O que é economia da saúde e qual a sua importância para a gestão do SUS
O que é economia da saúde e qual a sua importância para a gestão do SUS
Você já ouviu falar em economia da saúde? Trata-se de
Você já ouviu falar em economia da saúde? Trata-se de um campo de estudos que visa promover o uso racional e eficiente dos recursos públicos, com base em uma cultura que utiliza as decisões em saúde de forma econômica.
A economia da saúde explora temas importantes como o papel dos serviços de saúde no sistema econômico, as formas de medir o impacto de investimentos em saúde e o estudo de indicadores e níveis de saúde correlacionados a variáveis econômicas. As análises de custo-efetividade, tão discutidas pela sua importância para a incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde suplementar, também fazem parte da área.
Assim, o objetivo desse ramo da economia é possibilitar condições para que os serviços de saúde sejam realizados de maneira eficaz e com qualidade de acesso dos cidadãos. No caso do SUS, isso ainda precisa se dar seguindo os princípios da universalidade, igualdade e integralidade da atenção à saúde, determinados pela Constituição Federal de 1988.
Importância da economia da saúde para o SUS

Nos últimos anos, questões como a pandemia, o envelhecimento da população e o aumento da judicialização da saúde contribuíram para o aumento dos custos do SUS. Entretanto, o financiamento da saúde pública no Brasil já era insuficiente muito antes disso, segundo especialistas. Os recursos públicos investidos em saúde no país representam cerca de 4% do PIB. Além de ser um percentual baixo quando comparado a outros países, o valor não consegue dar conta de todas as necessidades de um sistema que se propõe a ser universal e integral para uma população de mais de 200 mil habitantes.
Com base nesse contexto, a economia da saúde tem um papel muito importante nas tomadas de decisões em relação a toda e qualquer intervenção em programas de saúde, em prol de poder otimizar o uso de recursos públicos para o bem da população. O sistema não lida somente com dinheiro, mas também com pessoas e profissionais dos mais variados campos, além de hospitais e empresas de seguro de saúde.
Com todos os desafios que o SUS enfrenta, a economia da saúde procura estabelecer prioridades, bem como a adoção de incentivos para a eficiência e fortalecimento do próprio sistema de saúde e principalmente na oferta de mais formações na área. Esse ramo da economia pode ser usado para medir as realizações de diversos objetivos e estratégias, a fim de buscar ainda mais o fortalecimento da saúde.
Além disso, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde demanda uma tomada de decisão eficiente, que obtenha os melhores valores de recursos disponíveis. Dessa forma, a economia da saúde pode auxiliar na alocação de recursos, gestão de custos e criação de diversos benefícios ao sistema. Entretanto, trata-se de um longo caminho a ser percorrido.
Entendendo mais a fundo a economia da saúde
A aplicação de ferramentas econômicas a questões do setor de saúde deu origem ao conceito de economia da saúde. Ela se relaciona com algumas disciplinas e a profissionais de saúde como enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, cirurgiões, farmacêuticos e médicos, além de outros especialistas como administradores, contadores e estatísticos.
As condições de vida das pessoas e a forma como isso impacta na saúde virou foco de estudos há bastante tempo. Algumas pesquisas têm como objetivo relacionar razões socioeconômicas e indicadores de saúde, como a demonstração de renda familiar versus mortalidade infantil. Outras podem mostrar que uma determinada doença pode diminuir com a urbanização. Ou seja, tentando indicar que a melhora de serviços públicos e habitação pode reduzir as chances de contrair tal enfermidade. Ou ainda o impacto que uma determinada doença pode ter na qualidade de vida ou na capacidade de trabalho de um indivíduo, impactando indiretamente em todo o sistema. Dessa forma, ainda com outros exemplos, essas pesquisas tendem a demonstrar que o desenvolvimento econômico impacta muito no índice de saúde de uma população.

Outras aplicações da economia da saúde
A economia da saúde também está presente em comparações e análises econômicas de bens e serviços relacionados à área. A análise de custo-efetividade de um tratamento pode ser incluída aí. Além disso, fazem parte questões como a possibilidade econômica e financeira de novos equipamentos ou tecnologias médicas.
A relação entre economia e saúde pode ser encontrada no próprio debate dentro do setor. A saúde é um pré-requisito primordial para a economia? Ela vem antes ou depois? Ela é parte do desenvolvimento da economia, ou a economia é que faz parte do desenvolvimento dela?
Além disso, o estudo da demanda de serviços de saúde em relação à economia envolve diversos contextos, alguns deles bem específicos. Por exemplo: o preço que se paga pelos serviços de saúde, quem executa a demanda (consumidores, prestadores, governo), a repercussão dos investimentos realizados sobre essa demanda e a importância que a população dá à saúde.
Por outro lado, as propostas de serviços de saúde se inspiram bastante nos países de primeiro mundo, em especial no contexto de medicamentos e equipamentos médicos e hospitalares. Entretanto, muitas vezes também é preciso pensar na sua realidade econômica, que é diferente em cada país e grupo social.
Escopo da Economia da Saúde
Existe um escopo da economia da saúde, que é sintetizado pelo “diagrama canalizado” de Alan Williams. A disciplina é dividida em oito setores diferentes. São eles:
- O que influencia a saúde (além da assistência médica)
- O que é saúde e o que é valor
- A demanda por saúde
- A oferta por saúde
- Avaliação microeconômica a nível de tratamento
- Equilíbrio de mercado
- Avaliação a nível de sistema
- Mecanismo de planejamento, orçamento e monitoramento.
Tipos de avaliação econômica na saúde
Há ainda diferentes tipos de avaliação econômica que podem ser usados na área da saúde. Eles recebem seu nome da forma como os benefícios são medidos. Entenda os quatro principais.
- Análise de custo-minimização
Neste caso, se comparam as consequências de duas ou mais intervenções que são equivalentes. Assim, a análise concentra-se apenas nos custos, sendo escolhida a opção mais barata. - Análise de custo-efetividade
Faz comparações do uso de diferentes tecnologias em relação aos custos e aos efeitos que trazem ao estado de saúde. Dessa forma, as tecnologias são comparadas utilizando os custos financeiros e os seus efeitos. Ou seja, podem ser medidos em resultados como mortalidade, hospitalização, efeitos adversos, entre outros. - Análise de custo-benefício
Diferente da análise de custo-efetividade, o custo-benefício mede tanto os custos como os efeitos apenas de forma financeira e monetária. Esse tipo de análise facilita a comparação de vários estudos, já que todos são mensurados na mesma unidade de valor. Entretanto, é difícil valorar de forma monetária os desfechos em saúde. - Análise de custo-utilidade
Frequentemente, as intervenções impactam tanto na qualidade de vida quanto no tempo de sobrevida. Uma análise de custo-utilidade é usada para avaliar custos e benefícios das intervenções onde não há um único resultado de interesse e é útil comparar diferentes programas em diferentes áreas de tratamento.

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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.