Ebserh aposta em inovação com investimentos em simulação realística e pesquisa clínica
Ebserh aposta em inovação com investimentos em simulação realística e pesquisa clínica
Estatal já aportou R$ 3,5 milhões em centros de simulação realística e investiu R$ 10 milhões para pesquisa clínica apenas em 2023
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ligada ao Ministério da Educação, tem ganhado destaque na atual gestão Lula, principalmente por sua atuação junto ao Ministério da Saúde. Para 2024, a estatal planeja estruturar e incentivar a área de pesquisas clínicas. Para isso, em 2023 já há um investimento em andamento de 10 milhões de reais para estruturar os centros de pesquisa, uma das frentes da empresa para essa gestão, com o intuito de entrar em estudos junto a agências de fomento, Governo e setor privado. Além disso, a rede também está apostando em inovação, com a prática de simulação realística avançando nos hospitais universitários.
“Estamos em um processo de estruturação da nossa Diretoria de Pesquisa, Ensino e Inovação, que foi criada neste ano. A gestão acredita que nossos hospitais, que são de formação, precisam ter um investimento diferenciado nessas áreas de pesquisa e inovação. Estamos pleiteando um orçamento para que possamos fazer diversas atividades”, afirma a diretora de Ensino, Pesquisa e Inovação da Ebserh, Cristiane Carvalho Santos Melo.
A previsão é que o orçamento de pesquisa em 2024 gire em torno de 16 milhões, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O Ministério da Saúde também tem iniciado discussões com os centros de pesquisas para que eles tenham diálogos com outros centros da Ebserh. O objetivo é construir uma rede que possa tanto participar de estudos clínicos descentralizados, com diversos núcleos pelo país, quanto unir esforços que possam estar dispersos. “Assim, conseguimos dar um reforço diferente aos pacientes e ao SUS, porque somamos recursos”, conclui Melo.
Investimentos em simulação realística
Além do foco em pesquisas clínicas, avanços na formação também estão no foco. Uma das práticas que tem ganhado espaço nesse contexto é o de simulações realística, locais onde residentes e estudantes podem praticar, criando situações semelhantes ao dia a dia das instituições. O conceito começa a se expandir nas universidades públicas, tradicionalmente reconhecidas por terem alguns dos professores de medicina mais reconhecidos e amplo campo de atuação de estágio e residência, mas que sempre teve a tecnologia como um gargalo.
A Ebserh já investiu 3,5 milhões de reais em equipamentos para criar salas e centros de simulação realística justamente com o intuito de fomentar a formação de profissionais de saúde. Ao todo, os 41 hospitais universitários sob gestão da estatal já contam com esses espaços.
A iniciativa busca fortalecer a qualidade do atendimento do SUS, já que as unidades atuam na média e alta complexidade da saúde pública. Replicando situações clínicas e cirúrgicas, com a utilização de simuladores de pacientes, as áreas de simulação realística são consideradas essenciais para o desenvolvimento de habilidades técnicas, aproximar as equipes e ampliar o conhecimento prático.
“Nossos centros tem o objetivo de qualificar a assistência. Residentes, graduandos e até os próprios profissionais podem treinar nos nossos equipamentos antes de ir para os pacientes. Essa capacitação é parte essencial para desenvolver as habilidades, nos centros de alta fidelidade em relação à assistência cirúrgica e nos de menor fidelidade dão maior confiança e segurança”, afirma Melo.
A diretora aponta que agora, a rede de hospitais está focada em criar uma política para a área de simulação, assim como avaliando a infraestrutura e as próximas necessidades de investimentos, de acordo com o porte de cada hospital.
Sete inaugurações em 2023
Ao menos sete unidades áreas de simulação realísticas foram inauguradas em 2023, nos hospitais universitários das federais de Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Grandes Dourados, Triângulo Mineiro, Uberlândia e Paraná. A Região Nordeste é a que conta com o maior número de núcleos, já que também é a principal área de atuação da Ebserh.
Dentre as áreas de estudo e prática desses centros estão os atendimentos neonatais, de urgência cardíaca, cirurgias, partos e cirurgia videolaparoscópica. O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) ainda conta com o Robotix, um simulador para treinamento de cirurgia robótica em realidade virtual.
Para Melo, “a importância do centro de simulação também tem a ver com o entrosamento da equipe. Na hora de um desastre, que chegam diversas vítimas ao mesmo tempo, se você não tiver uma sincronização das ações, se você não tiver uma organização, o passo a passo do que fazer, fica muito mais difícil fazer esse controle”.
Apesar de avaliar que os hospitais da Ebserh já são atrativos aos estudantes, pelas universidades federais interligadas e as possibilidades de residência médica, a diretora aponta que a consolidação das unidades como um local que vai além do atendimento à saúde é importante para o desenvolvimento de toda a rede:
“Se você tem centros de simulação, pesquisa clínica e espaços para investir e estruturar tanto os estudos como a possibilidade de desenvolvimento de inovação, maior a possibilidade de chamar mais residentes, alunos e preceptores. O incentivo ao espaço de inovação é um outro processo, que ainda não temos e precisamos ter, para ter trocas de conhecimentos e produzir mais tecnologia para o desenvolvimento do SUS”.
Gestão e prontuário eletrônico
A aproximação entre Ebserh e Ministério da Saúde já rendeu outros frutos em 2023. O principal deles envolveu um projeto para disponibilizar o Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU), uma plataforma de gestão e prontuário eletrônico da estatal, para todos as unidades que atendem o SUS – iniciativa considerada um marco pelo potencial de unificar o sistema utilizado para coletar informações da média e alta complexidade.
Essa parceria também é vista como um passo importante para a integração de dados no âmbito da saúde pública, além de ser considerada ponto relevante para a transformação digital no SUS, sendo capaz de ser conectada a sistemas que utilizam inteligência artificial.
O Ministério da Saúde inclusive abriu um chamamento público em outubro para projetos de pesquisa que utilizem IA para melhorias da saúde pública. Com investimento previsto de 2,5 milhões em 5 projetos, onde cada um poderá receber até 500 mil reais, o edital se encerra no próximo dia 17 de novembro. Suporte a decisões clínicas e suporte para profissionais de saúde da linha de frente são alguns dos principais temas que as linhas de estudos podem trabalhar, diretamente ligados ao trabalho dos hospitais universitários.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.