AstraZeneca e h.ai se juntam para fornecer cabines médicas em comunidades de São Paulo
AstraZeneca e h.ai se juntam para fornecer cabines médicas em comunidades de São Paulo
Serviço focado no acesso à atenção primária à saúde oferece atendimento gratuito para a população de bairros das zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo
A dificuldade de acesso a serviços de saúde, marcada por longas esperas nas filas do SUS, é uma realidade persistente principalmente nas periferias. Nas zonas Leste e Sul da cidade de São Paulo, as populações dos bairros de Sapopemba e Parque Dorotéia já podem contar com uma alternativa para enfrentar essa situação. Com tecnologia de ponta, cabines de saúde instaladas pela healthtech brasileira h.ai e pela biofarmacêutica AstraZeneca nesses territórios permitem desde a realização de exames e consultas gratuitas por telemedicina até a continuidade do cuidado à saúde em Unidades Básicas de Saúde (UBS). O projeto é feito em parceria com a ONG Complexo do Bem.
As h.box, como são chamadas as cabines médicas da h.ai, apresentam recursos integrados que realizam consultas por videochamada e até 15 exames clínicos, como glicemia, aferição de pressão arterial, ECG-eletrocardiograma, exames de pele, ouvido, e outros. A assistência é feita com a presença de um profissional de saúde, que atende e realiza os exames no paciente, além de auxiliar nos demais processos. Após o atendimento ser concluído, os dados coletados são disponibilizados ao paciente, que pode seguir para outras instâncias de atendimento em saúde.
Essa tecnologia deve servir como apoio ao serviço público de saúde, ao realizar exames iniciais dos pacientes atendidos. A ideia é permitir que pessoas da comunidade sejam atendidas sem o enfrentamento de filas de espera.
“As cabines têm uma capacidade resolutiva bastante expressiva”, comenta Claudio Lottenberg, fundador da h.ai. Inclusive, essa capacidade de resolução fez com que a implantação de cabines de saúde da healthtech, focada anteriormente no Complexo do Bem, fosse expandida para os bairros Sapopemba e Parque Dorotéia — com apoio, agora, da AstraZeneca.
No Complexo do Bem, a h.ai instalou em 2023 cabines médicas para atender 11 comunidades, por meio de parceria com a ONG Complexo do Bem, no projeto “Saúde da Favela”. Em três meses de operação, a iniciativa realizou 551 atendimentos e verificou que mais de 30% da população atendida tinha pressão arterial elevada. Da população acima de 60 anos, 40% deles tinham algum tipo de doença crônica e 30% era hipertenso. Além disso, mais de 10% da população apresentava glicemia alterada e/ou diabetes. “O número de pessoas que identificamos com pressão alta já gera uma economia brutal para o sistema e muitas vezes são pessoas que não sabem que têm essa condição”, comenta Loraine Burgard, Founder & Business Strategy da h.ai. No Brasil, um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF) mostrou que, em 2019, as doenças crônicas não transmissíveis custaram cerca de R$ 1,68 bilhão em internações no SUS.
A tendência das cabines médicas
Cabines médicas são ferramentas já implementadas por diversas healthtechs focadas em promover acesso à saúde, como da Forward Health, já reportada pelo Futuro da Saúde. O problema de acesso que elas tentam solucionar é antigo, mas tende a se aprofundar nos próximos anos com o avanço do envelhecimento da população. Para o presidente da AstraZeneca Brasil, Olavo Corrêa, parceiro da h.ai nesta iniciativa, as cabines traduzem aquilo que será o futuro da medicina: tecnológico. “Doenças crônicas tendem a aumentar cada vez mais com o envelhecimento da população e as crises climáticas. Acredito que não é mais viável pensar no modelo tradicional de atendimento à população, que é presencial, nem no momento atual, ainda mais no futuro”, comenta.
E, para enfrentar esse cenário, a AstraZeneca e h.ai apostam na lógica da parceria entre empresas e, também, com o setor público. A visão é de que o modelo de cabines de saúde atue em conjunto com o SUS, otimizando o atendimento da atenção primária à saúde. “Com o tempo, vamos perceber que muito daquilo que acontece nas UBSs poderá ser expandido para a cabine de saúde. Isso não vai tirar o papel do médico, da relação interpessoal, mas vai otimizar isso dentro de um processo um pouco mais ordenado”, comenta Lottenberg.
Por enquanto, a iniciativa implantada nos bairros paulistanos da Zona Leste e Sul está em fase de avaliação. “O que precisamos no momento é entender o projeto e aprender melhor com seus dados e informações”, comenta Corrêa. Esse processo pode sedimentar a expansão futura da tecnologia em outras comunidades.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.