A eficiência das consultas virtuais para abordagem de pacientes com câncer de próstata

A eficiência das consultas virtuais para abordagem de pacientes com câncer de próstata

Estudo apresentado no Congresso da Sociedade Americana de Oncologia analisou o papel da telemedicina

By Published On: 14/06/2023
Consultas virtuais - Artigo Fernando Maluf

O Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), realizado de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA), trouxe um interessante estudo que avalia o papel da telemedicina e a qualidade do atendimento nestas consultas virtuais para a evolução dos pacientes com diagnóstico inicial de câncer de próstata.

Um total de 161 homens foram incluídos nesta pesquisa, com idades que variavam de 47 a 84 anos. A avaliação mostrou que a utilização da telessaúde, realizada com um time multidisciplinar, para avaliação de pacientes recém diagnosticados, foi associada a uma alta taxa de satisfação, independentemente da faixa etária, já que havia uma preocupação com a população mais idosa.

A equipe era composta por um cirurgião, um radioterapeuta e um oncologista, que realizava uma conferência com os pacientes, com o apoio de uma enfermeira. Mesmo sem o exame físico, não houve impacto nas recomendações médicas e nem na aderência ao tratamento proposto.

Também não foram relatados casos de mudança na recomendação de tratamento após o acompanhamento em consulta presencial. O formato melhorou, ainda, o acesso à equipe multiprofissional e aumentou a adesão às diretrizes de imagem.

Os pesquisadores defendem que “o formato virtual para uma abordagem multidisciplinar do câncer de próstata é um meio logisticamente vantajoso e eficaz (…), levando a uma alta satisfação do paciente, independentemente da idade”.

O estudo foi realizado no período entre agosto de 2020 a fevereiro de 2023, contemplando a pandemia de covid-19, em que a telemedicina teve muita relevância, devido às restrições de locomoção e atendimento.

Mas os resultados são bastante importantes porque ampliam o acesso às consultas, especialmente para pacientes que moram a longas distâncias dos hospitais e clínicas.

Aqui no Brasil, a Lei 14.510, que autorizou e listou os princípios para a prática da telessaúde, foi sancionada no fim de 2022.

O texto garante “a autonomia do profissional de saúde” para decidir sobre a utilização ou não das consultas virtuais, com o devido “consentimento livre e informado do paciente” para uma “assistência segura e com qualidade”.

A própria lei defende a “promoção da universalização do acesso dos brasileiros às ações e aos serviços de saúde”. Com novas pesquisas sobre este tema e a utilização da tecnologia, podemos melhorar o atendimento ao paciente com câncer e cuidar mais e melhor nossa população.

Fernando Maluf

Diretor Associado do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é Livre Docente. Possui Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialização no Programa de Treinamento da Medical Oncology/Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em New York.

About the Author: Fernando Maluf

Diretor Associado do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é Livre Docente. Possui Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialização no Programa de Treinamento da Medical Oncology/Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em New York.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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    Luciana Holtz é psicóloga, especialista em psico-oncologia e bioética. Fundadora e presidente do Instituto Oncoguia, ONG voltada para educação, apoio e defesa dos direitos de pacientes com câncer. Ativista na área, já coordenou iniciativas globais de conscientização, integra comitês internacionais e foi reconhecida como empreendedora social da Ashoka. Seu trabalho busca ampliar o acesso à informação confiável e garantir que o câncer seja tratado como prioridade no Brasil.

Fernando Maluf

Diretor Associado do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo, membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein e fundador do Instituto Vencer o Câncer. É formado em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde hoje é Livre Docente. Possui Doutorado em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialização no Programa de Treinamento da Medical Oncology/Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em New York.