Consórcio de Inovação em Saúde nasce com ambição de agregar novos parceiros
Consórcio de Inovação em Saúde nasce com ambição de agregar novos parceiros
Complementariedade talvez tenha sido a palavra mais citada no encontro
Lançamento do Consórcio de Inovação em Saúde. Ao centro, da esquerda para a direita: José Marcelo de Oliveira, Marcos Lisboa, Eloísa Bonfá e Giovanni Cerri. Crédito: Diego Ubilla.
Complementariedade talvez tenha sido a palavra mais citada no encontro que formalizou a criação do Consórcio de Inovação em Saúde, realizado na terça-feira, 28, em São Paulo, SP. A iniciativa tem a participação do Insper, InovaHC – braço de inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) – e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e nasce com o objetivo de estimular o desenvolvimento de inovações que tragam mais eficiência para o sistema de saúde.
A ideia é unir os conhecimentos público, privado e de uma escola de engenharia e negócios no desenvolvimento e aplicação de tecnologias, análises econômicas e criação de novos modelos para não apenas inovar, mas entender os impactos econômicos e os potenciais para escalar os projetos.
No evento de assinatura simbólica do Consórcio, Giovanni Cerri, presidente do Núcleo de Inovação Tecnológica do HCFMUSP, apontou que, na visão ele, “saúde é o setor mais crítico do país, com muita desigualdade, dificuldade em acesso e orçamento muito apertado. Precisamos desenvolver soluções que sejam adequadas à realidade da população, que possam melhorar a qualidade e depender menos de produtos importados”.
A motivação do projeto, segundo Cerri, veio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O CEO da instituição, José Marcelo de Oliveira, contou que ele e membros da equipe do hospital foram visitar as atividades do InovaHC para buscar inspiração de novos modelos e da lá nasceu o embrião do Consórcio que, segundo ele, já recebeu contato de novos interessados em participar.
Para Oliveira, “a tecnologia aumenta acesso, melhora a qualidade, reduz custo e traz resultados em todos os lados. O que a gente espera agora é ter essa complementariedade e que as instituições participantes estejam abertas para acolher todos que quiserem participar”.
A participação do HC e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz também possibilitam testes relevantes ao considerar o tamanho de ambas em número de atendimentos e atuação do corpo clínico. Neste sentido, Eloisa Bonfá, diretora da Faculdade de Medicina da USP, afirmou que “no Brasil com certeza não existe nenhum lugar que tenha a capacidade de uma prova de conceito maior que o HC. Estamos falando de 2,4 mil leitos. São muitas pessoas que passam pelo hospital. Isso é uma vantagem muito grande desde que a gente a use. As pessoas que estão na linha de frente têm várias ideias, mas têm dificuldade em pensar que aquilo pode se tornar um negócio ou virar uma inovação”.
Quem também participou do evento foi Marcos Lisboa, presidente do Insper, que destacou a importância de ter uma instituição educacional em um projeto como este: “A área de educação no Brasil vive descolada do mundo e da fronteira do conhecimento. É muito frequente no país áreas de educação e pesquisa autocentradas, que falam para si mesmo e não se comunicam. É preciso dar espaço para inovação, sem muitas regras, com pessoas que precisam experimentar, interagir, trazer empresas instituições para dentro. Vão errar muito e acertar algumas vezes”.
Projeto de 5G será o primeiro do Consórcio de Inovação em Saúde
O consórcio terá cinco eixos de atuação: capacitação e pesquisa, conectividade – que contempla 5G, telessaúde e internet das coisas –, economia da saúde, inteligência de dados e bioengenharia. O primeiro projeto é a operação remota de equipamentos de ressonância e tomografia com uso da rede 5G.
“Com a chegada do 5G, muitas possibilidades na saúde começam a ser desbloqueadas”, avaliou Marco Bego, diretor inovação do InovaHC. Ele contou que já há um trabalho em andamento utilizando a rede 5G pública e outra privada, só para execução da saúde, e a ideia é utilizar ambas para operar sistemas à distância.
“A gente sabe que existem áreas no Brasil que há equipamentos de diagnóstico que funcionam só uma parte do dia, porque na outra parte não há equipe para operar”, complementou Bego, que também levantou outra possibilidade: ao invés de instalar um desses aparelhos de diagnóstico em uma localidade, com o 5G seria possível enviar, por exemplo, um tomógrafo com um chip que mandaria as informações remotamente.
Segundo ele, este projeto foi apenas o primeiro escolhido dentro de um leque de opções, mas que outros devem começar a sair do papel em paralelo. A expectativa é que o projeto do 5G seja concluído ainda em 2023.

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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.