Novembro Azul: estratégias para a prevenção e tratamento do câncer de próstata
Novembro Azul: estratégias para a prevenção e tratamento do câncer de próstata
Oncologista Fernando Maluf destaca os avanços no tratamento do câncer de próstata
O câncer de próstata é uma preocupação crescente não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Um estudo recente publicado pela “The Lancet Commission” projetou que os casos de câncer de próstata devem dobrar até 2040 (de 1,4 milhão para 2,9 milhões por ano), com o número de mortes pela doença também crescendo cerca de 85% no período, passando de 375 mil para quase 700 mil.
Aqui no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima mais de 71 mil novos casos em 2024 e uma quantidade de óbitos também crescente – foram mais de 16 mil só em 2021.
Os números reforçam a importância de avanços em prevenção, detecção precoce e tratamento para melhorar as taxas de cura e a qualidade de vida dos pacientes. É importante ressaltar que o câncer de próstata apresenta uma porcentagem de curabilidade elevada quando descoberto em fases iniciais.
Tratamento do câncer de próstata localizado
Um dos avanços mais significativos no tratamento do câncer de próstata localizado é o melhor entendimento da doença, não apenas do ponto de vista clínico, mas também molecular. Essa evolução permitiu identificar um grupo de pacientes que, em vez de submeter-se a tratamentos invasivos, pode optar pela estratégia da vigilância ativa (active surveillance, na expressão em inglês).
Trata-se de um monitoramento do paciente, sem intervenções em princípio, com exames de sangue regulares para medir o nível de PSA, ressonâncias magnéticas, biópsias periódicas e exame físico. Essa abordagem é indicada para tumores pequenos, bem diferenciados e de crescimento lento, que permanecem confinados à glândula prostática. O acompanhamento constante permite uma rápida ação da equipe médica, caso haja alguma evolução da doença.
Para os cerca de 70% dos pacientes que necessitam de intervenção, as opções de tratamento também têm avançado de forma notável. A cirurgia robótica, por exemplo, tem revolucionado a experiência do paciente no pós-operatório. Em comparação com a cirurgia aberta, a robótica oferece recuperação mais rápida e, segundo estudos, eficácia equivalente ou até superior em termos de cura, continência urinária e preservação da função sexual. A precisão da cirurgia robótica minimiza os danos aos tecidos adjacentes, o que contribui para uma menor incidência de efeitos colaterais indesejados.
A radioterapia também passou por uma transformação significativa. Com técnicas modernas, os médicos conseguem aplicar doses maiores de radiação diretamente na próstata, enquanto preservam os tecidos circundantes, como a bexiga e o reto. Outro avanço é a redução do número de sessões necessárias, praticamente metade do que era feito anteriormente, tornando o tratamento mais acessível e menos desgastante para os pacientes.
Mesmo com todos esses avanços, as complicações mais temidas, como a incontinência urinária e a impotência sexual, continuam sendo preocupações legítimas. No entanto, os tratamentos contemporâneos têm conseguido minimizar esses riscos. Procedimentos mais precisos, aliados a técnicas de preservação nervosa, têm garantido que a maioria dos pacientes mantenha a continência e a função erétil após o tratamento.
Em um contexto em que a detecção precoce e as opções de tratamento são tão importantes, é fundamental que os homens mantenham consultas regulares com seus médicos e realizem os exames de rotina recomendados. O diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença, pois o câncer de próstata localizado, quando tratado adequadamente, tem altíssimas chances de cura.
O conhecimento, aliado ao acesso à tecnologia e às práticas médicas modernas, torna possível enfrentar essa doença com esperança renovada.
Recebar nossa Newsletter
NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.