A vacina evita todas as mortes por covid?
A vacina evita todas as mortes por covid?
E o fulano que vacinou e pegou covid? E o
E o fulano que vacinou e pegou covid? E o outro que tomou as duas doses e infelizmente morreu? A vacina não funciona? Essas perguntas têm surgido por aqui – muito provavelmente depois de histórias compartilhadas no WhatsApp/ Twitter. Alguns textos sugerem que a imprensa está abafando os casos de morte pós-vacina, comentário digno de qualquer roteiro básico para emplacar uma fake news. É importante deixar claro que a história não é bem assim.
O primeiro ponto que precisa ficar claro é que, após a primeira dose, as pessoas podem ter uma falsa sensação de proteção e diminuir os cuidados. Ao baixar a guarda, tornam-se o alvo fácil para o vírus. O tempo entre a primeira e a segunda dose varia de acordo com cada vacina. No caso da Coronavac, o intervalo é de 14 a 28 dias. Além disso, é bom lembrar que a proteção imunológica contra a doença ocorre, em geral, cerca de 14 dias após a segunda dose — repetindo: depois da segunda dose.
O segundo ponto que é importante saber é que, mesmo que vocês tenham visto alguns anúncios de 100% de proteção, não é bem assim. Vou explicar: na apresentação dos dados da Coronavac , o grupo placebo tinha 7 registros de casos moderados ou graves enquanto o grupo vacinado não tinha nenhum. “Nesse tipo de situação os cálculos estatísticos não permitem dizer que a proteção seja 100%, porque os números são muito pequenos. Simplesmente não se detectou nenhum caso de morte no caso dos vacinados. Quando você passa a vacinar (com duas doses) mais de 4 milhões de pessoas, esses óbitos podem aparecer. Assim, embora seja uma triste constatação, não é tão inesperado assim”, me explicou o infectologista Celso Granato, do grupo Fleury.
O terceiro ponto é que não existe vacina 100% eficaz. “Especialmente quando você considera a população geral, quando vacina milhões de pessoas e atinge pessoas com uma grande gama de respostas imunológicas. A vacina contra sarampo, considerada uma das mais efetivas, tem proteção de 95%”, explicou Granato.
O último ponto, para não me prolongar aqui, é que tendemos a compartilhar e nos chocar com casos de exceção. É por isso que eles viralizam mais e ganham manchetes. Compartilhar que a vacina está indo bem não é tão interessante. Acabamos nos engajando com notícias ruins, que causam medo e pânico. É preciso lembrar que, mesmo após a vacina, as autoridades de saúde continuam deixando claro que os cuidados não devem ser abandonados. Etiqueta respiratória, uso de máscara e distanciamento devem continuar na rotina, mesmo dos vacinados. Não há dúvidas dos benefícios da vacina. São seguras, funcionam e protegem os mais vulneráveis de ter quadros graves. Não precisa ter medo de tomar. É melhor com a vacina do que sem ela.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.