Biotecnologia avança e startups viram peça-chave para países participarem da cadeia global do segmento

Biotecnologia avança e startups viram peça-chave para países participarem da cadeia global do segmento

Biotecnologia é o conjunto de técnicas em que são manipulados

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By Published On: 09/11/2022

Biotecnologia é o conjunto de técnicas em que são manipulados organismos vivos – ou parte deles – para a produção de diferentes produtos. Parece algo distante, mas isso inclui testes genéticos, vacinas e antibióticos. Em outras palavras, ela está inserida no dia a dia das pessoas, da prevenção e diagnóstico de doenças aos tratamentos personalizados, de forma cada vez mais próxima e mais frequente.

E com o avanço tecnológico exponencial nas últimas décadas, a biotecnologia também evoluiu: se antes a ciência já combinava engenharia, biologia e medicina, agora está passando por uma revolução, conhecida como bioconvergência, que agrega à sua prática outras áreas, como a de big data e inteligência artificial.

Por ser uma ciência avançada, naturalmente envolve custos elevados. Por isso, diversos países estimulam o desenvolvimento dessa área pensando não apenas no ponto de vista da saúde, mas também econômico. Afinal, fazer parte da cadeia global de biotecnologia e ter uma base de produção local pode favorecer até mesmo a exportação de tecnologia e diminuir a dependência internacional.

Esse é um desafio para o Brasil. Para Camila Hernandes, gerente de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein, é urgente a necessidade de alavancar as tecnologias em solo nacional, para que o Brasil não seja tão dependente das soluções de fora. “Na pandemia, as fronteiras se fecharam e cada um cuidou de si. Sentimos na pele a dor de não ter as tecnologias ou insumos disponíveis e espero que tenhamos aprendido a lição”.

Pandemia expandiu a visão sobre biotecnologia

Para ela, a pandemia, inclusive, fez com que o conhecimento sobre essa ciência – antes muito difundida no setor agropecuário, por conta do rápido avanço da tecnologia no setor – chegasse a mais pessoas, trazendo à superfície a importância do setor:

“A pandemia mostrou a relevância da área, principalmente em doenças infecciosas. Mas a biotecnologia engloba muitas outras doenças, inclusive as doenças raras, que ganharam notoriedade. A biotecnologia possibilita a tecnologia de ponta para pesquisa e desenvolvimento e para os mais diferentes diagnósticos e cura”.

Um exemplo prático é quando se usa uma bactéria para produzir um composto de atividade anticancerígena ou, no caso, da terapia gênica, a manipulação do gene para o tratamento de determinada doença, conta a especialista. Essa prática tem impulsionado a chamada medicina de precisão, que inclui o perfil genético do paciente aos já convencionais diagnósticos e tratamentos para uma maior personalização do tratamento, podendo chegar a melhores resultados.

“A biotecnologia abriu um leque de esperança com a terapia gênica, encontrando caminhos de tratamento em casos para os quais parecia não ter solução. O próprio processo de diagnóstico e o acompanhamento da evolução do paciente foram impactados pela biotecnologia, que é uma especialidade multidisciplinar, com amplo espectro de atuação”.

E ainda há muito potencial a ser explorado, principalmente com a evolução tecnológica. A gerente de inovação do Einstein lembra que “agora, já é possível encontrar, por exemplo, softwares que fazem análise de biomarcadores e potenciais alvos terapêuticos, que resulta em economia de tempo e de custo”.

Brasil na cadeia global de biotecnologia

Camila Hernandes lembra que em meados de 2005, a profissão era a promessa dos próximos cinco anos. Nessa época, a terapia gênica, por exemplo, era um conceito futurista. O futuro veio relativamente rápido e trouxe soluções inimagináveis para a prática clínica. A impressão que fica é que está, ainda, só no começo.

“Os testes genéticos eram muito caros, parecia que beneficiaria só uma pequena parte da população. Hoje já estão bem mais acessíveis, embora ainda tenhamos desafios para que algumas das tecnologias que já são realidade possam endereçar um maior número de pessoas. Ainda há um oceano de evoluções para se trabalhar”, ressalta.

Foi pensando nesse contexto que o Einstein lançou o Programa de Inovação em Biotecnologia, com o objetivo de unir esforços públicos e privados para construir um cenário nacional que possibilite que as tecnologias sejam desenvolvidas no Brasil. “Com isso, as soluções serão mais acessíveis à população e o país poderá se tornar, inclusive, um exportador de tecnologia de ponta”.

O programa tem apoio da Eretz.bio, que atua como um potencializador e catalisador de oportunidades para startups e empreendedores do setor de biotecnologia com foco em saúde. Camila destaca que há muitos cientistas com vontade e potencial de produzir conhecimento local: “Muitos pesquisadores estão saindo do Brasil também por falta de oportunidades na área. Nossa intenção também é criar mecanismos de incentivo para que essas pessoas desenvolvam os seus trabalhos no país”.

A incubadora já está trabalhando com as sete empresas escolhidas para chegar a esse objetivo de alavancar o setor no país. São elas: BioBreyer, Celluris, ImunoTera, In Situ, Mirscience Therapeutics, Riogen e Wecare Skin. Todas contarão com suporte para desenvolvimento de seus produtos e visão de negócio, além de se beneficiarem da estrutura do novo Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, um dos mais avançados parques tecnológicos da América Latina, com laboratórios de alta tecnologia.

Ana Carolina Pereira

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ao longo de sua carreira, passou por veículos como TV Globo, Editora Globo, Exame, Veja, Veja Saúde e Superinteressante. Email: ana@futurodasaude.com.br.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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