Um chamado à ação coletiva: conheça a Aliança pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero
Um chamado à ação coletiva: conheça a Aliança pela Eliminação do Câncer do Colo do Útero
Em seu novo artigo para Futuro da Saúde, o oncologista Fernando Maluf fala da criação da Aliança Nacional para erradicar o câncer do colo do útero
A Aliança Nacional para a Eliminação do Câncer do Colo do Útero, liderada pelo Instituto Vencer o Câncer e pelo Grupo Mulheres do Brasil, é uma iniciativa que pretende unir a sociedade civil em torno de uma meta: erradicar o terceiro tipo de tumor mais incidente entre as brasileiras. Segundo dados do INCA, o país registra mais de 17 mil novos casos de câncer do colo do útero por ano. Cerca de 6 mil mulheres perdem a vida anualmente por causa desta doença evitável e tratável.
Seu principal fator de risco, o vírus HPV, pode ser prevenido por meio de vacinação e diagnosticado precocemente com exames, mas ainda enfrentamos desafios como a falta de acesso a esses recursos e a disseminação de desinformação.
Assim, a Aliança propõe não só promover campanhas educativas, mas também atuar como uma voz influente para garantir que políticas públicas e investimentos necessários sejam implementados. Essa abordagem é fundamental, pois de nada adianta ter uma vacina disponível ou um teste no Sistema Único de Saúde (SUS), se eles não chegam de forma eficaz a quem mais precisa.
Devemos ter tolerância zero com os baixos índices de vacinação contra o HPV no Brasil. Precisamos estabelecer este conceito, para que toda criança e todo adolescente tenha a vacina no braço.
Iniciativas da Aliança Nacional
A comunicação será a chave das ações. Além de informar sobre a imunização, também temos um objetivo: que até o fim deste ano, todo brasileiro saiba o que é o HPV e entenda a sua ligação com alguns tipos de câncer (não só do colo do útero, mas também vulva, vagina, pênis, canal anal e orofaringe).
A Aliança também vai engajar agentes de saúde, escolas e comunidades, além de debater com o poder público políticas efetivas para o controle do câncer do colo do útero.
A recente incorporação do teste molecular para o HPV pelo SUS é um exemplo disso. Embora isso represente um avanço, a realidade é que a prevenção deste tipo de tumor não se dá apenas com a disponibilização de tecnologia. Exige um esforço coordenado entre os governos, a sociedade civil e profissionais de saúde para garantir que todas as mulheres, especialmente as mais vulneráveis, tenham acesso a exames e tratamentos preventivos. E é justamente aqui que a Aliança pode fazer a diferença.
No entanto, o governo não é o único responsável. A sociedade como um todo tem um papel decisivo, especialmente na disseminação de informações corretas. Campanhas de conscientização precisam alcançar todos os cantos do país, não apenas através dos canais tradicionais, mas também nas redes sociais, onde os mitos se propagam com facilidade.
A comunicação é um pilar essencial. Informar de maneira clara e acessível, e desmistificar a vacina contra o HPV, são passos importantes para mobilizar a população. Estratégias que dialoguem com diferentes públicos, em diferentes contextos, são indispensáveis para garantir que o conhecimento chegue a quem mais precisa e, principalmente, para que esse conhecimento seja transformado em ação.
O grande diferencial da Aliança é que ela vai além de uma iniciativa institucional. Trata-se de um movimento de toda a sociedade. O sucesso dessa empreitada depende da união de forças entre diferentes setores: profissionais de saúde, ONGs, universidades, empresas privadas e governos locais.
E este é o convite que eu faço a cada leitor desta coluna, que contribua com este movimento, seja compartilhando informações corretas, apoiando campanhas de vacinação ou incentivando o rastreamento regular. No site do Instituto Vencer o Câncer, é possível encontrar mais informações. Com o engajamento de todos poderemos, enfim, proteger as futuras gerações e erradicar o câncer do colo do útero em nosso país.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.