Qual o impacto dos Agentes de IA na saúde para 2025?
Qual o impacto dos Agentes de IA na saúde para 2025?
Em seu novo artigo, Fabricio Campolina escreve sobre o que esperar dos agentes de inteligência artificial no setor da saúde no próximo ano
Os Agentes de IA (Inteligência Artificial) têm o potencial de dominar as conversas neste próximo ano. Representando uma evolução dos atuais sistemas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, esses agentes serão capazes de resolver tarefas complexas de forma autônoma, após receberem um objetivo. No entanto, ainda necessitam de supervisão, pois, além do risco de alucinação, eles podem agir sem considerar certos aspectos morais e éticos.
Afinal, o que são os Agentes de IA?
Enquanto os sistemas de IA generativa tradicionais produzem textos, imagens ou vídeos a partir de prompts de usuários (solicitações de uma tarefa específica), os agentes de IA recebem objetivos e, de maneira autônoma, tomam decisões e definem caminhos para alcançá-los.
Estes agentes podem estar na nuvem e operar livremente na internet, em drones e, em um futuro próximo, controlar robôs humanoides. Recentemente, um exemplo impressionante foi demonstrado quando um sistema de IA, utilizando um robô, criou uma pintura do cientista Alan Turing, que foi leiloada por mais de um milhão de dólares.
Uma grande preocupação é que, para alcançar seus objetivos, estes agentes venham a manipular pessoas, hackear sistemas ou atuar sem os freios éticos e essenciais à nossa sociedade.
E qual será o impacto na saúde?
Esta evolução deverá potencializar a escala e o impacto dos casos de uso que já estão sendo implementados em nosso setor.
Atualmente, a navegação de pacientes por meio de linhas de cuidado já tem sido feita digitalmente com o auxílio da IA. Estes sistemas seguem um protocolo definido pela equipe de profissionais de saúde e fazem um primeiro rastreamento e abordagem, escalando para o time de retaguarda quando necessário. Um exemplo? O acompanhamento pós-operatório de pacientes com câncer colorretal.
Um agente de IA com o objetivo de reduzir complicações clínicas e melhorar a satisfação dos pacientes por meio das linhas de cuidado poderá ir além:
(1) Atualizando continuamente os protocolos, com base nos dados coletados com pacientes e nas últimas evidências publicadas;
(2) Personalizando estes protocolos de acordo com estratificação feita em tempo real pelo agente;
(3) Criando conexões emocionais com os pacientes para aumentar o engajamento e a satisfação com o cuidado recebido.
Para garantir que esses avanços sejam benéficos, é essencial que haja supervisão humana contínua, e que limites éticos claros sejam definidos por especialistas.
E, nós, seres humanos, como ficamos?
Enquanto os Agentes de IA baseiam seu processo decisório em sua capacidade de identificar padrões, nós, seremos humanos, tomamos decisões por meio de inúmeros processos interconectados que incluem, além do reconhecimento de padrão, emoções, sentimentos, percepções sensoriais, memórias, imaginação e intuição.
A riqueza e a diversidade de nosso processo decisório são especialmente importantes para navegar em situações desconhecidas, assegurar que estamos agindo dentro dos padrões morais esperados e promovendo inovações disruptivas.
Outra perspectiva é o papel da inteligência emocional na qualidade de nossas decisões. Uma pessoa que se deixa dominar pelas emoções pode ser levada a tomar decisões ruins, enquanto alguém que consegue “dialogar” com estas emoções pode elevar significativamente a qualidade de suas escolhas.
Enfim, o que define nossa natureza humana, como a capacidade sentir emoções, formar sentimentos, desenvolver autoconsciência, pensamento abstrato e criatividade, deve nos manter indispensáveis na supervisão da atividade de agentes de IA nestes próximos anos.
A chegada das festas de fim de ano, um período de celebração, união e renovação de esperanças, é um momento de nos lembrar do valor das conexões humanas. Por mais avançados que sejam, os agentes de IA atualmente não podem replicar a empatia, o carinho e o calor das interações que tornam as festas tão significativas.
Que a tecnologia sirva como aliada para simplificar nossas vidas, mas que o protagonismo continue sendo do cuidado e da solidariedade que marcam essa época especial.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.