Engenharia biomédica é área promissora para o futuro da saúde
Engenharia biomédica é área promissora para o futuro da saúde
A engenharia é um dos campos de conhecimento que se
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A engenharia é um dos campos de conhecimento que se destacam na colaboração com a medicina. Os engenheiros são fundamentais para o bom funcionamento de um hospital, por exemplo, ao ajudar na escolha de equipamentos e garantir seu funcionamento e manutenção. Mas há um outro campo em ascensão que demanda interdisciplinaridade entre engenharia, medicina e tecnologia — a chamada engenharia biomédica.
Welbert Pereira, coordenador da Faculdade de Engenharia Biomédica do Einstein explica que o mercado precisa de pessoas que tenham expertise na área de exatas, que saibam lidar com dados, mas que também entendam a anatomia e a fisiologia humana: “Um engenheiro biomédico deve ser capaz de desenvolver e liderar projetos de inovações na saúde, compreendendo muito bem as ciências que esse trabalho envolve”.
Afinal, ressalta ele, não adianta criar um braço robótico altamente tecnológico, com terminações sensíveis, se, para esse aparato funcionar, ele precisa ser extremamente pesado e, assim, desconfortável para o paciente. “O desenvolvimento de ferramentas precisa estar alinhado com as necessidades das pessoas. Um engenheiro precisa entender a anatomia para desenvolver tecnologias respeitando as regras fisiológicas”, detalha Pereira.
Formação em engenharia biomédica
Hoje, contudo, há um gargalo de profissionais nessa área. Não é que não existam cursos de engenharia biomédica no país. Mas, como conta Alexandre Holthausen, diretor acadêmico de ensino do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, essa tem sido, de forma geral, uma graduação que forma profissionais executores, mais focados no funcionamento de equipamentos:
“Hoje, os profissionais que atuam em inovações nas áreas de robótica e outros devices dentro da saúde são engenheiros que fazem alguma especialização em saúde ou que já convivem com essa área há muito tempo. Mas essa solução não é mais suficiente, precisamos de pessoas que já cheguem ao mercado completas”.
O diretor analisa que o Brasil se equipara a países desenvolvidos na área da saúde quando considerada a qualidade do cuidado, a aplicação da evidência médica e, muitas vezes, a produção de pesquisas. O mesmo acontece com a prática dos diversos tipos de engenharia. Mas quando o assunto é engenharia biomédica, o país ainda está muito atrasado.
“Se olharmos para o desenvolvimento de fármacos, equipamentos, robôs e insumos clínicos, além do uso de dados, ainda há um longo caminho a percorrer. Há um gargalo muito grande em engenharia biomédica nos sentidos do mercado de trabalho, laboratórios, indústria, profissionais e na educação”.
Holthausen aponta que no Massachusetts Institute of Technology (MIT) 20% dos investimentos em projetos de tecnologia vão para a área da engenharia biomédica, um setor não apenas necessário, como promissor.
Currículo internacional
O novo curso de engenharia biomédica do Einstein foi criado justamente para atender a essa necessidade. A formação pode ser definida como um curso de exatas, com matérias associadas à engenharia eletrônica, mecatrônica, robótica e biotecnologia, envolvendo edição de DNA e terapias gênicas. Ela contempla também disciplinas como programação, inteligência artificial e big data, além, é claro, de aulas de anatomia, análise de imagens e outros componentes da faculdade de medicina.
Para criar o currículo da graduação, a equipe de ensino do Einstein se reuniu com instituições como Universidade da Califórnia, Technion (em Israel) e o próprio MIT. “Não se forma bons engenheiros apenas em sala de aula. Por isso, nos inspiramos em grandes currículos internacionais para chegar a um programa que estimula os alunos na prática, por meio de projetos semestrais. Vamos levar aos estudantes os desafios reais da saúde, para que possam desenvolver soluções apoiados por mentores”, conta Welbert Pereira.
Ele ressalta que essas grandes universidades e outras, como o Instituto de Tecnologia da Geórgia e a University College London, seguem um currículo também mão na massa, que está muito avançado nas áreas de mecatrônica e robótica, desenvolvendo próteses, exoesqueletos, robôs para cirurgia com alta sensibilidade, testes de autodiagnóstico, pele artificial para casos de queimadura e até rins biônicos para quem está na fila de transplante.
“Além, é claro, de alta demanda desse tipo de profissional em hospitais altamente tecnológicos, como o Einstein, esses alunos encontrarão oportunidades na indústria farmacêutica, empresas que desenvolvem equipamentos hospitalares e tecnológicos, startups e healthtechs. É um mercado bom, com robustos investimentos e ótimos salários, com pouca competição”, diz.
O curso tem duração de cinco anos em formato integral, totalizando 4.380 horas. A graduação foi submetida ao Ministério da Educação (MEC) em 2020, foi avaliada em 2021, recebeu nota máxima e a primeira turma, com 70 vagas abertas, terá início em 2023.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.