CFM divulga levantamento sobre violência contra médicos no ambiente de trabalho no Brasil
CFM divulga levantamento sobre violência contra médicos no ambiente de trabalho no Brasil
Análise foi feita a partir da base na quantidade de boletins de ocorrência (BOs) entre 2013 e 2024
Um levantamento inédito divulgado na terça-feira, 22, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) mostra a crescente violência contra médicos em seus locais de trabalho no Brasil. Desde 2013, foram registrados 38 mil boletins de ocorrência (BOs) envolvendo os profissionais da saúde, resultando em uma média de nove casos diários. Os profissionais foram vítimas de ameaça, injúria, desacato, lesão corporal, difamação, entre outros. Os dados foram coletados tanto de ambiente público quanto privado dos mais variados estados do Brasil.
São Paulo se destaca como o estado com o maior número de registros, totalizando 26% do total (18 mil casos), seguido por Paraná e Minas Gerais, que também apresentam índices preocupantes. Ainda conforme o levantamento, 66% dos casos ocorrem no interior, com a maioria dos autores sendo pacientes, familiares ou desconhecidos. Também há registros de violência cometida por colegas de trabalho.
“Não é justo um profissional que sai de casa para poder promover saúde, dar qualidade à população, ser agredido no seu ambiente de trabalho das mais variadas formas”, disse Estevam Rivello Alves, 2º Secretário do CFM.
Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM)
A pesquisa analisou os boletins de ocorrência registrados nas delegacias de Polícia Civil dos estados e do Distrito Federal entre 2013 e 2023. O Rio Grande do Norte não enviou as informações solicitadas dentro do prazo, e o Acre informou que não possui os dados em seu sistema.
O Conselho ressaltou a dificuldade de estratificar essas informações de acordo com cada estado. Em São Paulo, por exemplo, 45% dos ataques ocorreram em hospitais, com outros locais afetados incluindo postos de saúde e clínicas. A média de idade dos médicos agredidos no estado é de 42 anos, e 45% dos casos de violência foram direcionados a médicas. Os estados com as mais altas taxas de violência por mil médicos foram Amapá, com 37,8 casos, seguido por Roraima, com 26,4. O Amazonas apresentou 23,7 casos por mil médicos.
Segundo o Conselho, os motivos das agressões não podem ser definidos com precisão, podendo variar desde a demora no atendimento até problemas na relação médico-paciente. Eles também alertaram que a violência não é direcionada apenas aos médicos, mas também a outras profissões regulamentadas na área da saúde. O CFM afirmou que esse levantamento será fundamental para que o conselho se reúna com entidades estaduais e municipais, além dos Conselhos Federal e Regional de Medicina, a fim de exigir condições de trabalho e infraestrutura adequadas.
“A partir de agora vamos iniciar as buscas por respostas. Por que esses médicos são agredidos? É demora no atendimento? Algum problema na relação médico-paciente? Por que isso ocorre? E, a partir daí, buscar soluções para esses problemas”, afirmou Jeancarlo Fernandes Cavalcante, 3º vice-presidente do CFM.
Em caso de ameaça, o médico deve registrar a ocorrência na delegacia mais próxima ou online e informar, por escrito, as diretorias clínica e técnica da unidade hospitalar sobre o que aconteceu, incluindo os dados dos envolvidos e testemunhas. Se não for uma situação de urgência ou emergência, ele também deve encaminhar o paciente a outro colega.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.