Biotecnologia: programa de empreendedorismo do Einstein quer impulsionar o mercado brasileiro
Biotecnologia: programa de empreendedorismo do Einstein quer impulsionar o mercado brasileiro
Diversas ideias inovadoras são apresentadas diariamente ao setor de saúde,
Diversas ideias inovadoras são apresentadas diariamente ao setor de saúde, mas criar uma ponte de comunicação entre os cientistas e os empresários ainda é um desafio. Seja qual for a tecnologia, é comum que algo esteja desalinhado: às vezes pela falta de compreensão científica dos empresários ou uma ideia que é desenvolvida e tem pouca aplicabilidade no mercado.
Pensando nisso, a Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein inaugurou na semana passada o Programa Einstein de Inovação e Empreendedorismo em Biotecnologia, que tem como objetivo acelerar o desenvolvimento de novas biotecnologias, transformando pesquisa em produto final. “Falta alinhamento em relação a aquilo que se faz pesquisa e aquilo que o mercado precisa”, explica Rodrigo Demarch, médico e diretor de inovação do Hospital Israelita Albert Einstein. “Esse é um processo de maturação, que não se constrói do dia para a noite”, explica o médico.
O olhar de empreendedorismo do programa deve incentivar os cientistas a entender quais necessidades de uma determinada população, suas necessidades clínicas e então iniciar o processo de desenvolvimento e soluções para esse público.
Foco em biotecnologia
O novo programa nasce após meses de reflexões sobre segmentos da incubadora de startups Eretz.bio, que até então consistia em uma concentração 70% de startups de saúde digital, 15% para dispositivos médicos e 15% para biotecnologia. Mas, com o aumento da visibilidade de temas como a terapia celular e edição gênica, a diretoria de inovação do Einstein percebeu que seria necessário se subespecializar nas verticais da Eretz.
O programa de biotecnologia deve começar estimulando resoluções para a medicina diagnóstica, edição gênica e novas terapias. Para isso, a entidade irá trabalhar com investimentos da própria instituição e por parcerias com organizações governamentais, agências, capital privado de outras instituições do ramo ou até mesmo de outras indústrias.
As bases do programa
Pensando nestes pontos, a ideia do programa consiste em oferecer assistência para cientistas e startups através de quatro pilares. Começando com a pesquisa translacional, que é nada mais do que “uma forma de tirarmos o que está sendo feito na bancada e dar condições para que seja testado clinicamente”, explica Demarch.
O segundo passo é abordar o empreendedorismo. Nessa etapa, trata-se de compreender estabelecer a comunicação da ideia com o mercado, visto que será avaliada qual a aplicabilidade clínica da solução desenvolvida e se há como transformá-la em produto ou empresa.
Na terceira parte, a aceleração irá identificar quais suportes o produto ou empresa precisará para se desenvolver. Por fim, o processo será concluído com a etapa de incubação, onde o cientista ou startup contará com os recursos que forem necessários para a concretização de sua ideia, além de avançar nas parcerias com demais empresas.
Dessa forma, o programa deve permitir a validação e incorporação de novos produtos de biotecnologia ao mercado com mais facilidade, além de fomentar o mercado científico brasileiro.
Apoio aos participantes
A seleção de participantes deve seguir a linha do programa e dar prioridade a ideias que parecem aplicáveis no mercado. No que se refere ao público, startups e pesquisadores independentes de todo o Brasil podem ter acesso aos recursos do programa.
Os selecionados poderão contar com a estrutura física do Instituto de Ensino e Pesquisa Einstein para a realização de estudos e pesquisas clínicas. Em complemento, o programa deve oferecer apoio na área de marketing, contatos com investidores, suporte em assuntos regulatórios, suporte em editais de fomento nacionais e internacionais, ajuda de mentores do Einstein e outras instituições.
Essa série de esforços deve culminar também em “um espaço seguro para testar algo, errar, aprender com esse erro e testar de novo”, como define Demarch.
Ele reforça que, por se tratar de uma área onde se lida com vidas, “não se pode errar, mas isso faz parte do conceito de inovação. Por isso há a necessidade de ter ambientes seguros para testes. Precisa ser seguro para os pacientes, para as equipes assistenciais e para os desenvolvedores do produto”, conclui o médico.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.