade do cirurgião na hora de manejar o bisturi.
Assim, a longevidade da carreira médica está associada a uma diversidade de condições passíveis de serem encontradas. Há desde médicos com 70 anos ou mais que estão em pleno voo, dispostos e reconhecidamente preparados para continuar entregando a melhor assistência aos seus pacientes, até aqueles na sexta década de vida que, numa autoavaliação, percebem limitações e sentem que é preciso rever o ritmo de trabalho.
Organizações precisam se preparar envelhecimento dos médicos
É justamente pela ausência de um caminho único a ser seguido que as organizações de saúde precisam estar preparadas para lidar com a questão do envelhecimento do seu corpo clínico. Mas nem mesmo em países como os Estados Unidos, onde costumam surgir regras e práticas que ganham o mundo, há um consenso a respeito. Algumas instituições do país adotaram avaliações periódicas dos médicos a partir de certa idade. Outras têm programas focados em intervir caso a caso.
No Einstein, adotamos um modelo que segue nessa segunda linha e permite construir soluções personalizadas junto com o médico. Quem toma a iniciativa? Como observa a Dra. Ana Paula Beck, titular da nossa Diretora Clínica, pode ser do próprio profissional. Outras vezes é do hospital, que chama o médico para conversar quando há alguma observação a ser tradada.
Foi criado um programa, chamado Physician Care, que inclui avaliação neurocognitiva (se o médico quiser) e apoio para planejar os próximos passos profissionais, levando em conta sua condição e suas preferências e, evidentemente, a segurança dos pacientes e a qualidade assistencial. Um cirurgião, por exemplo, poderá ser orientado a evitar procedimentos mais complexos ou a atuar junto com um assistente mais jovem na equipe. Um anestesista pode trocar a sala cirúrgica por procedimentos ambulatoriais para o controle da dor. A mentoria é outro caminho. Aquele que já atua na assistência e no ensino pode aliviar a carga da primeira atividade e se dedicar mais à segunda. Como define a Dra. Flávia Cerize Vallerini, gerente médica do Relacionamento com o Corpo Clínico, adaptabilidade frente a novos contextos é o conceito-chave da abordagem do Einstein.
É importante levar em conta que o sucesso de qualquer iniciativa direcionada a lidar com o envelhecimento dos médicos implica a construção de um ambiente seguro para os profissionais, que, nesse momento de mudanças em suas vidas e carreiras, precisam se sentir acolhidos e protegidos. Essa é uma condição indispensável para que eles possam compartilhar suas dificuldades e buscar apoio para encontrar a melhor solução para sua nova realidade. Uma que seja boa para ele e que, paralelamente, permita à instituição e aos outros médicos aproveitar algo que só o tempo traz: a experiência que esses colegas acumularam com a idade e os anos de profissão.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.
Muito bom. Tenho 71 anos e continuo atuante!!!
Esse serviço que o Einstein fornece ao Corpo Clinico é muito importante e valioso. Parabéns por mais essa brilhante iniciativa!
Tenho 82 anos , atuo na assistência e no ensino ; tenho minha clínica privada com atendimento diário e cursos
Muito importante esse projeto!
Sempre pensamos na nossa população como envelhecer bem e esquecemos de nós!
Parabéns pelo cuidado com os profissionais do corpo clínico!
É necessário que aproveitemos todas as fases da vida da melhor forma . Sempre haverá perdas e ganhos e a melhor estratégia é reconhecer e usufruir na melhor forma.A experiência médica é insubstituível pois não inclui apenas o conhecimento técnico mas também a interação médico paciente , a empatia o acolhimento a dor e ao sofrimento . Não adquirimos isso com a IA somente com a IH ( inteligência humana). Parabéns pela grandiosidade desta ação .