Aviofobia: como atenuar o medo de avião

Aviofobia: como atenuar o medo de avião

Em 2016, todo o país sofreu pelas perdas da equipe

By Published On: 27/08/2021

Em 2016, todo o país sofreu pelas perdas da equipe da Chapecoense e de jornalistas, o maior acidente aéreo da história envolvendo uma equipe de futebol.

Quando uma tragédia assim acontece, o medo de voar de avião vem à tona para muitas pessoas, de modo mais intenso. Eu gostaria de assegurar a quem se encaixa neste grupo de pessoas: você não está sozinho.

Milhões de pessoas sofrem do mesmo quadro, que vai da ansiedade ao medo extremo para voar. Este tipo de reação é uma fobia gerada por diferentes motivos e que se apresenta de várias maneiras, dependendo do indivíduo.

Muitas pessoas assumem que o seu medo de voar (aviofobia) tem relação ao medo de um acidente, outras ao medo de ficar presas por um certo tempo em um lugar fechado (claustrofobia).

Das que tem medo do acidente em si, a minoria relata o medo de morrer, mas sim fantasiam as sensações de terror que viveriam antes do acidente.

É comum que as pessoas que têm medo de voar simplesmente evitam fazê-lo. Algumas poucas ficam confortáveis com isto, outras sofrem com as consequências ao perder viagens de lazer ou trabalho, que as prejudicam durante a vida.

A maior parte dos indivíduos que assumem ter medo de voar, enfrentam o medo e conseguem com maior ou menor esforço andar de avião. Geralmente sofrem durante os voos e utilizam de artifícios para minimizar sua angústia. Conversam com o passageiro ao lado, tomam por conta própria tranquilizantes ou bebida alcóolica, mas geralmente o alívio é parcial.

Observo que o uso de tranquilizantes, quando for necessário, deverá ocorrer sob orientação e indicação médica. O uso de bebida alcóolica nunca deveria ocorrer em excesso ou usado junto a um tranquilizante prescrito. Não misture medicamentos, muito menos com álcool!

Medo de avião x informação

Mas existem outras formas de combater o medo e algumas destas de modo definitivo.

Terapias com psicólogos ou psiquiatras, para ajudar você enfrentar as fobias, são um passo imporante. Também é bastante eficaz entender os aspectos técnicos de um voo. Nesse contexto, vários cursos com profissionais da aviação estão disponíveis e podem ajudar a entender todo o processo, a partir de informação.

Sites na web também podem aumentar o seu conhecimento sobre o assunto. Gosto especialmente de dois deles, que indico: o Soar que é gratuito e dá dicas para um voo mais tranquilo e o “AM I GOING DOWN?” (Eu vou cair/meu voo vai cair?). Custa cerca de 3 dólares na loja Apple, que diz qual a chance de seu voo cair. Geralmente, a chance gira em torno de 1 para 3 a 4 milhões. Você precisaria pegar aquele voo diariamente por mais de mil anos, para ter a chance de ter um acidente!

Portanto, o medo de avião pode ser atenuado ou até resolvido com algumas medidas, desde as mais simples, como  informar-se sobre a companhia aérea, sobre conceitos de aviação em sites ou com especialistas tentar ter distrações a bordo ou até antes do embarque e, se for preciso, até as mais elaboradas, como buscar a ajuda de um profissional (psicólogo ou psiquiatra).

É preciso aprender com desastres como a que acometeu o avião da Chapecoense para que outras tragédias com os mesmos erros não ocorram nunca mais.

Renato Anghinah

Vice-Presidente da Associação Brasileira de Traumatismo Crânio Encefálico (ABTCE) e Diretor Científico do Departamento de TCE da Academia Brasileira de Neurologia. Possui títulos de especialista em Neurologia, Neurofisiologia Clínica e de Fellow of American Academy of Neurology, além de ter a certificação como orientador da American Certification Brain Injury Society. É também Professor Livre Docente em Neurologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Professor Pleno de Pós-Graduação em Neurologia da FMUSP.

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NATALIA CUMINALE

Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.

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