Além da Covid-19: queda na cobertura traz doenças de volta
Além da Covid-19: queda na cobertura traz doenças de volta
Com a pandemia por Covid-19, a importância das vacinas foi
Com a pandemia por Covid-19, a importância das vacinas foi muito disseminada, mas a cobertura vacinal para outras doenças apresentou queda. Com isso, algumas doenças enfraquecidas ou erradicadas voltam a levantar preocupação. Esse é o caso, por exemplo, do sarampo.
Em 2016, o Brasil comemorava a erradicação do sarampo no país. Entretanto, de 2019 a 2021, foram registrados por volta de 30 mil casos da doença. Mesmo assim, no ano passado apenas 50% do público alvo tomou as duas doses da vacina.
Nos primeiros dois meses de 2022, foi observado um aumento de 79% dos casos de sarampo no mundo. Em 2021, nesse mesmo período, foram 9.665 casos registrados. Agora, ao menos 17 mil casos já foram relatados.
“O sarampo é mais do que uma doença perigosa e potencialmente mortal. É também uma indicação precoce de que existem lacunas em nossa cobertura global de imunização, lacunas que as crianças vulneráveis não podem pagar”, afirmou Catherine Russell, Diretora Executiva do UNICEF, em comunicado de imprensa. “É encorajador que as pessoas em muitas comunidades estejam começando a se sentir protegidas o suficiente do Covid-19 para retornar à mais atividades sociais. Mas fazer isso em lugares onde as crianças não estão recebendo a vacinação de rotina cria a tempestade perfeita para a propagação de uma doença como o sarampo”, completou Catherine.
Em paralelo, outras vacinas também apresentam uma queda preocupante em sua cobertura vacinal. Segundo o relatório de Atualização epidemiológica Difteria, feito pela Organização Pan-Americana de Saúde, os anos de pandemia impulsionaram o declínio da aplicação da terceira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP3), direcionada principalmente para crianças menores de 1 ano.
O relatório de junho de 2021 alertava sobre a notificação de três países com casos de difteria. Sendo eles, 1 no Brasil, 13 na República Dominicana – que acarretaram em 10 mortes – e 12 no Haiti, com dois casos vindo a óbito. “A ocorrência de casos confirmados é considerada um risco para o restante dos países e territórios da Região das Américas”, reforça o relatório.
O impacto da pandemia
Ao longo da pandemia por Covid-19, serviços de imunização do mundo todo foram interrompidos. Além disso, mesmo após o retorno, especialistas relatam que as pessoas ainda apresentavam resistência em procurar os serviço de saúde, por medo da covid.
Dados apontam que em 2020, cerca de 23 milhões de crianças não foram imunizadas com as vacinas infantis básicas – o número foi o maior desde 2009.
Embutido nesse cenário, a vacina contra a gripe também viu queda em sua cobertura vacinal. Em 2021, a campanha iniciada em abril e encerrada em setembro alcançou apenas 72,1% do público-alvo — enquanto a meta era de 90%. Assim, com o fim do isolamento social ocasionado pela pandemia, os casos de gripe retornaram e trouxeram consigo outra versão do vírus Influenza A, o H3N2. A gripe por essa cepa levou ao menos 100 pessoas a óbito na Bahia, 48 no Mato Grosso do Sul e outras 8 no estado do Paraná.
Campanha
O Ministério da Saúde anunciou na última segunda-feira o início da segunda fase da Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo e a gripe (influenza). Atualmente, a campanha ampliou seu público-alvo para vacinar crianças de 6 meses até menores de 5 anos de idade. Durante o mês de abril, o foco foi a imunização dos idosos e de profissionais da saúde.
A expectativa é vacinar pelo menos 90% do público-alvo, que inclui também gestantes, puérperas, indígenas, professores, pessoas com comorbidades e outros. A aplicação dos imunizantes contra a gripe e o sarampo podem ser feitas no mesmo dia.
Dessa forma, cerca de 76,5 milhões de cidadãos devem ser vacinados até o final da campanha. Até o momento, alguns números se mostram como insuficientes. Na prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, apenas 35% dos idosos foram imunizados contra o sarampo.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.