5.0: saúde e sociedade conectadas transformarão a jornada de cuidado
5.0: saúde e sociedade conectadas transformarão a jornada de cuidado
Em um planeta com mais de 7 bilhões de pessoas,
Em um planeta com mais de 7 bilhões de pessoas, cerca de 59,5% possuem acesso à Internet, segundo levantamento da Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado. Deste total, 92,6% utilizam celulares e tablets no dia a dia, seja para enviar mensagens, se distrair nas redes sociais, fazer transações bancárias, comprar refeições ou ainda como mapa, para auxiliar no deslocamento. Tudo isso já está mais do que estabelecido na rotina de quem tem um desses dispositivos. Mas em que momento entra a conexão entre saúde e sociedade nessa história? Esse é o próximo passo da revolução da conectividade. Saúde 5.0 é um termo associado à tecnologia na palma da mão. Assim, trata-se de um conceito chave para um novo modelo de sociedade e, consequentemente, da jornada de cuidado.
Mas, para compreender a ideia do 5.0, Chao Lung Wen, chefe da Disciplina de Telemedicina da Universidade de São Paulo (USP), utiliza um exemplo corriqueiro: “Hoje, um motorista de carro considera natural pegar um smartphone e conectar com o GoogleMaps ou Waze, então se trata de um motorista 5.0. Mas eu sou de uma geração que usava mapa guia, por isso eu seria um 2.0”. A Saúde 5.0 prevê exatamente essa naturalidade, ao pensar em saúde e tecnologia de forma orgânica e corriqueira.
O impacto da Saúde 5.0
Com a evolução tecnológica e a disseminação do conhecimento, as pessoas terão uma compreensão cada vez maior sobre o próprio corpo. Isso porque estarão acompanhadas de recursos que possibilitem isso, como os wearables e prontuários eletrônicos. Questões como o envelhecimento, a promoção de saúde e a qualidade de vida tornam-se prioritárias. Ao lado delas, estão estratégias de prevenção e de modelos para a resolução de problemas. Esse novo foco, baseado em prevenção e estímulo ao bem-estar, forma uma linha de cuidado que pretende cuidar do paciente de uma forma integrada.
Nesse contexto, a tecnologia torna-se uma aliada pois consegue utilizar dados para monitorar a saúde das pessoas. Isso ocorre tanto com o objetivo de prevenção como de diagnóstico precoce de doenças, a partir do monitoramento de alterações fisiológicas. Ou seja, saúde e sociedade se conectam. Na era 5.0, a telemedicina, a medicina preditiva e os dispositivos vestíveis serão suporte para esse novo modelo de saúde.
A mudança de mentalidade na saúde está associada aos custos de saúde. Em seu artigo, realizado com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar, Chao L. Wen argumenta que tratar pacientes apenas quando já existe alguma doença tem aumentado o custo dos planos de saúde privados. Além disso, causa desperdícios financeiros no segmento como um todo.
Em 2017, os planos de saúde registraram um aumento de 22,6% no seu custo médio. Um dado do Núcleo de Estudos e Análises da ANAHP indica que as despesas da Saúde aumentaram de 8% do PIB em 2013 para mais de 9% em 2015. A análise ainda estima que esse número tenha chegado a 9,5% em 2016 e 9,7% em 2017. No novo modelo de saúde e sociedade, destaca-se a participação dos idosos e da população de 30 a 44 anos. Enquanto isso, há queda no número de usuários de até 29 anos nos planos de saúde.
Novas portas para a telemedicina
Neste novo modelo de e saúde, a telemedicina ganha ainda mais protagonismo. Ela será a chave para a resolução rápida de problemas e mais acesso aos pacientes quando houver alguma doença. A tendência é a criação de modelos que combinem tecnologia, atendimento domiciliar e equipes multidisciplinares. Eles podem trazer ao paciente mais conforto e eficiência, como visto na iniciativa da Dasa.
Além disso, a telemedicina também apresenta outros potenciais, pois estima-se que até 2025 haja ampliação do uso da Internet 5G. Segundo Wen, a partir desse acesso, devem surgir circuitos de teleatendimento, a possibilidade de se consultar com diversos especialistas sem precisar se deslocar para isso, e ‘casas conectadas’, uma maneira de levar o atendimento virtual para aqueles que não podem ter privacidade ou recursos para isso dentro de casa.
A saúde 5.0 é a integração de todos os cuidados biológicos, psicológicos e sociais. E o futuro não está tão distante. Assim, para os próximos três anos, esse modelo deve exigir do mundo e da tecnologia uma mudança cultural, como avalia o professor da USP. “A população aprenderá a utilizar essas ferramentas de forma correta, já o mundo tecnológico precisará criar ferramentas seguras e fidedignas e, finalmente, o profissional de saúde deverá passar por uma mudança de cultura para renovar sua forma de abordagem”, conclui Chao Lung Wen.
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NATALIA CUMINALE
Sou apaixonada por saúde e por todo o universo que cerca esse tema -- as histórias de pacientes, as descobertas científicas, os desafios para que o acesso à saúde seja possível e sustentável. Ao longo da minha carreira, me especializei em transformar a informação científica em algo acessível para todos. Busco tendências todos os dias -- em cursos internacionais, conversas com especialistas e na vida cotidiana. No Futuro da Saúde, trazemos essas análises e informações aqui no site, na newsletter, com uma curadoria semanal, no podcast, nas nossas redes sociais e com conteúdos no YouTube.