Bebidas açucaradas e câncer – uma combinação amarga para a saúde
Bebidas açucaradas e câncer – uma combinação amarga para a saúde
O Instituto Nacional de Câncer estima mais de 40 mil […]
O Instituto Nacional de Câncer estima mais de 40 mil novos casos de tumores de cólon e reto aqui no país, em 2021. Há algum tempo esta é uma das neoplasias malignas mais incidentes na população brasileira. E, de alguns anos para cá, mais adultos jovens têm recebido o diagnóstico da doença em diversos países, inclusive no Brasil. As colonoscopias, exame de rastreamento para avaliação de lesões pré-malignas, normalmente indicadas a partir dos 50 anos, já são antecipadas em cinco anos, em alguns casos.
O INCA elenca como fatores de risco para o câncer colorretal a “idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação não saudável”. Geralmente, quando destacamos a dieta, citamos o baixo consumo de frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras, e a ingestão de carnes processadas e de carne vermelha.
Agora, um estudo realizado por cientistas nos Estados Unidos acrescenta, de uma vez por todas, mais um ingrediente importante a essa lista: mostra que o consumo de bebidas açucaradas pode aumentar em até 40% o risco de câncer colorretal.
A pesquisa avaliou quase 100 mil enfermeiras, num período de quase 25 anos. Mostrou que o consumo regular das bebidas com adição de açúcar, na idade adulta e na adolescência, pode ser associado a um maior risco de as mulheres desenvolverem tumores de intestino mais precocemente, especialmente para quem bebe mais de 250 ml destes produtos por semana.
Nosso sistema de saúde gasta R$ 3 bilhões, por ano, na atenção a pessoas com doenças provocadas pelo consumo de bebidas açucaradas. Além da atenção à obesidade e sobrepeso, mais de 90% dos gastos vão para tratamento das doenças associadas, como diabetes tipo 2, doenças cardíacas, cerebrovasculares e câncer.
Há poucas semanas, a Organização Pan-Americana da Saúde divulgou um documento defendendo ações efetivas para evitar estes problemas, sugerindo que a alta de impostos pode reduzir significativamente o consumo de bebidas açucaradas. “Um aumento de 25% no preço desses produtos resultante de impostos mais altos provavelmente levaria a uma redução de 34% em seu consumo”, mostra o estudo.
Aqui no Brasil, diversas avaliações já procuraram mostrar os efeitos prejudiciais do excesso de consumo de refrigerantes, chás, energéticos e sucos de caixinha. O estudo internacional “O lado oculto das bebidas açucaradas: doenças, mortes e custos à saúde”, realizado em 2020, estimou que cerca de 10% dos casos de obesidade infantil em crianças brasileiras são devido ao consumo de bebidas açucaradas. Isso corresponde a quase 205 mil meninos e meninas.
O Instituto Vencer o Câncer lançou, em fevereiro de 2020, a campanha Alimentos Tarja Verde, para informar a adultos, responsáveis e educadores sobre como proporcionar uma dieta saudável para crianças, com o consumo de frutas, legumes, gorduras, carnes magras, com pouco acesso a alimentos artificiais. Criar bons hábitos na infância é algo fundamental para termos mais adultos saudáveis. Devemos ensinar as crianças como evitar dietas que inflamam o organismo, propulsoras de câncer e de diversas outras doenças crônicas. Além de informar e ensinar, precisamos criar regras mais robustas de alerta sobre alimentos que podem trazer riscos para o câncer, como já é feito com o cigarro, por exemplo, com advertências mais claras e fortes. E, por outro lado, promover uma facilitação de acesso à produção e comercialização de produtos saudáveis
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.