Após 16 horas de prova, o japonês Hiromu Inada, de 85 anos, completou o campeonato mundial do Ironman nadando 3.8Kms, pedalando 180KM e finalizando com uma maratona (42km). E ele não está sozinho. O americano Richard Morgan segue há 20 anos uma rotina diária de treino de remo indoor, e se consagrou campeão mundial em sua faixa etária aos 93 anos, demonstrando um condicionamento físico impressionante para sua idade. Em uma medição recente, realizada em laboratório, foi atestado que ele possui uma condição de sistema cardiovascular comparável ao seu neto de 30 anos! São verdadeiros bilionários da saúde.

Não bastasse os feitos extraordinários realizados pelos dois, ambos também nos ensinam que nunca é tarde para estabelecer uma rotina de hábitos saudáveis. Richard começou a se exercitar com vigor a partir dos 73 anos, e o triatleta Hiromu iniciou a rotina de exercícios aos 60 anos após se aposentar.

Mas o que estes “jovens” têm em comum? Seria uma genética privilegiada? Ou um estilo de vida saudável durante décadas que permitiu a eles acumular um “patrimônio bilionário” de saúde que agora desfrutam? Segundo o livro OUTLIVE: a arte e a ciência de viver mais e melhor, escrito pelo médico de longevidade Dr. Petar Attia, a resposta estaria mais relacionada ao estilo de vida do que a genética.

A capacidade cardiovascular, por exemplo, muitas vezes medidas pelo indicador VO2max, decresce à medida que envelhecemos e, quando atinge o patamar de cerca de 15 ml/kg/min, faz com que até as tarefas mais simples demandem um grande esforço.

Por isso, pessoas que investiram em uma rotina de exercícios e vida saudável durante décadas, possuem uma maior propensão a ter uma vida mais dinâmica e disposta em idades mais avançadas. Por outro lado, aqueles que vivem uma vida sedentária e desregrada, quando chegam a uma idade avançada têm dificuldade para realizar tarefas cotidianas.

Se trata, portanto, de uma espécie de ‘poupança da saúde’, que permite uma expectativa de vida saudável aos indivíduos, evitando cerca de 10 anos sem saúde no fim da vida, segundo estatísticas europeias.

É importante destacar que o envelhecimento da população é inevitável e que o fato de grande parte da população chegar mal neste momento implica em uma demanda enorme e crescente por serviços e investimentos em saúde, impactando diretamente na riqueza de uma nação. No Brasil, precisamos encarar a realidade de que a maioria das pessoas vivem em condições desfavoráveis para alcançar um estilo de vida saudável, em especial a população mais vulnerável.

Portanto, aumentar a parcela de “ricos de saúde” tem um impacto não apenas para estes indivíduos e suas famílias, mas, de uma forma mais sistêmica, contribui significativamente para a sustentabilidade do setor de saúde e traz prosperidade para estas comunidades.

É fundamental que, ao discutirmos a cidade do futuro, possamos incluir ações estruturantes que criem um ambiente propicio a criação desta “poupança de saúde” e, em especial, garanta que esta possibilidade chegue a todos, para que a distribuição desta riqueza não se concentre nos códigos postais de sempre.

Para você, quais as ações deveriam ser priorizadas nesta jornada?