Como ficam as festas de fim de ano com Ômicron e Influenza circulando?

Como ficam as festas de fim de ano com Ômicron e Influenza circulando?

Com a chegada do fim do ano, uma pergunta fica

By Published On: 24/12/2021

Com a chegada do fim do ano, uma pergunta fica extremamente atual e necessária: como devemos proceder durante as confraternizações? São celebrações de diferentes tipos, como festas da firma e formaturas, com pessoas que a gente não tem tanto controle, ou como os encontros com nossas famílias, com pessoas que a gente tem mais controle. E, claro, ninguém quer colocar familiares em risco, em especial aqueles mais vulneráveis.

Vínhamos em uma tendência bastante favorável agora no fim do ano, no sentido de uma redução muito expressiva no número de casos do Covid-19 em termos de hospitalização e óbito. Porém, muito recentemente, vimos uma recirculação do vírus SARS-CoV-2, mas principalmente do Influenza A, o H3N2, que também é um vírus de fácil transmissão, de quadro clínico respiratório e início súbito, em geral com uma febre mais elevada, dor e sensação muito ruim no corpo, congestão nasal, dor de cabeça.

Do ponto de vista clínico é muito difícil diferenciar o Influenza do Covid-19. O mais recomendado é fazer o teste. Para Influenza A, é possível fazer um teste cujo resultado é rápido e com sensibilidade boa. Se confirmado e a pessoa tiver acesso ao antiviral, o ideal é fazer o uso para abreviar tanto os sintomas como o tempo de transmissão. No caso da Covid, como sabemos, é preciso esperar cerca de 48 horas a 72 horas do início dos sintomas para fazer o teste, de preferência o PCR, e daí fazer os procedimentos que já conhecemos.

Diante desse novo cenário, temos que rever como faremos as comemorações de fim de ano que tanto queremos fazer com nossa família. O melhor cenário seria realmente as pessoas fazerem teste antes de se encontrar. Pode ser o antigênico, que se encontra nas farmácias e deve ser feito pelo menos 24 horas antes do encontro, ou o teste PCR, que pode ser feito pelo menos 72 horas antes do encontro.

Se qualquer membro da família tiver sintomas, o recomendado é que esta pessoa não vá à confraternização para não expor os demais, mesmo que o teste dê negativo – algum vírus respiratório esta pessoa deve ter. Sobre a festa em si, o ideal é que ela aconteça em ambiente aberto, bem ventilado, aproveitando o verão brasileiro. Na hora de montar as mesas, dê preferência para juntar as pessoas do mesmo convívio familiar, pois nessa hora de alimentação o risco é elevado porque é quando você tira sua máscara.

Além disso, durante o encontro, em especial se houver pessoas vulneráveis, usar máscara a maior parte do tempo. E, claro, dar total preferência para as pessoas que estão vacinadas. Isso faz muita diferença do ponto de vista de risco tanto individual, no sentido de ter quadro clínico mais grave, quanto do ponto de vista de transmissão de casos secundários, pois sabemos que as pessoas vacinadas transmitem menos e por menos tempo. Se você tiver pessoas vulneráveis e estiver inseguro ou com qualquer sintoma, o lógico e mais seguro seria cancelar a festa no sentido de preservar a saúde de todo mundo.

Estamos muito avançados do ponto de vista da pandemia, mas ainda falta evoluir, ainda mais com essa nova variante Ômicron, que tem a característica de se espalhar muito rápido. Por um lado, ela não é tão ruim no sentido de servir como uma espécie de reforço natural de uma vacina. O melhor cenário em termos de proteção seria a pessoa ter as duas doses – ou três, se for o caso de já ter tido a oportunidade de tomar a terceira – e ter a infecção natural.

A combinação das duas coisas faz com que você tenha uma boa proteção. A infecção natural sozinha dá uma proteção por um tempo muito mais limitado, enquanto a vacinação com duas ou três doses dá uma boa proteção, em especial para as formas graves da doença. Por essa razão eu vejo a Ômicron se disseminando rapidamente, mas servindo também como reforço natural para a nossa proteção vacinal.

Aproveito para desejar boas festas a todos, sempre com segurança, e imaginando que teremos um 2022 mais tranquilo!

Rosana Richtmann

Infectologista do Instituto Emílio Ribas, Chefe do Departamento de Infectologia do Grupo Santa Joana e Membro dos Comitês de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, de Calendários da Sociedade Brasileira de Imunização e do Comitê Permanente em Assessoramento de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. É graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos e possui Doutorado em Medicina pela Universidade de Freiburg, na Alemanha

About the Author: Rosana Richtmann

Infectologista do Instituto Emílio Ribas, Chefe do Departamento de Infectologia do Grupo Santa Joana e Membro dos Comitês de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, de Calendários da Sociedade Brasileira de Imunização e do Comitê Permanente em Assessoramento de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. É graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos e possui Doutorado em Medicina pela Universidade de Freiburg, na Alemanha

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

Rosana Richtmann

Infectologista do Instituto Emílio Ribas, Chefe do Departamento de Infectologia do Grupo Santa Joana e Membro dos Comitês de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia, de Calendários da Sociedade Brasileira de Imunização e do Comitê Permanente em Assessoramento de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. É graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos e possui Doutorado em Medicina pela Universidade de Freiburg, na Alemanha